Lei da palmada’ quer evitar violência, mas qual a sua opinião?

A ‘lei da palmada’ mal foi aprovada e já virou polêmica. Afinal, os pais acostumados a punir os filhos com castigos físicos é que poderão levar um puxão de orelha da Justiça a partir de agora. Psicólogos, pais e mães têm opiniões divergentes.

 “Quando o pai está de cabeça quente, não sabe discernir a linha tênue entre palmada e agressão”

A nova lei que foi aprovada  pela Câmara dos Vereadores coloca a educação familiar como assunto de ordem pública. Quem for flagrado castigando fisicamente o filho, receberá acompanhamento psicológico, encaminhamento a programas socioeducativos de proteção à família e advertência judicial.

Antes não havia definição específica no texto do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Com a legislação, o castigo físico é definido como uma ação de natureza disciplinar que, com o uso da força física, resulte em sofrimento ao menor.

Os tipos de castigos também são especificados com a nova lei: serão consideradas as punições moderadas, como palmadas, empurrões, beliscões e puxões de cabelo.

A norma representa uma conquista na luta em defesa das crianças. “Eu acho que é uma evolução, porque nos direciona a caminhar para uma sociedade de não-violência. 

Pai ou a mãe deve impor limites, explicar o que é certo e o que é errado. 

Há sim como educar uma criança na base do diálogo. “Conversar é a melhor saída, mas se for necessário castigar de alguma forma mais efetiva, os pais podem privar o filho de uma coisa que ele gosta de fazer, como por exemplo, deixando ele algum tempo sem jogar videogame ou sem mesada. Assim faço aqui em casa. Mas não sou contra as palmadas.

E logicamente explicar o porquê da punição, porque senão não há aprendizado no processo. Dá mais trabalho, mas o resultado é a produção de um ser humano mais saudável, equilibrado e sem traumas”.

Mas nem todos concordam com a lei. Eu, como exemplo, não acho que uma palmada para corrigir não traumatiza ninguém. “Na minha opinião, a lei foi equivocada. Afinal a palmada é necessária de vez em quando para mostrar à criança que aquilo está errado.

Se for um tapa para corrigir, não há problema, desde que o pai ou a mãe dialogue e não bata só por bater. Também é bom ressaltar que palmada é diferente de espancamento. Violência já é outra história”.

Aprovar a lei só não basta. “Temos que trabalhar em ações educativas para os pais. Até porque a lei vai permanecer subjetiva. Ficará a cargo do juiz interpretar o que é uma palmada e o que é agressão”.Ou seja, na prática, a nova lei não deverá mudar muita coisa, porque a regra não impõe que os pais respondam civil ou penalmente pela atitude, a não ser nos casos de agressão corporal e maus-tratos, que já existem.

A lei tem que ser acompanhada de projetos socioeducativos. “Se não supervisionar, não vai vingar. Tem que haver um acompanhamento para a família, fazer um trabalho de educação de adultos e ações integradas. Não adianta fazer uma lei e achar que vai resolver o problema”.

Com a implementação da lei, alguns pais podem se questionar e reprovar equivocadamente a interferência do Estado na educação dos filhos. “As pessoas precisam entender que esta lei quer apenas orientar os pais. É algo totalmente positivo”.

Acha que a lei é um exagero. “Eu sou contra a Lei e sou a favor de uma palmada de vez em quando. Uma palmada, de leve, serve para alertar as crianças para que, no futuro, elas não repitam os erros. Eu tenho filhos com 16 e 8 anos e já dei umas palmadinhas. De vez em quando é bom, mas sem violência”.