sábado, 17 de março de 2012

Amor Autoritário

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Não é incomum encontrarmos pessoas autoritárias, elas podem estar em casa, no trabalho, na rua, podem fazer parte diariamente da nossa vida como podem ser rápidos encontros, mas estão ao nosso redor e é preciso saber driblá-las ou ao menos compreendê-las para tornar a convivência mais fácil.

No trabalho, a personalidade autoritária pode ser vista tanto na figura do chefe quanto em um colega de equipe. Não são fáceis de conviver, pois são pessoas com muita dificuldade em ouvir, aceitar ou serem contrariados. Quanto mais poder ele tiver, mais uso fará de sua característica, mas mesmo quando se trata apenas de um companheiro de equipe ele pode dificultar e muito o andamento agradável do dia, criando sempre um estado de tensão para aqueles que estão ao seu redor.

Na maioria das vezes, são pessoas que não percebem seu próprio funcionamento e muitas vezes possuem pouca clareza para perceber quando eles mesmos dificultam a situação. Quando um autoritário reconhece essa sua característica ele pode aprender a fazer um uso positivo e equilibrado. Um chefe autoritário, por exemplo, gera insegurança em seus subordinados, fazendo com que se sintam incompetentes, ainda que tenham feito o seu melhor. Já um colega autoritário dificulta o entrosamento da equipe, gera conflitos.

No amor também encontramos pessoas com essa personalidade, seja na relação familiar, como um pai ou uma mãe por exemplo, seja no casamento, como o marido ou a esposa. Como nos interessa mais falar sobre relacionamentos, vamos pensar um pouco sobre quando essa questão envolve um casal.

Com frequência vimos (seja por experiência própria, seja na história de um amigo) casais onde um da dupla sofre de grande autoritarismo. Geralmente são casais onde o que um quer, acha e fala precisa sempre sobressair ao que o companheiro desejaria, acharia ou falaria. O espaço da dupla parece ser pequeno para esse ser autoritário, como se apenas houvesse espaço para um e não para dois, apenas houvesse espaço para uma mente, um coração, uma personalidade, nunca para dois. Viver com alguém assim é difícil já que pessoas com esse traço possuem um enorme tendência a desconsiderar o que importa para outro, o que o outro necessita. Suas necessidades costumam vir em primeiro plano e poucas vezes é generoso.

Vejo casais que conseguem conviver apesar de todo esse cenário, mas apenas aquele onde o outro é de fato alguém sem muitas necessidades, mais passivo, com pouca personalidade, sem muita opinião, ao contrário, precisa de um outro que o preencha, dite seu rumo e faça escolhas por ele. Nesse caso a dupla caminha muito bem.

Felizmente poucas pessoas são assim, a grande maioria sabe o que quer, sabe se posicionar, tem personalidade. São entretanto, os que mais sofrem quando amam um companheiro autoritário, pois vivem mais conflitos e dificuldades ao se relacionar com este companheiro.

O autoritário não se percebe assim, não reconhece em si essa característica, acredita que seja natural que o mundo siga seus desejos e suas regras e briga com quem os aponta o contrário. As bases para um funcionamento assim são diversas, começam na infância, se sedimentam na adolescência e seguem adiante na vida adulta. São pessoas com um funcionamento quase infantil, onde não há espaço para um outro que seja diferente dele, o diferente é difícil de ser aceito, quase um invasor. Não agem por mal, não são pessoas más, não possuem a intenção de chatear, não são conscientes desse traço da personalidade, mas são difíceis de conviver ainda que tenham qualidades.

O curioso do autoritário é que no fundo dele repousa geralmente uma "criança" insegura e assustada com o mundo. Fazem o outro se sentir desqualificado, frágil ou impotente quando na realidade são eles mesmos que sentem tudo isso, são eles as crianças assustadas apesar de não terem consciência dessa condição. É um paradoxo, parece estranha essa contradição, mas é a realidade. Fazem o outro vivenciar o que eles mesmos sentem e assim se sentem mais seguros, com controle sobre o mundo, sobre as pessoas. As tornando frágeis eles podem se sentir firmes. São pessoas onde na verdade o "poder" não é uma conquista legítima, pois uma pessoa com real poder não precisa desvalorizar aqueles ao seu redor ao contrário as fortalece para que possam juntos construir ainda mais, para o aquele que tem confiança em si o outro não representa nenhuma ameaça. Os autoritários são pessoas para quem o poder surgiu de forma "reativa", é uma defesa contra sua própria insegurança, seu próprio medo de desmoronar e enfraquecer o outro o faz se sentir mais forte, mais seguro. Uma solidez geralmente com pouca sustentação e que costuma trazer prejuízos em muitos outros aspectos da vida.

Não existe uma regra para se conviver com alguém assim, é preciso mais maturidade e sabedoria, é preciso um certo desprendimento, jogo de cintura. Quando se trata de um colega de trabalho, talvez seja mais fácil agir com uma certa flexibilidade, mas sei o quanto é mais difícil quando se tem um relacionamento com alguém com essa característica, quando o que se tem em jogo é o amor, seu próprio sentimento e bem estar.

No geral, assim como existe o autoritário, existem também outras personalidades melhores ou piores dependendo da dupla que está formada. Todos terão defeitos e todos terão qualidades, certas características se dosadas com qualidades podem ser amenizadas e possíveis de se alcançar uma maravilhosa relação.

De toda forma compreender um pouco sobre as diferentes personalidades ajuda na hora da convivência, ajuda a refletir e a administrar melhor as diferenças em cena. Ajuda a fazer escolhas com mais clareza da situação que se vive. Escolhas saudáveis são fundamentais.

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