quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Fatores que contribuem para o sucesso do Relacionamento.

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Você está satisfeito com o seu relacionamento amoroso atual? Ele produz mais satisfações ou mais aborrecimentos? Você vê mais atrativos fora do seu relacionamento do que nele? Você investiu muito para construí-lo? Quais seriam os obstáculos psicológicos, sociais e materiais para deixá-lo? Cada uma destas perguntas diz respeito a um dos cinco fatores que diversos estudos apontaram como essenciais para o sucesso de um relacionamento amoroso.

Um relacionamento amoroso não é nutrido apenas pelo romantismo e pela atração sexual entre os parceiros, como as novelas, os romances e as letras das músicas românticas querem nos fazer crer. Existem diversos fatores que podem contribuir para que este tipo de relacionamento seja iniciado e progrida para maiores graus de envolvimento e compromisso. Três deles foram identificados : satisfação, alternativas e investimentos. As importâncias de dois outros, a escolha de um parceiro adequado e as barreiras contra a dissolução do relacionamento

Escolher bem o parceiro

“O amor é míope e o namoro é um bom par de óculos”

Algumas características pessoais, que são muito importantes para um relacionamento amoroso, são muito difíceis de mudar. Portanto, é melhor selecionar parceiros que as possuam do que tentar mudá-los depois. Uma analogia ajuda a entender este fator: nenhuma firma que necessite de um engenheiro contrataria alguém que tenha apenas o primeiro grau e investiria longamente na sua formação. Da mesma forma, nos relacionamentos amorosos, é melhor selecionar um parceiro que já tenha as características desejadas, e trabalhar apenas nos ajustes finos, do que apostar em alguém que inicialmente seja muito diferente do desejado. Também é desaconselhável aceitar alguém condicionalmente. Por exemplo, aceitar uma pessoa como parceiro amoroso contando que ela vai se tornar mais sociável, deixar um vício, ficar rica, cursar uma faculdade etc. Um parceiro que é aceito condicionalmente já inicia o relacionamento como devedor.

Satisfação

A satisfação é importante em todas as fases de um relacionamento: escolha do parceiro, início, progresso, estabilidade e término e na sua revitalização. Ela também é importante para diversos tipos de relacionamentos: amizade, relacionamento entre parentes, relacionamento entre pessoas que trabalham juntas e relacionamento amoroso.
O grau de satisfação de um relacionamento é determinado pela proporção entre custos e benefícios. Vários fatores podem ser fontes de custos e benefícios: características fixas ou dificilmente mutáveis das pessoas (inteligência, personalidade, sociabilidade, certas características físicas etc.); diversos tipos de relacionamento com o parceiro (desempenho sexual, qualidade e quantidade de comunicação etc.); compartilhamento de tarefas e responsabilidades (ajudar em tarefas caseiras e nas tarefas de manutenção da casa: fazer supermercado, efetuar pagamento de contas etc.); criação e manutenção de relações sociais (amizades, relacionamentos com parentes etc.), entre outros.
Para um relacionamento dar certo é necessário que cada parceiro proporcione para o outro cinco benefícios para cada custo. Embora esta proporção possa ser questionada, parece bastante óbvio que preferimos a companhia daqueles que nos proporcionam mais benefícios do que custos.
I,mporta mais para a satisfação a forma como o parceiro é percebido do que como ele é na realidade. Este fenômeno foi denominado de "ilusão positiva". Neste sentido, aqueles que viam o parceiro melhor do que os amigos o viam estavam mais satisfeitos com os seus relacionamentos. Esta ilusão pode ser bastante ampla, uma vez que nunca chegamos a conhecer bem a pessoa com quem convivemos. Um estudo revelou que as pessoas casadas há muito tempo só conheciam cerca de 50% das características do parceiro. Portanto, há muito espaço para distorções positivas e negativas na percepção das suas características.


Alternativas 

Existem melhores opções fora do relacionamento do que nele? Geralmente são considerados dois tipos de opções fora do relacionamento para responder a esta pergunta: (1) ficar só (muitas vezes é "melhor ficar só do que mal acompanhado") ou (2) trocar de parceiro (uma das maiores causas da separação no mundo).
Como não é possível enfraquecer as atrações que existem fora do relacionamento, o que dá para fazer é melhorar as atrações que existem dentro dele e as forças que dificultam sair dele. Ou seja, devemos cuidar dos outros quatro fatores que são apresentados neste artigo: selecionar um parceiro compatível, aumentar as satisfações no relacionamento atual, investir no relacionamento e selecionar parceiros que possuam barreiras contra a sua dissolução e desenvolvê-las.


Investimentos

“Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza...”

Para que um relacionamento dê certo é necessário investir, acreditar e apostar nele. É necessário "entrar com os dois pés na canoa". Agir desta forma é o oposto do imediatismo do "toma lá, dá cá". Isto, obviamente, não significa ser ingênuo e apostar em relacionamentos com baixas chances de sucesso.
Cada vez mais acreditamos menos no casamento e, por isso, tentamos nos proteger das conseqüências do seu fracasso. Esta falta de crença e excesso de proteção contribui para que ele não dê certo. Antigamente o casamento era concebido como uma união mais plena e duradoura. Por exemplo, o regime do compartilhamento de bens era a comunhão total e era considerado indissolúvel. Atualmente o casamento padrão acontece com a comunhão parcial de bens e ele é visto como relativamente descartável. Muitos casais estão optando pela separação total de bens através de um pacto antenupcial.
Existem várias formas de investir em um relacionamento. Psicologicamente isto acontece quando os cônjuges "deixam de ser eu e tu e se tornam um pouco nós". Outra forma é a aceitação incondicional do parceiro (o que não significa concordar com tudo o que ele faz). Outras formas de investimento: desenvolver projetos conjuntos (casa, carreira), amparar o outro nos maus momentos, defender o outro publicamente etc.


Barreiras

Existem dois tipos de barreiras contra a dissolução de um relacionamento amoroso: as internas e as externas. As barreiras internas são constituídas pelos valores, crenças e inibições psicológicas que se contrapõem aos términos dos relacionamentos amorosos. Por exemplo, uma pessoa que tenha sentimentos e valores que a impeça de tomar decisões que impliquem em sofrimentos para a sua família terá mais inibições para sair de um relacionamento amoroso e lutará mais para que ele dê certo do que alguém que tenha um grau menor destas características.
Existem duas maneiras de trabalhar com este tipo de barreira para aumentar as chances de que um relacionamento perdure: (1) selecionar parceiros que tenham este tipo de atitudes e valores e (2) fortalecê-las. Por exemplo, dialogar com o parceiro com o objetivo de aumentar a visibilidade das conseqüências negativas das separações.
As barreiras externas são constituídas por aqueles obstáculos impostos por outras pessoas e pelas estruturas sociais contra a dissolução do relacionamento amoroso. A opinião pública, as conseqüências legais e econômicas são alguns exemplos deste tipo de barreira.
Creio que o grande aumento nas percentagens de separações que estão ocorrendo se deve, principalmente, ao enfraquecimento de diversos tipos de barreiras externas: a lei facilitou as separações, a opinião pública está aceitando muito melhor os separados e recasados, as mulheres se integraram ao mercado de trabalho e não dependem mais dos maridos economicamente etc. A grande vantagem do enfraquecimento destas barreiras é que ninguém mais é obrigado a ficar em um relacionamento altamente insatisfatório. A desvantagem é que ficou muito mais fácil sair de relacionamentos, o que leva muita gente a descartá-los prematuramente e não investir nas suas melhorias.
As barreiras externas que ajudam a proteger o relacionamento estão relativamente fora do controle individual. O que dá para fazer é escolher grupos sociais que aprovem e implementem as barreiras desejadas.

Acredito que é possível ter um relacionamento amoroso vivo, criativo e prazeroso com o mesmo parceiro durante toda a vida. Vale a pena construir e viver um relacionamento assim. Não conheço nenhum outro setor da vida que pode nos afetar de forma tão profunda e tão ampla quanto este. Pense nisso.

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