terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

DISCUSSÃO SOBRE AIDS/TERCEIRA IDADE E RESPONSABILIDADE

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A psiquiatra Maria Tereza de Aquino, integrante da UNATI (Universidade da Terceira Idade) contou uma estória para mim que deixou meus cabelos em pé, tamanha a irresponsabilidade que verificamos em determinadas pessoas da chamada "idade madura".
A história é a seguinte:
Durante uma sessão de discussão em grupo, na faixa etária de 50 a 75 anos, ouviu-se o seguinte diálogo:
Dra: Quantos aqui fazem prevenção durante seus relacionamentos sexuais?
Participante 1 (homem, 60 anos, viúvo): Nem me incomodo com isto. Já passei da época destes cuidados.
Dra: Mas as doenças sexualmente transmissíveis não escolhem idade.
Participante 1: Mas, usar camisinha faz com que eu broche.
Dra: Científicamente, nunca ouvi falar nisto. Coisa de cuca, amigo.
Participante 2 (mulher, 55 anos, divorciada): A mulher depois da menopausa fica livre de ter estes problemas de engravidar, e depois não é preciso este cuidado com parceiros fixos.
Participante 3 (mulher, 54 anos, separada judicialmente):
É, agora que ficamos livres deste tormento de temer a gravidez, que estamos sendo mais mulheres, na plena expressão da palavra, ainda temos que ficar nos privando de um prazer mais livre?
Participante 1: Qual é? Já é problema a coisa ficar "quente pra valer" e ainda querem que a gente se preocupe com estas coisas? Eu transo sem camisinha. Além do mais, temos outras formas de fazer sexo bem gostoso sem penetração.
Dra: Sexo oral também transmite a Aids e a Hepatite B.
Participante 2: não vai querer dizer que até isso é proibido, não é?
Dra: proibido, não. Mas, convenhamos que tem lá seu risco.
Participante 4 (homem, 58 anos, separado): Essa é boa, Dra! Quer dizer que "tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda", como dizia Roberto Carlos?
Participante 2 : Já não tendo útero, o que acontece com muitas de nós, qual o risco? Não temos por "onde" pegar doenças.
Dra: Quem disse isto a você? Não tem nada a ver. Com útero ou sem útero, os vírus e bactérias causadoras destes males, vão para a corrente sanguínea!
Silêncio por alguns instantes.
A Dra. vira-se para os participantes números 5 e 6 (casal de senhores de 55 (ela) e 61 (ele) e pergunta):
Dra: Vocês estão bem calados. Podem falar sobre a opinião que lhes cabe. Afinal estamos numa democracia!
Participante 6 (ele): Estamos contaminados pela Aids. Sabe, doutora, eu andei tendo umas relações com umas mulheres fora do casamento. Coisas passageiras, minha mulher não sabia, mas me perdoou depois que lhe contei. Eu estava com o vírus incubado já havia 3 anos e não sabia, porque não tinha nenhum sintoma. E aí... Já viu, contaminei minha mulher também. Ela começou a sentir os primeiros sintomas em poucos meses e aí, fomos fazer exames a conselho médico. Foi aí que descobrimos. Fazer "o quê?"
Dra: Bem, e como você se comportou, ou melhor, como ficou frente a este fato?
Participante 6: Ora! A gente tem que morrer de alguma coisa, não é? Então, que seja desta tal de Aids!
Participante 5 (ela): E além da Aids ainda peguei mais duas infecções por ficar com as defesas baixas. Só não entendo por que não tem cura para estas coisas!
Dra: Infelizmente, até agora só há paliativos que prolongam a vida do paciente. Só a prevenção, e a não-promiscuidade podem ser úteis realmente.
Neste momento foi suspensa a discussão, já que nesse dia, não havia mais clima para tal.
Fui informada também pela doutora, das pesquisas e estatísticas alarmantes sobre o problema:
Por incrível que pareça, entre os jovens, homossexuais e prostitutas, os números decresceram em nível bastante promissor (será maturidade?). E que, entre os casais legítimos, mulheres após a menopausa e homens acima dos 50 anos de mentalidade pouco amadurecida e estado emocional pouco estável, o número de casos está crescendo assustadoramente.
Até nos asilos a coisa está de assustar. Parece que o "não tenho mais nada a perder" ou o "já estou caminhando para o fim mesmo" toma conta do bom-senso e do respeito pela vida e integridade do parceiro (será imaturidade?).
Fica a seu critério o julgamento. Respeito humano, consideração pelo próximo (seja que espécie de próximo), valem também em questões de prazer e de relacionamentos, sejam eles passageiros ou de continuidade. Discernimento nunca é demais.
Maria Tereza de Aquino
Psiquiatra, da UNATI

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