segunda-feira, 28 de maio de 2012

Se há algo em seu parceiro que incomoda, diga logo.

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Queixas silenciadas dão margem a fantasias, em geral mais “cabeludas” do que a realidade. O “não dito” engorda, cria pelos, vira fantasma e assombra. Por isso, é sempre melhor que nos  responsabilizemos pela situação e, com elegância, digamos o que precisamos dizer.
Relato uma situação que conheci. A mulher não gostava de transar quando o parceiro estava com a barba por fazer, mas nunca falou com ele a respeito. “Não quero magoá-lo”, argumentava. Mas, quando o marido a procurava nessas condições, ela se esquivava, mudava de assunto, preenchia o espaço como podia.
Em outros momentos, o desencorajava — “Ai, para!” —, ou dava desculpas esfarrapadas, no velho estilo “Estou com dor de cabeça”. O marido sabia que ela gostava de transar e não entendia o que estava acontecendo — como poderia? Na falta de informação clara, ele fantasiava: “Ela não me ama mais; Será que está me trocando por outro?; Será que eu a machuco com a penetração?; Ela é frígida e não consegue mais disfarçar...”. E por aí a coisa ia.
Ressentido, ele insistia em procurar pela parceira, até para testar suas fantasias — “Quem sabe ela precisa de preliminares mais longas?!!! —, mas não raro chegava a conclusões igualmente fantasiosas — “Era isso!”, chegava a pensar, quando, na verdade, havia sido bem recebido por estar com a barba feita. Numa próxima oportunidade, reprisava a abordagem, sentindo-se mais seguro, para novamente ser contrariado: “Hoje, não. Estou preocupada com o Júnior!”. 
A equação não fechava. Em pouco tempo instalou-se o mau humor, fruto do estranhamento e da tristeza experimentados pelo homem. Ele indagava sobre o que se passava e pedia clareza, mas as respostas eram evasivas. Sentindo-se desagradada com a atmosfera pessoal do marido, a mulher se queixava: “Você anda intolerável!”. Pronto. A vida em comum tornou-se um inferno.
Você deve estar se perguntando: por que a mulher não deu sinais de esquiva ao sexo nos primeiros anos do relacionamento? Ela achava tudo ótimo e depois começou a ficar crítica? Não. Ela “se sacrificava” por ele. Suportava a insuportável barba “por amor”. Depois, quando viu que já o havia conquistado e se sentia mais segura na relação, parou de engolir esse sapo específico. Mas não teve a delicadeza de avisar. Resumo da ópera: para “não magoar” o marido, a mulher o levou à loucura e transformou a vida do casal num pote “até aqui” de desagrados, ressentimentos, frustrações. Para ambos.
Em situações como essa, seja o silencioso o homem, seja a mulher, é fundamental que pergunte a si mesmo: “O que a meu respeito eu não quero que apareça aos olhos do outro? Do que eu me poupo ao silenciar? Qual é meu propósito mais oculto? O que está acontecendo no relacionamento, mais amplamente, que me impede de ser claro ou clara? Será que eu omito minha crítica por medo de ser também criticado? Neste caso, o que, em mim, me parece tão criticável? Qual é o desejo mais profundo contido em meu silêncio e o que me impede de deixá-lo transparecer? Quais expectativas não explicitadas eu tenho em relação ao outro? Que verdade eu não quero que se evidencie, afinal? Por quê?”
Se essas questões não forem abordadas com coragem e discernimento, a pessoa corre o risco de continuar contando mentirinhas para si mesma e para o outro, e arriscando-se, assim, a perder seu amor e a relação que ele sustenta.

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