sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Posso lhe fazer uma pergunta?

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Consideremos o seguinte diálogo:
FULANO: — Posso-lhe fazer uma pergunta?

BELTRANO: — Claro, contanto que eu não tenha que responder...
Com efeito, porque diabos uma pessoa, em vez de dizer “Gostaria de lhe fazer uma pergunta” – merecendo ouvir de volta um educadíssimo “Por favor” – haveria de dizer “Posso-lhe fazer uma pergunta?” – podendo receber a aparentemente mal-educada resposta acima?

Na verdade, quando ouço esse segundo tipo de formulação, o que penso é “Lá vem bomba! Esse sujeito não consegue carregar sozinho o nariz que pretende meter onde nâo é chamado e está querendo minha cumplicidade para carregá-lo. É ruim de conseguir!”

Excesso de ranzinzice? De paranóia? Talvez. De qualquer forma, paranóicos e ranzinzas como eu podem fazer uso da fórmula. É ótima defesa contra esses sujeitos que, além de pretenderem se meter em nossas vidas, querem nosso prévio aval.

A fórmula de outras aplicações. Vejamos:

FULANO: — Posso-lhe pedir uma coisa?

BELTRANO: — À vontade, contanto que eu não tenha que fazer...

A propósito de pessoas que pretendem nossa cumplicidade com a mordida que nos pretendem dar, vale abordar o capítulo “mendigos”. As ruas do Rio de Janeiro estão apinhadas deles, mas há-os de dois tipos: os mendigos normais e os MENDIGOS CHATOS.

Os primeiros chegam e pedem diretamente – “Dr. dá pra me arranjar um real?” – e eu, conforme meu humor e meus trocados, dou ou não dou. Já os segundos não pedem diretamente dinheiro, pedem “atenção”, para, depois de nos encher a paciência, nos pedir dinheiro. A esses dou atenção pouca e dinheiro nenhum:

MENDIGO (VARIAÇÃO CHATA): — Doutor, o senhor poderia me dar um minuto de sua atenção?

EU: — Se não se trata de dinheiro, posso-lhe dar minha atenção; se se trata de dinheiro, é melhor não perdermos tempo, a resposta é não.

MENDIGO (VARIAÇÃO CHATA): — Mas, doutor...

EU: — É dinheiro?

MENDIGO (VARIAÇÃO CHATA): — Doutor...

EU: — É dinheiro?

Depois da terceira, normalmente vão embora, SEM DIZER QUE ERA DINHEIRO!

Que diabos, vivemos em uma terra em que nem mendigo se assume!


De:  Luís César Ebraico

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