sábado, 19 de novembro de 2011

A AIDS na Adolescência

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"A adolescência é um período da vida caracterizado por intenso crescimento e desenvolvimento, que se manifesta por transformações físicas, psicológicas e sociais. Ela representa um período de crise, na qual o adolescente tenta se integrar a uma sociedade que também está passando por intensas modificações e que exige muito dele. Dessa forma, o jovem se vê frente a um enorme leque de possibilidades e opções e, por sua vez, quer explorar e experimentar tudo a sua volta. Algumas dessas transformações e dificuldades que a juventude enfrenta, principalmente relacionado à sexualidade, bem como ao abuso de drogas ilícitas, aumentam as chances dos adolescentes de adquirirem a infecção por HIV, fazendo-se necessário a realização de programas de prevenção e controle da AIDS na adolescência".
Estudos de vários países tem demonstrado a crescente ocorrência de AIDS entre os adolescentes, sendo que, atualmente as taxas de novas infecções são maiores entre a população jovem. Quase metade dos novos casos de AIDS ocorre entre os jovens com idade entre 15 e 24 anos. Considerando que a maioria dos doentes está na faixa dos 20 anos, conclui-se que a grande parte das infecções aconteceu no período da adolescência, uma vez que a doença pode ficar por longo tempo assintomática.

Hoje, as mulheres representam quase metade dos jovens infectados. Entre os pacientes menores de 13 anos com AIDS, a transmissão ocorre em sua maioria através da mãe, no período gestacional. Entre as mulheres maiores de 13 anos predomina a transmissão sexual (metade dos casos), seguida do contágio por uso de drogas injetáveis. Entre os homens a transmissão por via sexual representa mais de 50% dos casos, sendo que a prática homossexual é responsável por cerca de 30% desses casos. O contágio por uso de drogas injetáveis representa cerca de 20% das infecções entre os homens.

Características da Adolescência que Favorecem a Infecção pelo HIV



Existem algumas características comportamentais, socio-econômicas e biológicas que fazem com que os jovens sejam um grupo propenso a infecção pelo HIV. Dentre as características comportamentais, destaca-se a sexualidade entre os adolescentes. A atividade sexual na maioria das vezes se inicia na adolescência, sendo que, cerca de 50% dos jovens norte-americanos já tiveram relações sexuais aos 17 anos e apenas metade desses jovens relata uso de preservativo na última relação. Muitas vezes, a não utilização dos preservativos está relacionada ao abuso de álcool e outras drogas, os quais favorecem a prática do sexo inseguro. Outras vezes os jovens não usam o preservativo em "namoros firmes", justificando que seu uso pode gerar desconfiança em relação à fidelidade do casal. Apesar de que, no mundo hoje, o uso de preservativo nas relações poderia significar uma prova de amor e proteção para com o outro. Observa-se também que muitas jovens abrem mão do preservativo por medo de serem abandonadas ou maltratadas por seus parceiros. Por outro lado, o fato de estar apaixonado faz com que o jovem crie uma imagem falsa de segurança, negando os riscos inerentes ao não uso do preservativo.

Outro fator importante a ser levado em consideração é o grande apelo erótico emitido pelos meios de comunicação, freqüentemente direcionado ao adolescente. A televisão informa e forma opiniões, unificando padrões de comportamento, independente da tradição cultural, colocando o jovem frente a uma educação sexual informal que propaga o sexo como algo não planejado e comum, dizendo que "todo mundo faz sexo, mas poucos adoecem".

Os jovens têm pouco acesso às informações sobre doenças sexualmente transmissíveis e sobre o planejamento familiar. Boa parte dos adolescentes obtém as informações sobre o sexo de colegas e amigos, cujas opiniões, na maioria das vezes, são distorcidas e baseadas em mitos e preconceitos, como, por exemplo, a crença de que o uso do preservativo poderia dificultar a ereção e o desempenho sexual.

Segundo Futterman e col, alguns fatores biológicos contribuem para o aumento da infecção entre as mulheres jovens. Em primeiro lugar elas possuem células imaturas dentro da cavidade vaginal e no colo do útero que não impedem a infecção, como nas mulheres mais velhas. Em segundo lugar, os homens possuem uma grande capacidade de transmitirem doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), o que, por sua vez, facilita a infecção pelo HIV. Por fim, as mulheres possuem um grande número de DSTs assintomáticas, o que faz com que grande parte dessas infecções não sejam tratadas e, dessa maneira, aumentam as chances de contrair o HIV.

Curso Natural da AIDS nos Adolescentes
De acordo com Futterman e col, apesar do curso clínico da infecção pelo HIV, para a maioria dos adolescentes, ser igual ao dos adultos, alguns achados podem ser semelhantes à infecção tanto quanto no adulto, quanto na criança. Estudos mostram que a gravidade da doença varia marcadamente de acordo com o tipo de transmissão. Assim sendo, os indivíduos jovens que adquirem o vírus através do contato sexual costumam manter-se assintomáticos por algum tempo, mas possuem o número de linfócitos T CD4 menor que 410/ml (o que representa uma disfunção imunológica moderada). Já os indivíduos que adquirem a doença da mãe apresentam-se assintomáticos por muito tempo e possuem pouca disfunção imunológica. Portanto, os médicos precisam estar atentos ao fato de que, muitas vezes, o diagnóstico de AIDS congênita pode ser feito apenas na adolescência, e que a realização do exame da AIDS deve ser feito também nos filhos adolescentes de mães infectadas, uma vez que a infecção pode ficar latente por muitos anos.

O Cuidado Clínico dos Adolescentes com AIDS
Os adolescentes precisam de atendimento médico orientado para seu grupo e os profissionais de saúde precisam ser preparados para resolver as suas necessidades. A atenção ao adolescente deve ser dada por uma equipe multidisciplinar, incluindo os serviços de saúde mental, o atendimento ginecológico específico para pacientes com AIDS e os programas de prevenção e educação.

Conforme Futterman e col, a privacidade é um aspecto muito importante nas consultas dos adolescentes, pois geralmente estes têm vergonha das mudanças que ocorrem em seu corpo.

Devido à alta incidência de DSTs nesse grupo de pacientes, os testes de detecção dessas doenças devem ser feitos logo no início do diagnóstico da infecção, estes testes incluem o exame preventivo do câncer de colo, exames para detecção da presença de clamídia, gonorréia, sífilis, herpes genital e hepatite B. Outros exames que devem ser feitos incluem a contagem de células CD4, contagem da carga viral, hemograma completo, exames de avaliação hepática, exames de avaliação renal, exame de urina de rotina, exames sorológicos para detecção de toxoplasmose e citomegalovirose, teste de gravidez e, por fim, os exames para detecção de tuberculose.

Os adolescentes devem receber as seguintes vacinas: tríplice viral (rubéola, caxumba e sarampo), dupla para difteria e tétano, hepatite B, Antiinfluenza, 
Antipneumococo e anti-haemófilos. A segunda dose da vacina BCG só não deve ser feita em pacientes com sintomas de AIDS.

O Tratamento Específico dos Jovens com AIDS
A dosagem dos anti-retrovirais é baseada no desenvolvimento da puberdade, de acordo com a classificação de Tanner (escala que classifica o desenvolvimento dos adolescentes de acordo com as fases da puberdade), e não pela a idade. Dessa forma as doses pediátricas devem ser usadas nos pacientes com classificação I e II (fase pré-adolescente), as dosagens dos pacientes que se encontram na fase inicial da adolescência (III e IV) devem ser baseada de acordo com o fim ou não da fase do estirão da puberdade (fase de crescimento acelerado que ocorre nas mulheres entre 11 e 12 anos e nos homens entre 13 e 14 anos), por fim os adolescentes que se encontram na fase V devem ser tratados como adultos.

Deve-se dar atenção ao fato de que muitas drogas prescritas para adolescentes (como os anticoncepcionais, o metronidazol, usado para o tratamento de clamídia e tricomonas, e alguns antidepressivos) possuem interações medicamentosas com os anti-retrovirais. No uso dos anti-retrovirais, as doses dessas drogas devem ser ajustadas pelos médicos.

De acordo com Futterman e col, a aderência ao tratamento entre os adolescentes é relativamente baixa, sendo que apenas 56% das mulheres e 65% dos homens (participantes de um estudo para avaliação da aderência ao tratamento em pacientes com infecção pelo HIV) revelaram que faziam uso corretamente dos antiretrovirais. Os principais motivos ligados à baixa adesão ao tratamento são os efeitos colaterais, os inconvenientes gerados pela grande quantidade de comprimidos e o esquecimento.

A Prevenção da AIDS na Adolescência
Atualmente existe uma necessidade urgente de tornar os adolescentes capazes de se protegerem da AIDS e de outras DSTs, e de garantir-lhes o direito a um desenvolvimento sexual seguro e saudável. As iniciativas devem incluir a educação sexual nas escolas, o trabalho de jovens em entidades religiosas e a integração a atividades esportivas.

É preciso que o adolescente seja envolvido ativamente, para assegurar que as atividades sejam relevantes e úteis. É necessário descobrir o que os jovens pensam e quais são as suas necessidades. Os programas a serem desenvolvidos devem ser baseados nos problemas, crenças e necessidade de informação, identificados pelo próprio paciente.

Os jovens precisam muito mais do que fatos sobre sexo, eles precisam questionar, desenvolver a capacidade de tomar decisões, comunicá-las aos outros, lidar com os conflitos e defender as suas opiniões, mesmo que essas sejam contrárias às opiniões dos outros.

Por fim, o comportamento do adolescente é muito influenciado pela família, amigos, professores e principalmente pela mídia. Estes podem desempenhar um papel fundamental, e devem atuar aumentando a conscientização sobre as práticas que afetam a saúde do adolescente, como o abuso de drogas e de álcool e a prática do sexo inseguro.


http://boasaude.uol.com.br

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