terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Receita de vida: se conhecer bem

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UMA DAS COISAS mais importantes neste mundo é se conhecer bem; saber de suas qualidades e defeitos -sobretudo os defeitos- e, no campo profissional, de suas aptidões e capacidades, para errar pouco e não perder tempo fazendo coisas para as quais não tem o menor dom.

O sonho atual de uma certa juventude é trabalhar na televisão. As candidatas telefonam para os parentes e amigos dos autores e diretores, vão aos lugares onde acham que podem encontrar as pessoas certas, e algumas fariam qualquer papel -mas qualquer papel mesmo- para conseguir uma ponta numa novela. Às vezes até conseguem e fazem dois ou três trabalhos -só que não deslancham. E aí vêm as desculpas: "O diretor me paquerou, mas eu não topei", ou "foi aquela piranha que fez uma intriga, por isso não consegui o contrato" -e por aí vai.

Raras, raríssimas são aquelas que têm a coragem de admitir: "Não nasci para atriz" - e partir para outra. Isso em todas as áreas: tem a que quer ser escritora, a outra poetisa, uma terceira que sonha em virar uma grande estilista, a que pensa em ser Marisa Monte, e a que se imagina como sucessora de Glauber Rocha; mas como o mundo é injusto, nada dá certo. E o que é dar certo?
Bem, para essas, fazer um sucesso retumbante, com direito a capas de revistas e fotos nos jornais, pois as luzes da ribalta exercem sobre elas um tal fascínio que fica difícil aceitar um destino que possa parecer, de longe, medíocre. Só que talvez sua vocação verdadeira possa ser viver uma vida tranqüila e, quanto mais cedo isso for descoberto, melhor; e, mesmo com um mundo tão vasto e cheio de possibilidades, passam a vida tentando chegar onde sonham, jogando fora seu bem mais precioso -o tempo-, buscando o patrocínio para um filme ou um espetáculo que, na maioria das vezes, já nasce condenado ao fracasso -e isso quando conseguem o tal do patrocínio.
De quem é a culpa? Sempre dos outros, claro: primeiro do governo, que deveria ter como objetivo principal financiar a cultura; do diretor da novela, com quem elas não quiseram fazer o teste do sofá; da rival, que conseguiu ficar com o papel que deveria ser dela. Não passa pela sua cabeça, em momento algum, que, se a outra conseguiu, é porque tinha mais competência, o que, reconheçamos, é mesmo difícil de admitir. E como administrar seu próprio fracasso é mais difícil ainda, a solução é jogar a culpa na outra.
Mas não há quem não tenha seus talentos e, como diz o ditado popular, quem procura acha -e tem tanta coisa para inventar. Pare e pense: o que é que você mais gosta de fazer? O que é que você sabe fazer bem?

Se adora viajar, por que não tenta ser guia turística? Se cozinha bem, por que não organiza um curso em casa, para as amigas que não têm noção de como se faz um ovo cozido? Se foi sempre elogiada por saber receber, por que não vira professora de jovens noivas, ávidas para aprender? E se sua vocação for para não fazer nada, ser servida por várias empregadas, ter motorista, comer caviar no café da manhã, por que não arranja um marido rico ou um senhor que a ajude? Mas é sempre bom lembrar: para isso também é preciso ser competente.
Deixe de lado a fantasia -bem cômoda, aliás- de que é uma injustiçada, e que se não está brilhando na Broadway é porque alguém foi culpado. E talvez faça bem a seu coração saber que, mesmo no peito das mulheres de sucesso, bate às vezes uma nostalgia de não estar em casa pregando os botões na camisa do marido e pensando nele -ah, com essa chuvinha, como seria bom. Só que essa mulher não está onde está em vão: ela se conhece bem e sabe -e não põe a culpa disso em ninguém- que, se não tem um marido para esperar, é que talvez não tenha talento para isso. 

E estamos conversadas.

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