terça-feira, 27 de março de 2012

Amigos virtuais É possível confiar e contar com eles?

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"Tenho a impressão de que mais parecem um vento que passa por nós sem ao menos desmanchar nosso cabelo. Não criam raízes ou não querem criar raízes. De repente deixam de enviar mensagens e ficamos sem saber o que aconteceu. Será que está doente? O computador não está funcionando? Em nossa idade, ficamos preocupadas com as pessoas, principalmente quando as levamos a sério. Por favor, me explique: o que para certas pessoas é ser amigo virtual? É ficar no anonimato? É não se envolver com o outro? É ser apenas um amigo misterioso, sem identidade, tipo aquele amiguinho invisível que algumas crianças dizem ter? Quando eu era adolescente tinha o que chamávamos correspondentes. Não nos conhecíamos, porém havia certa afetividade. Os amigos virtuais são impessoais. Estarei errada?"
FGM
 
Resposta 

Numa coisa você está errada: em buscar enquadrá-los, todos numa única categoria. Palavras suas: amigos virtuais são impessoais.

Amizade é para ser cultivada, sim. Mas não existe só um tipo de amizade. Há aqueles que simplesmente passam pela vida uns dos outros, sem deixar nenhuma marca. São amigos de passagem. Antigamente se dizia: Amizades de férias não sobem a serra. Lembra-se? Eram as ‘amizades para sempre’, mas que tinham a duração de somente um único verão. Às vezes, nem era amizade, era uma paixonite aguda que batia.

Quanto aos amigos, há aqueles amigos que são sociais, amigos de clube e de passatempo. Outros são amigos para grandes festas, viagens e bons passeios. Há amigos para trocar confidências, amigos para os momentos de solidão. Há os amigos com quem trocar algumas idéias, outros para dar boas risadas. Amigos de oportunidade, que abrem portas e indicam caminhos. Amigos nas horas tristes e amargas. Amigos humildes, que nada querem em troca. Amigos interesseiros, que não perdem tempo para dar ‘uma bicada’. Há os que se fazem de amigos e os que são de fato e a gente nem repara.

Poucos resistem às nossas coisas boas! Menos ainda, resistem quando começa a entrar dinheiro e negócios em meio à relação. Tem os amigos antigos, os de escola, os amigos dos irmãos e depois os amigos dos filhos. Não esquecer os amigos da onça, que esses não faltam, também! Há amigos com quem nos comunicamos somente por ocasião das grandes festas, aniversários, casamentos, batizados e enterros. Há amigos que são mais queridos e mais íntimos que nossos próprios familiares e amigos que seria preferível nem ter. Nenhum deles é impessoal. Todos são pessoais, sim, embora muitos sejam ‘muito gente’ e outros sejam umas verdadeiras bestas. Enfim, amigos, para quem quer, não faltam. É um tal de entra e sai de amigos em nossas vidas que parece passeio público, você não acha?!

Claro que uns são mais sociáveis que outros. Há quem aprecie ou até necessite estar mais na companhia de outras e, há aquelas que preferem maior isolamento, se ‘bastam’ mais a si mesmas. Não tem certo, não tem errado, tem o jeito de ser de cada um. Mas essa sua preocupação maior com a saúde do outro, isso não se deve à idade, não. Trata-se muito mais de um sintoma de ansiedade, uma preocupação com a própria saúde, do que um traço característico do envelhecer. Alguma coisa aconteceu, sim, que levou o outro a se afastar. Isso acontece em todas as idades.

A questão é agüentar ficar sem saber, ficar sem o menor controle da situação sem entrar em ansiedade. Isso é que é preciso exercitar para não sofrer. No fundo, no fundo, nós pensamos que saber de algumas coisas nos dá algum controle sobre elas. Essa é uma ilusão muito freqüente. Por exemplo, perguntar para um médico, se o que o doente tem é grave ou quanto tempo o médico acha que o doente ainda vai viver. Tem gente que já foi ‘desenganada sei lá quantas vezes’ e continua zanzando por aí um há par de anos!



O que acontece com os amigos virtuais que desaparecem? Não se sabe. Abrir mão do controle nos relacionamentos é um santo remédio! O que a internet nos trouxe de bom nesse aspecto é que se pode optar por qualquer tipo de conversa, com qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo, a qualquer hora, sem maiores expectativas e ver no que dá. Com assiduidade dá para ir sacando mais ou menos (porém só mais ou menos), como é o jeitão daquela pessoa com quem nos relacionamos no espaço virtual. O tipo de linguagem, as histórias que nos conta, sua coerência, consistência, seu compromisso, interesse para conosco, para com a vida etc.

Há amizades que se solidificam, sim, pela internet. Há amores que brotam e se realizam. As pessoas acabam por se aproximar, querendo se tocar, se conhecer melhor ao vivo e a cores. E há amizades antigas que se recuperam. Há de tudo. Tudo. De bom e de ruim.

É preciso, então, ter experiência e critério, porque a conversa pelo espaço virtual tem uma qualidade fantástica: permite-nos uma liberdade jamais experimentada noutras formas de abordagem. Cada um de nós pode descobrir ‘o escritor’ que há dentro de si. Podemos ficar somente no mundo da fantasia e experimentar a liberdade de ‘falar’ de um jeito e sobre coisas que jamais ousaríamos, se fosse de outra maneira. Podemos brincar de ser diferente do que somos. Podemos mentir sem ter que ‘passar carão’ depois. Podemos ser o que quisermos inclusive a gente mesmo! Isso é fantástico. Mas é preciso cuidado para não ser crédulo, para não ir entregando o coração a quem não se conhece. Para não passar informações pessoais ou sobre nossos familiares, que sejam comprometedoras ou que devassem a intimidade alheia e exponha a todos de modo inadequado e até mesmo perigoso, porque efetivamente não sabemos com quem estamos ‘falando’ do outro lado! Os jovens e as crianças, exatamente por isso, precisam da supervisão dos pais para não cair em mãos erradas!

Meu conselho: pegue mais leve. Escreva mais na brincadeira. Não vá entregando seus afetos a desconhecidos e desconhecidas, nem pessoalmente, nem pela internet. ‘Quem vê cara, não vê coração’, lembra-se deste ditado? Imagine então, quando nem a cara a gente vê! Enxerga o que? Há outro ditado, este oriental: ‘Se não encontras pérolas no mar, não penses que no mar não existam pérolas. Mergulha e procura mais
’.

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