quinta-feira, 31 de maio de 2012

QUEM DIZ A VERDADE NEM SEMPRE ESTÁ SENDO TRANSPARENTE E HONESTO

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Ter atitude transparente é um grande desafio. Expressar transparência nas ações é desafio ainda maior. Segundo o dicionário Aurélio, transparente é o que se deixa atravessar pela luz, que permite a visão nítida daquilo que se encontra atrás ou em seu interior. Ter atitude transparente, pois, seria deixar o outro saber o que move nossas ações. Simbolicamente, "deixar-se atravessar pela luz" seria ter ações desprovidas de motivos sombrios, livres de rabugices, implicâncias, maus humores, culpas, recalques e rancores.
Ser transparente, então, não é dizer o que carregamos no coração. É não ter no coração o que não possa ser dito. Confunde-se atitude transparente com dizer a verdade. Não creio que isso seja correto, pois nem sempre quem diz a verdade é transparente e tem, realmente, a intenção de expor as razões por trás dos seus atos.
Um exemplo é a pessoa que fala verdades para provocar. O que a move não é o desejo de dar-se a conhecer, mas o de manipular. É assim aquela pessoa que diz estar pensando em separar-se porque o parceiro não muda. Mesmo que pensamentos sobre separação rondem sua cabeça, quando faz esse tipo de declaração na verdade busca o efeito contrário do que está dizendo, pois espera que diante da ameaça o outro mude e a separação enfim não aconteça.
Outra verdade que pode não ser transparente é a confissão de uma traição. Quem foi traído sabe que além da dor de ter a confiança e os afetos desrespeitados, banalizados, dói também a noção de que por ignorar a traição estivemos à mercê do outro. É sofrido pensar que fomos reféns de situação humilhante criada por alguém que nos escondeu o fato e nos impediu a defesa. Nesse sentido, a verdade, quando revelada, liberta, permite que nos defendamos, coloca o outro também refém de nossa reação.
A confissão movida por esse objetivo é generosa e transparente, pois liberta quem foi traído, iguala condições e oportunidades. Mas a maioria das confissões de traição é gerada por motivos sombrios. O que as move é o desejo egoísta de se livrar da própria culpa. O traidor parte do pressuposto de que a confissão atenua o erro, tornando-o merecedor de perdão. Ao revelar-se, a pessoa se coloca na condição de vítima, o que põe o outro na posição de algoz. Diante de tal distorção, o traído fica na "obrigação" de perdoar o "crime". Esse tipo de confissão é uma forma de controle.
O mesmo efeito tem a atitude, alegadamente transparente, de quem mostra confiar no parceiro de modo incondicional. Neste caso, a pessoa evita ações que possam ser vistas como de dominação e controle: não telefona com frequência; não faz perguntas sobre a rotina ou as atividades do outro; não programa coisas contando com ele ou ela. Caso lhe seja exigida uma explicação, justifica-se dizendo que não gosta de controlar nem de fazer cobranças.
Ainda que o apreço pela liberdade e pelo direito à individualidade seja verdadeiro, o que esse comportamento esconde é um descaso com o outro. Tais atitudes são típicas de pessoas negligentes com os sentimentos alheios, incapazes de envolver-se e mostrar interesse genuíno por quem está ligado afetivamente a elas.
Resumindo, a verdade pode ser ou não transparente. É preciso estar atento para saber de que tipo é aquela que nos é oferecida - e também qual a que queremos oferecer.


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