terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

As consequências da Gravidez na Adolescência.

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Gravidez na adolescência

“Não me preocupava em me prevenir, achava que não ia acontecer comigo” 

“Engravidei aos 17 anos porque tinha relações com o meu namorado e nem sempre usávamos camisinha. Eu nunca tinha tomado pílula, nem me preocupava com isso, achava que não ia acontecer nada comigo. Quando descobri, demorei dois meses para criar coragem de contar aos meus pais, porque a gente nunca conversou em casa sobre sexo, não tive orientação da parte deles. Tive a sorte de poder contar com o apoio dos dois e do meu namorado. Mesmo assim, fiquei chocada com o que tinha acontecido, minha vontade era sumir, morrer, não queria de forma alguma. Levou um tempo até eu aceitar o bebê. Terminei aquele ano no colégio e tive que parar de estudar, assim como o meu namorado. Arrumamos emprego e fomos morar na nossa própria casa. De uma hora para outra, minha vida mudou totalmente, tive que assumir um monte de responsabilidades, tudo o que a gente fazia era pensando no nosso filho. Sem querer, os amigos ficaram de lado porque as baladas, as bagunças tiveram que ser deixadas para trás. Hoje a minha filha tem sete anos e é supercompanheira, a razão da minha vida. Mas, por ter vindo na adolescência, foi muito difícil. Quando vejo uma garota grávida, fico triste, sei o quanto é sofrido. Ser mãe é bom, mas o melhor é esperar a hora certa.”
Sandra Santos*, 24 anos

“Vou ter que abrir mão de muitos sonhos para cuidar da minha filha”

“Estou grávida de oito meses e meio, minha bebê já vai nascer. Estou feliz, uma criança é sempre uma alegria. Mas, sabe, eu devia ter planejado isso, hoje vejo que errei. Me descuidei completamente com o meu namorado. A gente mantinha relações sexuais e eu não tomava pílula, nem ele usava camisinha. A verdade é que não pensamos nas conseqüências, no que poderia acontecer depois. Até que um dia eu percebi que estava meio enjoada e comendo demais. Minha mãe também desconfiou e decidiu me levar ao médico. E eu estava grávida mesmo. Meus pais ficaram do meu lado e não me forçaram a casar, eu continuo morando com eles, mas, mesmo assim meu namorado participa bastante. Nesse ponto, eu até tive sorte, porque tem muito cara que não dá a mínima e alguns pais chegam a expulsar a menina de casa. Comigo não aconteceu isso, a única coisa que percebo é um certo preconceito do pessoal na rua, ou mesmo na escola. As pessoas ficam me olhando torto, é bem ruim. Fora isso, tive que desistir do meu sonho de ser aeromoça e larguei o emprego para cuidar do bebê. Até o vestibular que eu planejei prestar ficou para uma outra vez. Se pudesse dar um conselho às adolescentes, diria para elas se prevenirem. O melhor é estudar, trabalhar, ter uma carreira para depois pensar em filho. Se você inverte as coisas, tudo fica mais complicado.”
Carla Regina*, 17 anos

* Os nomes foram trocados para preservar a identidade das entrevistadas.

Muitas meninas, a exemplo do que contaram a Sandra e a Carla, até conhecem os principais métodos anticoncepcionais, como a camisinha e a pílula, mas, num raciocínio que não tem nada de lógico, acham que não precisam deles. “É como aquelas pessoas que vivem correndo no trânsito. Elas sabem que há limites de velocidade e que estão sujeitas a se envolver num acidente e até a morrer. Mas, por algum motivo, acham que são superpoderosas e que aquilo não vai acontecer com elas. A maioria das meninas pensa mais ou menos a mesma coisa: elas adotam um método anticoncepcional cerca de um ano após a primeira relação sexual. Mas o risco de engravidar nesse meio tempo é muito grande. Isso explica, em parte, o alto índice de gravidez na adolescência”, diz o ginecologista Karam Abou Saab, idealizador do site www.cegonha.org, de orientação sexual e reprodutiva. Por trás desse descuido, no entanto, pode estar uma vontade inconsciente de ser mãe, seja para assumir o papel de adulta, para tentar fazer o namoro se transformar numa relação mais séria ou até mesmo para chamar a atenção da família. O fato é que a estratégia, na maioria dos casos, não funciona como o esperado. A entrada na vida adulta acontece, sim, mas vem carregada de responsabilidades, as quais nem sempre estamos prontas para assumir. A relação com o pai da criança, da mesma forma, pode não evoluir como a gente gostaria. Na maior parte dos casos, mesmo quando os dois se casam, a relação não sobrevive. Além disso, o relacionamento com os pais – os avós da criança – pode tanto melhorar quanto piorar de vez e é bastante difícil prever a reação da família. Existe, inclusive, a possibilidade de que eles não acolham a filha grávida.

Mãe de aluguel
No filme Juno, a adolescente de mesmo nome descobre que está grávida de seu namorado aos 16 anos. Depois do susto, ela acredita que não conseguiria cuidar de uma criança e, então, decide virar mãe de aluguel para um casal desesperado para ter um filho. O final da história é surpreendente (mas não vamos contar aqui, claro!), por isso, vale a pena fazer uma sessão pipoca com a galera. Além de a atriz Ellen Page, a Juno, ter sido indicada ao Oscar de Melhor Atriz, o filme é uma lição e tanto pra qualquer pessoa. Ah! Já tem em DVD na locadora.

Antes da hora
Em meio ao turbilhão de problemas na vida da sua irmã mais velha, Jamie Lynn deixou a família Spears ainda mais em polvorosa ao engravidar do namorado Casey Aldridge aos 16 anos. Depois de anunciar a gravidez precoce, a protagonista da série Zoey 101 (Nickelodeon), teve que parar de trabalhar. Hoje, aos 17, a irmã de Britney é mãe da menina Maddie Briann, que nasceu em junho de 2008, e mora com o noivo.

Vida real x ficção
O ator Ivan Mendes, o surfista Pedro Henrique de Três Irmãs, além de ser pai adolescente na novela, já passou por uma experiência parecida na vida real. Aos 21 anos, ele foi pai de Maria Clara. Hoje, aos 23, ele confessa que não foi fácil. “Tinha acabado de terminar o namoro quando a minha ex contou que estava grávida. As pessoas pensam que é fácil, mas é um perrengue danado educar e cuidar de uma criança!"

Quem encara a maternidade na adolescência paga um preço ainda mais alto: perde a oportunidade de curtir as coisas boas da fase. As baladas com os amigos, a escola e até mesmo as expectativas em relação à carreira profissional terão que ser adiadas... não se sabe até quando. “Enquanto os amigos estão viajando, se divertindo ou investindo em seu futuro, a mãe adolescente tem que cuidar de um bebê. Por isso mesmo, a convivência com os colegas diminui muito. Além disso, muitas meninas param de estudar e depois têm dificuldade de ingressar no mercado de trabalho”, diz Maria Helena Vilela, educadora sexual e diretora do Instituto Kaplan (www.kaplan.org.br) – um centro de estudos e de orientação sobre sexualidade voltado aos jovens.

Muitas dúvidas, pouca conversa

A falta de informação correta e adequada sobre os métodos anticoncepcionais também colabora para que muitas adolescentes tenham que lidar com uma gravidez indesejada (veja o texto ao lado). Muitas vezes, elas vão na conversa das amigas, que também não são especialistas no assunto. Resultado: ficam tão expostas ao risco de uma gravidez ou de se contaminar com uma doença sexualmente transmissível quanto àquela garota que não usa nenhum método. “Não basta ter uma amiga, é preciso ter uma amiga médica. Ou um amigo médico. Alguém em quem ela confie e que realmente possa dar as informações certas, sempre que aparecerem dúvidas. A visita ao ginecologista, inclusive, não precisa estar vinculada à primeira relação sexual”, explica dr. Karam. Buscar informação com a família também é fundamental. Mesmo que não se tenha liberdade para fazer perguntas abertamente, é interessante entrar no assunto aos poucos, para perceber como os pais pensam e até para poder aprender com a experiência que eles já têm. Aproveite a gravidez da personagem da novela ou de uma amiga no colégio ou na vizinhança para entrar no assunto. “Assim, você não precisa se expor, já que não sabe como vai ser a reação da família”, indica Maria Helena. Outra estratégia é pedir que a mãe conte como eram os relacionamentos na época dela. Essas conversas vão aumentando a intimidade, preparando o terreno para um papo mais aberto sobre sexualidade, em que você poderá aproveitar para tirar suas principais dúvidas. Mas se não dá nem pra pensar em ter uma conversa dessas em casa, procure um outro adulto que possa orientá-la, uma tia ou prima mais velha ou mesmo a professora de biologia do colégio. “Também existem, hoje em dia, vários serviços que reúnem especialistas para atendimento telefônico ou mesmo por MSN, como é o caso do Kaplan. O importante mesmo é se informar”, indica a especialista.


Tão importante quanto escolher um bom método contraceptivo, é saber usá-lo no dia-a-dia. Você e seu namorado podem ficar totalmente desprotegidos com alguns descuidos como, por exemplo:

* Colocar a camisinha só na hora da penetração: nesse momento, o nível de excitação é tão alto que são enooormes as chances do casal deixar de lado a proteção, com a desculpa de que “vai ser só dessa vez”. Melhor que o preservativo seja colocado tão logo o pênis do menino fique ereto.

* Tirar o pênis da vagina minutos antes da ejaculação: é muito difícil para o menino controlar totalmente sua ejaculação. E se uma única gota de esperma cair dentro da vagina e a garota estiver no período fértil já há risco de engravidar.

* Tomar anticoncepcional só nos dias férteis – ou nos dias em que vai manter relações sexuais: para evitar a gravidez, a pílula precisa ser tomada adequadamente, ou seja, todos os dias, de preferência no mesmo horário e desde o primeiro dia da menstruação (ao iniciar o uso). Dessa forma, a proteção estará garantida desde a primeira cartela.

* Apostar na tabelinha: por esse método, a garota marca em um calendário os dias do mês que correspondem ao início e ao término do seu período fértil – e que vai depender da duração dos ciclos menstruais anteriores. Daí, nesses dias em que há maior probabilidade de engravidar, o casal não mantém relações. O problema é que dificilmente teremos um ciclo menstrual tão reguladinho. O estresse por conta de uma prova difícil no colégio, por exemplo, já é capaz de interferir nesse mecanismo, atrapalhando as suas contas. Melhor não arriscar!

* Não usar camisinha: mesmo que você tome anticoncepcional, jamais dispense o uso da camisinha. Além da gravidez, o preservativo evita uma série de doenças sexualmente transmissíveis.

Se acontecer com você
Anda desconfiada de que possa estar grávida? Não pense duas vezes antes de procurar um médico. Para garantir a sua saúde e a do seu filho, é fundamental começar o pré-natal o quanto antes. “Numa gestação em que há acompanhamento médico, os riscos de complicações são pequenos. Mas sem o pré natal eles aumentam muito”, diz o ginecologista Karam Abou Saab. O médico também chama a atenção sobre as possíveis conseqüências de um aborto, já que 1/3 das gestações de adolescentes no Brasil termina em aborto. “Como o procedimento não é legal no País, acaba sendo feito em condições bastante precárias. Então, as chances de se ter problemas mais sérios e até mesmo os índices de mortalidade, nos casos de aborto provocado, são grandes”, alerta ginecologista.

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