quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Quando um relacionamento termina? Como terminar? Como percebo que acabou e por que ele nunca diz nada?

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Meninas, eu não tenho certeza.
O mundo é grande demais. O país é grande demais. A cidade, o bairro. O edifício é grande demais. E eu não sei. Mas vou chutar:
Homens não sabem dizer adeus.
Não todos, mas muitos, muitíssimos.
O macho, diante do fim, da incerteza, da perda, ele simula, ele desvia, ele olha pro outro lado.
Ele empurra com a pancinha.
Portanto, saibam, meninas: quando vocês se perguntam por que ele não desiste, por que o peso de decidir recai nos teus ombros, lembrem-se disto: ele não aprendeu a dizer tchau.
Homens não percebem muito bem como é essa coisa de perder.
Esta é a minha conclusão de hoje.
Mas há um preâmbulo.
A DÚVIDA
Uma leitora me escreve o seguinte e-mail:
“João, tenho uma dúvida atroz. Venho sofrendo faz uns meses. Venho namorando faz uns anos. E se no começo tudo era uma maravilha, rolou um desgaste. A gente continua se gostando. Respeito muito meu namorido. Um cara bacana. Mas…
Mas não sei. Não existe mais o que havia ali, entre nós.
O desejo foi pro espaço, se tornou uma obrigação silenciosa em que, volta e meia, meia volta, um dos dois percebe: ‘putz, faz tempo que a gente não transa. Acho que tá na hora, ou fica estranho’. E assim, transamos. Claro, há as evidentes exceções, aquele dia em que o fogo reacende. Mas na média, é um fosforozinho já bem riscado, um isqueiro quase sem fluído.
As nossas brigas aumentaram. Se antes havia uma tolerância, se ele me ouvia, se eu aguentava e achava graça nas coisas que atraem o meu rapaz, agora, no máximo, levantamos uma bandeira branca, suportamos as diferenças nos dias em que dá pra suportar.
Mas na maioria das semanas, quando o dia acaba, e aquela tonelada de coisa ruim no trabalho, as chateações do trânsito, um estressezinho qualquer, qualquer coisa basta pra que, no fim, eu perceba que desconto a impaciência nele, e ele em mim.
Ele já não se esforça muito pra me acompanhar nas minhas coisas; eu já faço boca torta quando sei que preciso ir àquele bar chato com ele e a tropa dele. Já não comemos muito juntos. Já dormimos quase todos os dias em horários e sintonias diferentes.
Tá tudo errado, se eu olho com lupa.
O problema é que, agora, te escrevendo, tudo fica muito claro. Mas hora a hora, olho no olho, não. Há momentos doces. Há companheirismo também. Ele me ajuda quando preciso. Eu o ajudo quando ele precisa. Tenho medo e saudades antecipadas da ausência que eu sinto que chegará. Mas o que mais me estranha é que eu dou os sinais todos, mas ele meio que ignora. Nas DRs intermináveis, toda vez que nos aproximamos do fim – não digo do fim da DR, mas do fim do R, da nossa história, quando estamos prestes a dizer o que deveríamos dizer – ele desconversa, ele muda a estação do rádio, ele recua, ele muda por uns dias.
Enfim, eu não sei… Tem um jeito de entender tudo isso? Tem um jeito de fazer tudo isso mudar, desfazer esse nó, evitar o sofrimento? U sinto que, de alguma maneira, ele acha que tem jeito, tem milagre… E percebo – mas é um chute, tá, João – que os homens são meio assim… Sempre acham que de algum jeito dá… O que eu faço?”

UM FIM DOS SONHOS
A amiga leitora sabe o que fazer, o namorado da amiga leitora também sabe e já espera o pior (que na verdade é o melhor que pode acontecer), mas a verdade é uma só: o negócio acabou e alguém precisa dizer.
Mas, como eu concluí lá no começo, se o difícil é abrir mão, o mais difícil ainda, pra um homem médio, e aceitar isso. Ele não quer guardar no bolso o peso de ter decidido o que precisava ser decidido. No sonho masculino, o fim do amor é um uníssono.
Você chega, ele chega. Passos juntos. Você abre a boca, ele abre a boca. E no exato instante, um som agudo e um som mais grave saem das duas bocas e dizem o seguinte:
- Precisamos conversar…
No sonho masculino, tudo o que viesse depois disso seria ao mesmo tempo, tranquilo, com pouco choro, um beijinho no rosto, um aperto de mão, um abraço, e pela eternidade a seguir, ele nunca mais veria você com outro, você nunca mais o veria com outra, um dia vocês seriam amigos, talvez transariam assim, sem compromisso pelos velhos tempos, tudo seria leveza e um olhar doce para o passado.
Ele sabe que não é assim.
E por isso, ele adia, ele desvia, ele se esconde.
Terminar é o início de uma grande dor masculina.
Alguém já me contou que a mulher sofre nos estertores, nos últimos momentos do relacionamento. Momento em que o homem se anestesia.
E que o homem sofre depois. Fica esfarelado. Bebe. Chora sozinho. Ele não sabe perder.
Talvez seja isso mesmo.
Porque o amor, do jeito que o homem aprende, é posse.
E o amor quando é posse, não é amor. Mas um ensaio dele.
E talvez o amor, esse grande amor, o amor ideal, seja mesmo um negócio impossível, feito pra grandes almas e grandes gentes, depositado numa altura que nem com banquinho a gente alcança. A gente consegue ver esse grande amor, esse grande jeito de amar ali em cima. Mas atingir o negócio, sei lá. É difícil.
A verdade da leitora é uma verdade triste e importante: é muito difícil abrir mão.

O FINAL VISTO POR UM HOMEM
Homens, em geral, quando se enxergam diante do inegável fim, eles negam o inegável. É como quando um pensamento ruim sopra o cocuruto, atiçando o cabelinho, e a gente sacode a cabeça, gira de um lado a outro, de olhos fechados, bem rápido, pra espantar o pensamento.
Homens fazem isso.
E passam a acreditar num milagre.
Um milagre que ele pensa depender dele e de você.
Um milagre que nunca virá.
O fim de um amor é triste. Mas tristeza é só um dos pedaços da vida. Faz parte. Apreciar a tristeza é um pouco aprender a viver melhor.
É um saco. É uma praga. É triste ficar triste.
Mas acontece.
Meninas, entender o homem diante da dor e da separação é um pouco entender a mulher diante da separação.
Ao contrário do que se supõe, homens são românticos. Homens guardam dentro das calças e atrás ali do pulmão, uns sonhos. Ele adoraria amar quem ele ama pra sempre. Ele adoraria não ter mais desejo por ninguém que não fosse você porque ninguém a não ser você dá tanto desejo a ele. Ele adoraria ter o fôlego necessário pra fazer justiça eternamente ao homem que ele é nos primeiros dias em que ele sai com você.
Mas isso cansa demais. Isso é difícil demais.
Isso é sobre-humano.
E a verdade é que você, ele, ela e eu, somos todos umas quinhentas e doze coisas numa só tarde. E bater essa multidão que ele é com a multidão que você é, isso, Deus do céu, isso é difícil. Isso é um milagre.
O que eu quero dizer – e eu fico com vontade de dizer tanto mais – é que homens têm mesmo uma dificuldade em perder. Ele já sofre por antecipação com o dia em que terá de encarar você com outro – mesmo que ele não sinta lá mais muitas profundidades por você; ele sabe que cumplicidade é um negócio delicado e árduo de atingir, e já sente a dor antecipada de ter que procurar, brigar e conquistar isso de novo; ele tem medo de nunca mais ter os melhores momentos de vocês com outra; ele não entende muito bem por que as coisas são assim…
E isso, meninas. Ele não entende.
Ele fica sem energia.
Ele tem preguiça.
E a preguiça, por dentro e por fora, é a caloria essencial da masculinidade.
Ganhar uma barriguinha por dentro e uma pochetezinha por dentro é a especialidade da fatia barbada da humanidade. Calo no pé, calo sexual, calo no coração.
O homem é o grande joanate da criação.

  • J. ANTÔNIO

    Meu nome é J. Antonio e sou um amador. Jogador de futebol amador, jornalista amador e poeta amador. Frequento duas academias: a de Letras e a do bairro. Na última, convivo e suo ao lado de halteres e halterofilistas amadores. E ao lado de meninas, que brincam de fuzilar gordurinhas, todas lindinhas, molhadas e com calça fusô (minha leitora: é 'fusô' ou 'fuseau' o nome da calça? Eu tenho essa dúvida). Mas dizia que sou poeta e malhador. Aos fins de semana, gosto de correr e comer. Sou bruto e macho, mas sensível. Choro escondido – e ó, se um amigo me perguntar, eu nego. Eu nego! Mas sim. Quando a coisa aperta, quando a vergonha afrouxa, ou quando uma de vocês, mulheres, me machuca, eu choro. É assim desde que nasci. Há 30 anos. REVISTA MARIE CLAIRE

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