quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O que fazer quando sofro mais de amor que o comum? Quando meus relacionamentos dão sempre errado? Quando ele vai embora?

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Meninas, uma leitora manda uma carta sofrida de fim de ano e frio na alma.
Ela diz que precisa entender por que as coisas de amor dão errado “só com ela”.
Ela diz que sabe, na verdade, que as coisas de amor também dão errado com os outros. Mas ela sente – e na verdade ela sabe – que as coisas de amor, com ela, dão ainda mais errado.
Ela quer saber se as coisas de amor, dando errado, têm jeito?
Se as coisas de amor, quando dão muito errado, passam? Ficam mais fáceis?
Ela quer saber muito mais, ela quer saber, ainda, por que o mundo não acabou. Porque sim, sim, o e-mail dessa leitora sofrida bateu aqui na caixa há minutinhos. E diante da urgência da dor, pulou as fileiras dos temas de fim de ano.
O que dizer?
Dizer que as coisas de amor são feitas pra darem errado quase sempre.
Eu realmente acho dos grandes mistérios da vida, o amor ganha com um nariz, dois braços, coração, pernas e cabelos de vantagem.
Eu realmente acho um milagre quando, no ponto de ônibus, escondidos da chuva, ou abraçados por conta de um frio inesperado, um casal se abraça. Acho que mundos inteiros se moveram antes de que aquele sujeito pudesse, enfim, tomar a mão daquela sujeita e isso causasse um sorriso, e não um tapa.
Eu acho um milagre. Natalino.
Um conto de natal.

UM CONTO PARA O NATAL
Eu também tenho grandes dificuldades em corrigir meu corpo e minha cuca diante desta época linda e branca que é o Natal. Meu coração natalício é um coração batucado por interrogações.
Meninas, meninas, como você, como a nossa amiga leitora, como a sua amiga, como todo mundo (olha que frase tigre e comedora esta), eu também risco na neve a frase suprema: “viver é um negócio complicadíssimo. Love hurts. E o jacu é coisa nossa”.
Sofrer por conta de outra pessoa é, enfim, viver. É o que faz você sair daí e chegar ali.
O problema é que, nessa conta, existe… a outra pessoa.
E dois seres não foram talhados pra viver juntos.
Já passei temporadas em busca de uma resposta a isso. E nessas temporadas, eu me armava de uma estaca e um martelo. Tentei mesmo tirar farpas em busca de um molde perfeito. E nada!
No fim, é sorte. No fim, é mais do que sorte: é como a gente se posta diante do mundo.
No fim do mundo – ou depois do fim do mundo -, na véspera de Natal, eu diria para a leitora sofrida por conta das dores de amor muitas coisas, mas na verdade eu quero dizer só uma:
- Calma, cocada.
Que a vida é só isso mesmo. Mas que a vida é mais do que isso. Que ela surpreende, que ela desanima, que ela bate o tempo todo, mas que ela também é férias e ela, acima de tudo, é incontrolável.

UM OUTRO CONTO DE NATAL
Vamos aprender e aceitar uma coisa: a vida é louca, a vida é estranha. Mas você também é. E no dia que a gente entende que amar dói, que amar é bom, que amar é tudo isso e mais uma coisas que nem você nem eu sabemos, nesse dia a gente começa um pouco a amar.
Quando a gente aprende que, na programação original da nossa cuca, um “não” terá sempre mais peso do que um “sim”; que um elogio pesa 10g e uma crítica, 10 toneladas…; que basta um escorregão, uma frase dita fora de hora, um muxoxo que ofende, e um outro coração pode quebrar…
Quando a gente pesca tudo isso na vida que a gente tem, teve e terá, aí sim a gente começa a se preparar um pouco para amar.
Leitora linda e sofrida, não sofra. Ou melhor, sofra. Mas só um pouco. O quanto puder. Mas nunca além da conta. Que o tempo resolve sim, mas você também. E a primeira coisa é sempre entender que vai doer, o mundo desabará, o calendário Maia é todo ano, toda véspera e todo dia seguinte de um rompimento, mas que um dia ele passa se a gente deixar ele passar.
Então é Natal, e o que você vai fazer, hein?
A Simone e eu sabemos que será feliz aquele que souber o que é bom.
É simples assim.
E como nem eu, como nem a Simone, como ninguém sabe o que é bom para si, o negócio é esse aí mesmo.
Vamos todo mundo cortar um panetone e prestar atenção que o amor passa num átimo.
E que se você o perder, outro, quem sabe, como um milagre cadente, um milagre natalino, pode riscar a sua paisagem. O negócio todo é nunca deixar de olhar.
Tá, alguém dirá: “mas que bobagem, João! Não entendo nada, João! Que enrolação, João! E o Renan, João?”
Ah, meninas. Que é que eu sei, né?

E UM CONTO FINAL DE NATAL E DE AMOR
Eu sei que sei lá. Deixa acontecer, mas sem jamais esquecer que nem aqui, nem em Hiroshima, nem em Nagasaki, nem em Mururoa, nem quando é Natal, é fácil.
Uma dica prática?
Minha dica prática tem umas 400 páginas. Chama-se “Grandes Esperanças” e foi escrita pelo Charles Dickens, esse grande natalino.
Um livro que, filtrada a realidade posta naquelas linhas tão vitorianas, se sai como um símbolo de tudo isso: de querer ser e ter o que não se pode ter e querer. De apanhar de amor. De tomar surras com o coração. De como qualquer um, se vendo no espelho com a maior das bondades, pode ser capaz da maior das maldades.
Ah, meninas, porque é que diante do espelho todo mundo vê sempre uma alma pura pronta para a vida, para o amor?
Enfim, sei lá.
Leiam, leiam.
E se o mundo insistir em te dizer que o amor é uma praga, que ele é só dor, que ele não dá certo, não o escute. Brigue com ele. Que como soprou o lindo a apropriado Robert Frost, um perfeito epitáfio para alguém que quis realmente viver seria escrever na lápide o seguinte: “aqui jazo eu, que mantive uma briga de amor com o mundo”.
Tenham uma briga de amor com o mundo, minhas meninas.

  • J. ANTÔNIO

    Meu nome é J. Antonio e sou um amador. Jogador de futebol amador, jornalista amador e poeta amador. Frequento duas academias: a de Letras e a do bairro. Na última, convivo e suo ao lado de halteres e halterofilistas amadores. E ao lado de meninas, que brincam de fuzilar gordurinhas, todas lindinhas, molhadas e com calça fusô (minha leitora: é 'fusô' ou 'fuseau' o nome da calça? Eu tenho essa dúvida). Mas dizia que sou poeta e malhador. Aos fins de semana, gosto de correr e comer. Sou bruto e macho, mas sensível. Choro escondido – e ó, se um amigo me perguntar, eu nego. Eu nego! Mas sim. Quando a coisa aperta, quando a vergonha afrouxa, ou quando uma de vocês, mulheres, me machuca, eu choro. É assim desde que nasci. Há 30 anos. REVISTA MARIE CLAIRE

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