terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Conheça a CLAMÍDIA, mais que um mal sexualmente transmissível

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Sorrateira e persistente, ela é uma das mais agressivas doenças sexualmente transmissíveis. Principal causa evitável de cegueira, também está associada a doenças do coração. Para desenvolver vacinas e tratamentos contra a bactéria, os pesquisadores tentam decifrar suas estratégias de sobrevivência e disseminação no organismo.

Ela é causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, que pode infectar homens e mulheres e ser transmitida da mãe para o feto na passagem pelo canal do parto.
A infecção atinge especialmente a uretra e órgãos genitais, mas pode acometer a região anal, a faringe e ser responsável por doenças pulmonares.
A clamídia é uma das causas da infertilidade masculina e feminina.
Nos homens, a bactéria pode causar inflamações nos epidídimos (epididimite) e nos testículos (orquite), capazes de promover obstruções que impedem a passagem dos espermatozoides. Nas mulheres, o risco é a bactéria atravessar o colo uterino, atingir as trompas provocar a doença inflamatória pélvica (DIP).
Esse processo infeccioso pode ser responsável pela obstrução das trompas e impedir o encontro do óvulo com o espermatozoide, ou então dar origem à gravidez tubária (ectópica), se o ovo fecundado não conseguir alcançar o útero.
Mulher infectada pela Chlamyda trachomatis durante a gestação está mais sujeita a partos prematuros e a abortos. Nos casos de transmissão vertical na hora do parto, o recém-nascido corre o risco de desenvolver um tipo de conjuntivite (oftalmia neonatal) e pneumonia.
Sintomas
O período de incubação é de aproximadamente 15 dias, fase em que é possível o contágio.
A infecção pode ser assintomática. Quando os sintomas aparecem, são parecidos nos dois sexos: dor ou ardor ao urinar, aumento do número de micções, presença de secreção fluida. As mulheres podem apresentar, ainda, perda de sangue nos intervalos do período menstrual e dor no baixo ventre.
Diagnóstico
Os sinais e sintomas da clamídia podem ser isolados e pouco aparentes o que dificulta o diagnóstico precoce. Em geral, as pessoas procuram o médico, quando surgem as complicações. O exame de urina, da secreção uretral e do material obtido por esfregaço na uretra (nas mulheres, também o material colhido no colo do útero) e o exame para detectar os anticorpos anticlamídia (IgM) são de extrema importância.
Prevenção e tratamento
Não existe vacina contra a clamídia. A única forma de prevenir a transmissão da bactéria é o sexo seguro com o uso de preservativos.
Uma vez instalada a infecção, o tratamento consiste no uso antibióticos específicos (azitromicina, doxiciclina, eritromicina, minociclina, por exemplo) e deve incluir o/a parceiro/a para evitar a reinfecção. É recomendável suspender as relações sexuais nesse período.
Recomendações
* Pratique sexo seguro;
* Procure o médico, assim que manifestar algum sintoma que possa sugerir uma doença sexualmente transmissível. Clamídia e gonorreia são infecções que, com frequência, estão associadas;
* Evite o contato sexual com múltiplos parceiros;
* Siga criteriosamente a orientação do médico sobre a duração do tratamento e as doses dos medicamentos
Dr. Drauzio Varela



Sabotadores Ocultos
Assim como outros patógenos bacterianos, as clamídias induzem as células epiteliais - nesse caso, aquelas que revestem os tratos genitais, pálpebras ou pulmões - a absorvê-las, confinando-as no interior de um vacúolo, uma bolha de membrana. As células saudáveis normalmente tentam destruir o vacúolo que abriga o patógeno ao fundi-lo com lisossomos, organelas celulares transportadoras de enzimas capazes de picotar proteínas, lipídios e DNA. Todas as células possuem na superfície proteínas chamadas de complexo principal de histocompatibilidade (MHC).

Elas se ligam a partes digeridas do patógeno e as exibem para fora. As células T assassinas e as T auxiliadoras, linfócitos que patrulham todo o organismo, agarram-se às moléculas do MHC que apresentam pedaços das proteínas estranhas. Se os linfócitos recebem indicações de que há alguma coisa errada, elas deduzem que as células estão infectadas e então organizam um ataque contra as proteínas estranhas.

As clamídias, porém, de alguma maneira conseguem impedir que os vacúolos que as abrigam fundam-se a lisossomos para digeri-las. Assim as bactérias proliferam livremente enquanto estão separadas fisicamente do resto da célula infectada. Se os lisossomos não podem carregar os pedaços das bactérias digeridas para que estes sejam exibidos na superfície das células infectadas, as células T que patrulham permanentemente o organismo não poderão reconhecer células que abrigam invasores. Compreender como as bactérias proliferam e como evitam os lisossomos pode auxiliar na procura por novas maneiras de prevenir ou controlar a infecção. Recentes pesquisas, incluindo o seqüenciamento de genomas de clamídias auxiliam nesse sentido.

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Maryland, incluindo Ru-ching Hsia e um de nós (Bavoil), descobriu uma importante semelhança entre os genes das clamídias e os de grandes bactérias, como a Salmonella typhimurium, conhecida causadora de intoxicação alimentar. Os cientistas em geral concordam que as clamídias têm tudo que necessitam para formar uma projeção em forma de agulha chamada sistema de secreção do tipo III. Esse aparato, que expande a membrana do vacúolo fagocitário, funciona como um tubo condutor entre a bactéria e o citoplasma da célula hospedeira.

Essa conexão permite que as clamídias transfiram proteínas para o citoplasma da célula hospedeira, o que pode ajudá-las a resistir à interação com os lisossomos. Além disso, pesquisadores observaram que os vacúolos com clamídias atraem para si lipídios derivados de certos compartimentos da célula hospedeira, incluindo o Complexo de Golgi.

Normalmente, a membrana de um vacúolo carrega moléculas produzidas pelo patógeno que está dentro. Uma membrana com bactérias pareceria um corpo estranho à célula hospedeira, contra o qual ela prontamente recrutaria lisossomos. Mas os lipídeos que as clamídias usam para reconstruir a membrana de seu vacúolo vêm do próprio hospedeiro: os vacúolos ficam, portanto, indistinguíveis das organelas das células e invisíveis aos lisossomos.

Se os cientistas identificarem as proteínas que a bactéria expele para camuflar os vacúolos, talvez seja possível desenvolver dois tipos de tratamento para prevenir a infecção. Uma droga poderia interferir na atividade da proteína de modo a forçar o vacúolo a se fundir com os lisossomos. Outra poderia incapacitar os mecanismos que a clamídia usa para sequestrar os lipídios da célula hospedeira. Em teoria, essas drogas poderiam ser incorporadas a um microbicida tópico que impediria clamídias de se reproduzirem sexualmente. Algumas das proteínas mencionadas acima - e quaisquer outras exclusivas de bactérias - também podem ser ingredientes úteis para vacinas. Os genomas das clamídias devem ajudar a identificar boas candidatas.
Tendências Suicidas
Recentes descobertas sobre o papel dos linfócitos T podem abrir novas portas para o tratamento da clamídia. Elas em geral destróem células ao induzi-las à apoptose, ou suicídio celular. As células imunológicas - incluindo os linfócitos T e os macrófagos - estimulam a produção de citocinas que auxiliam na destruição das bactérias e causam reação inflamatória que interrompe sua propagação. Uma citocina conhecida por ter dupla finalidade é a TNF-alfa. Experimentos mostraram, entretanto, que algumas células infectadas sobrevivem apesar do tratamento com essa molécula e com outras citocinas indutoras de apoptose, levando a infecções persistentes. O problema é que o corpo não desiste facilmente. As citocinas continuam a provocar inflamação num empenho para conter a infecção, mesmo se não puderem eliminá-la por completo.

Mas mesmo as células infectadas de maneira persistente não podem viver para sempre. De fato, parece que as clamídias desenvolveram maneiras de provocar a morte de uma célula hospedeira para assegurar sua própria longevidade. A célula hospedeira deve se desmanchar antes que a bactéria possa infectar outras células. Pesquisadores do Instituto Pasteur de Paris descobriram que as clamídias podem matar e se livrar das células infectadas de modo que minimize a capacidade do sistema imunológico de perceber algum perigo, permitindo assim que a infecção se propague sem ser detectada.

Para explorar esse estágio final do ciclo de vida bacteriano serão necessárias mais pesquisas sobre as proteínas envolvidas na indução da apoptose e na proteção das células infectadas contra os sinais suicidas. A segunda alternativa parece ser mais viável. Se fizermos com que as células infectadas fiquem mais sensíveis à apoptose, talvez seja possível eliminar as bactérias que permanecem latentes no organismo e reduzir as conseqüências da infecção crônica.
Múltiplas Vias de Ataque
Criar a vacina ideal para a clamídia não será simples. Esse imunizante precisará ativar tanto anticorpos quanto células do sistema imunológico de maneira muito eficaz, além de limitar a inflamação. Um desafio a mais será assegurar que os linfócitos de memória permaneçam suspensos no trato genital para combater a infecção sempre que esta começar a ressurgir. O trato genital não contém o tipo de tecido que produz células de memória; tais células tendem a abandonar a área, deixando a pessoa vulnerável de novo.

É bom lembrar que as mulheres sofrem os efeitos permanentes da infecção genital. Uma meta exeqüível para uma vacina poderá ser a de proteger a mulher da doença, em vez de evitar a infecção em si. O imunizante teria então de gerar apenas anticorpos o suficiente para reduzir, em vez de eliminar, a quantidade de bactérias que os homens vacinados carregam.

Assim, se uma mulher fosse exposta à infecção por meio de relações sexuais, as células de memória induzidas por sua imunização migrariam até o trato genital na quantidade certa para exterminar um número relativamente pequeno de organismos, antes que estes pudessem migrar para as trompas.

Até que se desenvolva tal vacina, os contraceptivos que incluem drogas anticlamidianas poderiam compensar tal falta. Esses agentes podem tomar tanto a forma dos componentes que bloqueiam as proteínas que as clamídias usam para se ligar às células do trato genital quanto atacar as proteínas que os micróbios expelem para promover a sobrevivência intracelular. Para a infecção dos olhos, a única vacina útil seria uma que prevenisse completamente a contaminação.

Enquanto esperamos por estratégias preventivas contra a clamídia, vale lembrar que os tratamentos com os antibióticos atuais são eficientes, e a bactéria não adquire resistência a essas drogas tão rapidamente quanto outros patógenos. Os antibió-ticos, porém, não curam danos causados pela inflamação. É sempre recomendável que as autoridades de saúde pública ofereçam exames periódicos a jovens sexualmente ativos, além de se empenhar no desenvolvimento de vacinas.

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