quarta-feira, 19 de março de 2014

Entenda por que os homens perdem o interesse sexual

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Você chega em casa depois de um dia cansativo de trabalho, toma um banho relaxante e se prepara para uma longa noite de amor. Uma espécie de recompensa. Só se esqueceu de combinar com o cidadão com quem divide a cama. Ele se deita, vira para o lado e logo está roncando. Paciência! Mas, depois de a cena se repetir pela enésima vez, duas dúvidas básicas a assaltam: “O que há de errado comigo?” e “Será que ele tem outra?” Surpresa: ouvimos especialistas em relacionamento amoroso, terapeutas de casal e sexólogos, e a conclusão a que chegaram é que, na maioria das vezes, não se trata nem de uma coisa nem de outra. O desinteresse pelo sexo tende a ser um sintoma, sim, mas pode se tratar de um problema dele e não envolver a existência de uma amante.
Uma grande pesquisa realizada  pelo Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas, em São Paulo, ouviu 3 mil homens e mulheres de todas as classes sociais e descobriu que 12% dos homens não tinham desejo sexual. A proporção de mulheres ainda era maior (35%). A novidade, porém, é que nos consultórios de médicos e terapeutas as queixas de homens com a libido em baixa vêm aumentando a olhos vistos.
A lista de inimigos do sexo é ampla. Um dos motivos mais freqüentes para o desejo esfriar em um relacionamento longo e estável, ou seja, com pelo menos dois anos de duração, é a tendência de o casal se tornar mais fraterno. “O homem passa a enxergar a mulher mais como mãe dos seus filhos e ‘deserotiza’ seu olhar para ela”, afirma Maria Helena Vilella, especialista em sexualidade e diretora do Instituto Kaplan – Centro de Estudos da Sexualidade Humana –, em São Paulo. Independentemente de terem filhos, se para você o sexo funciona como uma espécie de antídoto contra o stress do dia-a-dia, para o homem, cujo mecanismo biológico da ereção é complexo, em certos momentos o convite pode ser inaceitável do ponto de vista físico. Dívidas, problemas domésticos e uso de alguns medicamentos (antidepressivos e remédios contra hipertensão, por exemplo) são outros fatores possíveis.
As pílulas facilitadoras da ereção podem ser eficazes (quando a dificuldade está no mecanismo bioquímico da ereção), mas não provocam efeito algum se o homem não sentir desejo por sua parceira. Nesse caso, elas só expõem a dificuldade.

Trabalho de mais ou de menos
Desemprego e atribulações no trabalho agravam a situação. Mas o oposto também ocorre: em alguns casos, o excesso de dedicação ou até o sucesso profissional não deixa espaço mental para o desejo sexual aflorar. O psicoterapeuta e sexólogo Ronaldo Pamplona da Costa, de São Paulo, observa: “Muitos homens associam o que estão vivendo na profissão com a sexualidade. Assim, qualquer fato da esfera do trabalho, bom ou ruim, interfere no comportamento da maioria”, diz ele, que é autor de livros sobre sexualidade, como OS ONZE SEXOS (GENTE). Constrangidos em dizer não, eles inventam subterfúgios. Voltar muito tarde do trabalho é o mais comum.
Outra circunstância que pode inibir o desejo sexual masculino é a gravidez. Ou existe o temor (infundado) de machucar o bebê, ou é a imagem sacralizada da mãe que ele não deseja tocar. Algumas mulheres, além disso, vivem a maternidade de modo exclusivista, deixando o parceiro de lado. O médico recorda-se de um casal que atendeu. “Depois de engravidar e ter uma menina, o grau de apaixonamento dela pelo bebê foi tamanho que, sem notar, relegou o marido a segundo plano”, relata.
Às vezes, a resposta para a crise de abstinência está na dinâmica do casal. Se a mulher só sabe solicitar o sexo de modo autoritário, como uma exigência, ou costuma desqualificar o parceiro no dia-a-dia, suas atitudes desestimulam a libido. Reclamações sobre mudanças na aparência feminina também já foram ouvidas em seu consultório. O homem fica num dilema: como vai dizer para a mulher que ela engordou demais sem arranhar sua sensibilidade?
Fidelidade ou não Independentemente do motivo, há um desdobramento tão freqüente quanto delicado, aponta a diretora do Instituto Kaplan. Muitos homens, ao se verem na condição de baixa libidinal, optam por procurar outras mulheres. “A nova conquista, além de um teste para sua virilidade, o faz sentir-se valorizado.” Assim, em alguns casos, a temida infidelidade não é a causa da crise de abstinência em casa, mas uma de suas consequências.
Volte aos tempos de namoro
Para a psicóloga e terapeuta de casais Regina Navarro Lins, autora de FIDELIDADE OBRIGATÓRIA E OUTRAS DESLEALDADES (BEST SELLER), a monogamia seria justamente o pivô da queda da libido masculina. “Acho que isso ocorre principalmente por causa do modelo de casamento que prevalece em nossa sociedade, que faz com que homens e mulheres se tornem irmãos. O homem não perdeu o tesão – ele perdeu o tesão pela mulher dele, que é aquela com quem ele discute os problemas dos filhos, a conta do supermercado...”, opina.
Desde que saímos do útero materno, vivemos um sentimento de falta e desamparo que nos faz querer reeditar o vínculo primordial com a mãe. Nossa sociedade incentiva a buscar tudo isso na relação amorosa. Daí a dependência emocional, característica dessas alianças. Ao mesmo tempo, se o risco não existe – como se pressupõe no compromisso de fidelidade –, o interesse diminui. Então, como equilibrar a situação?
Nisso, os especialistas são unânimes: volte a namorar. O importante é conseguir surpreender o outro, estimular sua curiosidade. Mas, como alerta Regina, essa tática só funciona se for preventiva. Depois que a situação está instalada, o primeiro passo é buscar as causas.
Investigadas e descartadas as possibilidades orgânicas – que demandariam tratamento –, é hora de analisar o estilo de vida do homem e do casal e partir para uma conversa franca, na qual ambos estejam mais interessados em ouvir do que em fazer acusações. Se o caminho do diálogo não for suficiente, a recomendação é procurar apoio profissional. Um psicólogo especializado em sexualidade ou um terapeuta de casais são os profissionais mais indicados. A boa notícia é que, mesmo que o homem se recuse a participar da terapia, muitas vezes só o atendimento da mulher já basta para chacoalhar o relacionamento.

O lado delas
"A gravidez foi o melhor momento da minha vida. Estava casada havia dois anos. A partir do quinto mês, porém, meu marido passou a me evitar na cama. Foi difícil, me senti rejeitada e chorava bastante. Sentia muita falta de sexo. Acho que eram os hormônios. Tentei conversar, mas não funcionou. Até que um dia, durante uma discussão, ele soltou a pérola: não lidava bem com a idéia de transar com uma mãe! Parecia uma coisa antiga, e ele é muito jovem, descolado. Mas era isso. Falar essa verdade, que até para ele parecia um absurdo, foi o caminho para o entendimento. Nessa altura, mesmo com um barrigão de quase oito meses, voltamos a transar."
MARA*, 28 ANOS, JORNALISTA
"Estávamos juntos fazia dois anos quando a história esfriou. Comecei a achar que ele tinha outra. Deu uma paranóia porque, durante pelo menos quatro meses, ficamos quase totalmente sem transar. Ele inventava desculpas para a gente não se ver e acabamos rompendo. Tempos depois nos reencontramos, como amigos. Foi bom, mas nessa época já estávamos com outras pessoas. Um dia, quando já nos sentíamos bem seguros, tocamos no assunto. E ele me confessou que nunca tinha existido outra mulher. Era um problema dele mesmo, coisas pessoais que interferiram no nosso relacionamento. Pena. Mas a experiência, por pior que seja, faz a gente crescer."
JÚLIA, 27 ANOS, PUBLICITÁRIA

O lado dele
"Depois de três anos e meio de casamento, o sexo começou a falhar. Apelei para o Viagra, que logo de cara funcionou. Depois, não mais. Ainda bem que não contei que estava usando, porque admitir seria um fracasso maior. Eu não ficava suficientemente excitado para ter uma relação sexual completa. Por isso, muitas vezes me limitava aos carinhos. Eu dizia que estava cansado, chegava tarde do trabalho ou dava desculpas. Passamos uns seis meses assim. Como eu já tinha falhado algumas vezes e ela percebeu que eu ficava mal, foi compreensiva e me aconselhou a ir ao médico. Mas eu só segui a sugestão quando descobri na internet uma clínica que achei discreta. Percebi que a raiz do problema era o stress no trabalho. Eu estava sendo muito cobrado profissionalmente, pois havia assumido recentemente um cargo de gerência. Mesmo depois de entender isso, para mim foi difícil me abrir com minha mulher e mesmo com amigos. A sorte é que, por fazer o tratamento numa clínica multidisciplinar, com médicos e psicólogos, quase sem perceber já estava em terapia. Como o profissional era homem e especializado nesses casos, foi mais fácil encarar o tratamento. Até hoje, um ano e meio depois, mantenho contato com o terapeuta. Com o tempo, consegui me abrir com minha mulher. Ela tem tido paciência para esperar os resultados da terapia, que não são imediatos."
FLÁVIO, 36 ANOS, BANCÁRIO




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