quinta-feira, 27 de março de 2014

Intolerantes, os donos da razão

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Certas pessoas transformam alguns temas em missões de vida, não porque defendam princípios importantes para o ser humano – se assim fosse sua atitude estaria justificada, mas simplesmente porque o outro é diferente: pratica uma religião diferente, pertence a outra cultura ou classe social, tem outra cor de pele ou orientação sexual, nasceu em algum país exótico ou distante.
Há coisas que são totalmente indefensáveis – não há cultura ou credo que as justifiquem. Por muito que se tente, não há como conviver com certos princípios ou atitudes: defender a supremacia de uma raça, religião, grupo político ou de um ser sobre o outro, excisar meninas em nome da fé, ser homofóbico ou ser racista, são apenas alguns exemplos sem defesa, porque estão muito além das diferenças culturais. Exemplos assim atingem a própria humanidade, a sua civilidade e evolução espiritual – aquilo que, na essência, nos afasta da animalidade e da barbárie.
O mais espantoso é que, muitas das pessoas que criticam as atitudes preconceituosas dos outros, e se consideram arautos do Bem, têm atitudes igualmente intolerantes. É como se houvesse dois pesos e duas medidas: uma para os outros – que eles podem julgar livremente, e outra para eles próprios – que só podem ser julgados por Deus.
Infelizmente, a intolerância e o preconceito ainda são muito frequentes na sociedade atual.
Hoje falemos de grupos religiosos. O que está em causa aqui não é a religião, mas a existência de um bando de indivíduos intolerantes e fanáticos que se escudam na religião para criticarem e agredirem as escolhas de vida alheias.
Parece óbvio que a religião deveria ser um caminho para a elevação espiritual, para ajudar as pessoas a descortinarem o melhor de si: terem compaixão, perdoarem, serem tolerantes, amarem o próximo. Nunca ouvi falar de um verdadeiro líder religioso que não tivesse  seguido estes princípios e, no entanto, o que mais há é gente que não larga a religião e não segue nenhum desses princípios basilares.
É triste ver alguém atacando e assediando moralmente os outros por pertencerem a uma religião diferente. E é difícil entender como alguém pode considerar-se dono da verdade e acreditar que a sua opção religiosa é a única que está correta, e todos os outros estão errados, não pertencem ao grupo dos “eleitos”, e vão “arder no fogo dos infernos”. Sempre achei que isso fosse um julgamento que pertence à esfera do divino, e não à esfera dos homens!
E como se pode conversar com uma pessoa assim? Alguém que se acha dona da razão? Não há diálogo possível. Qualquer resposta, qualquer palavra, só irá agravar a situação, porque pessoas assim sentem-se facilmente afrontadas e tornam-se agressivas. Aliam ignorância com estupidez – uma combinação letal.
Uma religião – ou um credo – que não segue o caminho do amor, da tolerância e do respeito ao próximo, não é do Bem. É outra coisa qualquer. É um caminho obscuro que leva ao ódio e ao fanatismo. E o fanatismo é acreditar que a “sua verdade” está acima de tudo o resto e surge quando o amor pelo outro tem menos valor que as sua crenças pessoais. E isso viola um dos princípios religiosos essenciais: o do amor ao próximo, o amor à humanidade.
Criação de Adão - Michelangelo
Pergunto: há alguém que ainda acredite, em pleno século XXI, que se possa marginalizar, insultar, agredir ou matar em nome de Deus? E que Deus é esse? É, certamente, um deus humano, criado à semelhança dos homens, herdeiro de suas falhas e limitações, sua cegueira e intolerância.
Um Deus de verdade quer tolerância, paciência e respeito pelo outro, amor e compaixão. Se alguém que diz seguir algum credo não praticar estes princípios, então é porque está deturpando o Bem.  Cada religião tem o seu espaço, e há que respeitar as escolhas – não apenas as religiosas – há que respeitar qualquer escolha, porque cada um de nós tem algo diferente a aprender, mas certamente todos temos que aprender a ser mais tolerantes. 

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