sexta-feira, 7 de março de 2014

Nas primeiras transas, fazer de tudo na cama pode fazer um homem não querer se relacionar comigo?

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Meninas, de vez em quando pingam umas perguntas tão deslocadas no tempo que me dá uma vontade, assim, de voltar ao passado e, lá no passado, quando essa pergunta fizesse, talvez, algum sentido – porque naquele passado éramos todos um pouco mais broncos –, aí sim dar uma resposta longa, profunda, com detalhes e investigações totais.
Só que não.
Hoje é hoje. E a água corrente, o fogo, o avião, o flúor e sei lá mais que evoluções nos trouxeram a um lugar em que, putz, já não dá mais pra tolerar certas patetices. Sei que a barbárie ainda está por aí, na praça, no perfil, na rede social. E sei que não é fácil tolerar os tolos de cara alegre, como diria o santo. Mas, puxa, eu gosto de acreditar que não estamos mais onde estávamos. Que aprendemos. Que aceitamos a linda lição de, diante do tanto que há para aprender, estejamos sempre com a docilidade de querer ouvir.
Mas parece que não é assim.
Quando ainda hoje chegam perguntas como esta aqui (peraí que eu já conto), o negócio é só ler, debater a cabeça num meneio frenético e então responder:
“Não, meninas. Mil vezes não. Não tem problema e você não será menos especial. E se tiver problema, e se o cara te disser isso, que há problema em fazer o que você gosta, se ele sentir isso, o problema é ele e nunca você. Fazer o que sentir vontade na cama, descascar de significado o sexo, estar ali pelo momento. Isso tudo faz de uma transa uma transa. Tudo o mais é inventar minhoca. Sexo não sobrevive a uma análise. E não precisa de análise. Sexo é aquilo ali, aqueles cinco, dez, vinte, quarenta minutos, resolvidos e vividos sob e sobre o lençol. E entre os dois ou três ou quatro que daquilo participarem. Os dois (e três ou quatro) estando felizes, os dois (ou três ou quatro) querendo, vale tudo. Quem analisa em demasia o sexo depois de o sexo acabar, não transou. Teve só uma experiência meio esquisita. E não, não, não. No amor, na brincadeira suada e sapeca, não cabem moralismos e grandes regras. É uma dança meio torta, meio engraçada, meio inesperada, meio imprevisível que vale pelo tempo que durar. Portanto, minha resposta à pergunta que eu ainda não contei é uma só:
Esse cara aí é um louco e um idiota. Fuja”.

UMA QUESTÃO ORAL
Eis a dúvida:
“João, me ajuda. Posso parecer até inocente com o que vou dizer, mas fiquei mesmo tão incomodada com algo que me aconteceu que só queria dar uma passadinha por aqui pra confirmar se estou louca, se o cara está louco ou se é tudo assim mesmo.
Enfim…
Aconteceu que fui transar com um carinha aí. Era nossa primeira vez. A gente trepou. Foi bacana, acho. Nada memorável. Mas também não foi ruim. Típica primeira transa, aquela em que descontada a empolgação a gente vê que estávamos um pouco ansiosos, um pouco nervosos, descobrindo como o outro gosta e funciona. Acho normal hoje em dia não esperar que tudo seja maravilhoso e de princesa. Até me atraem as transas meio tortinhas, se a noite toda for bacana…
Só que depois de a transa acabar, começamos a conversar. E acabamos falando sobre sexo. Em certa hora, ele me parou e disse assim:
-       … mas o negócio é que preciso te dizer uma coisa. Um toque, na real…
Fiquei meio assim, com coceira, porque, né, já na primeira vez o cara querendo me ensinar uma real. Mas até achei curioso. E vai que poderia ser bonitinho. Porque pensa, João: um homem sem rodeios, querendo uma troca franca de intimidades sexuais, me dizendo do que gosta ou não…! Raridade, vai.
Porque, convenhamos – e acho que aqui muitas leitoras haverão de concordar: vocês homens são de uma timidez total no sexo. Não digo só na hora de fazer. Isso até que tem homem que se garante bem. Falo mesmo na hora de lidar, de pensar, de falar sobre o tema. Como tem cara que não assume do que gosta! Por exemplo: se um carinho assim, ali perto do rego dele, é o que faz tal sujeito feliz, ele não diz nada porque pode pegar mal, mesmo que eu tenha reparado que quando passei a unha por ali ele curtiu. Se ele gosta de uma cavalgada mais romântica e menos pornô, ele não diz porque ele pensa que o bom sexo é aquela tipo festa do peão, em que a gente serve de montaria pra ele pular. E mal sabem eles como às vezes um sexo minimalista é gostoso. Se ele tem vontade de tomar uns tapinhas e dizer uma palavrinhas, ele guenta firme porque acha que só mulher geme alto e pode ter o bumbum espancado. E mal imaginam como a gente também curte um cara que simplesmente geme e não fica só naqueles clichês tipo ‘goshhhhtooooosa’.
Enfim… Posso dizer que já vi muito homem engolir a possibilidade de ter o sexo que ele sonha porque é um menino meio bobo, travado e preconceituoso. Claro, claro. Sei que não são todos, como você sempre diz, João. Mas concordam ou não comigo, as leitoras: tem ou não tem muito carinha assim?
Bom, mas eu ia dizendo que esperava desse cara com quem transei e que anunciava um diálogo franco – ele queria me dar um toque!, vejam só! – uma exceção. Imaginava que ele me diria as coisas de que gostava. E do que queria. Fiquei até meio animadinha. Começava a pensar naquela transa como uma experiência melhor do que a encomenda (porque ultimamente, a encomenda tem vindo estragada, viu Nossa, João, como está difícil a gente manter relacionamentos, estáveis ou mais informais, com outras pessoas. Parece que tá todo mundo tão assustado, tão travado, tão cheio de traumas e defeitos…).
Mas aí, enfim, ele abriu a boca para me dar aquele ‘toque’. E quando abriu a boca, saiu isto:
-       Falo isso bem na boa, tá? Só porque me importo com você e acho que isso vai te fazer bem. Mas sabe duma coisa? No primeiro encontro talvez seja melhor você se segurar mais… Homens reparam nisso.
Eu disse: o quê, como assim, não e hein.
E ele:
-       É, então, é que poucos homens dizem a real, mas quando você; digo, quando uma meninas vem e já na primeira vez chupa, faz de tudo, é ótimo e coisa e tal, mas passa assim uma impressão…
João, fiquei bege. Ele falou e falou e se explicou, e do que lembro e posso te dizer é que, na cabeça dele, homens julgam mulheres que fazem isso. Como se a partir do momento em que uma primeira transa é completa, safada, cheia de desejo, meu valor fosse menor porque ele filtraria disso uma garota que faz tudo com todos. Eu seria menos… especial.
Fiquei em silêncio. E ele se explicou.
Disse que que não que ele fosse fugir de mim, nada disso. Ele tinha adorado o nosso encontro. Mas como ele vem notando que cada vez mais as amigas dele reclamam que homens só amaciam as garotas, com promessas e sugestões de futuro e de relacionamento pra, na verdade, transarem com a gente e aí, quando transam com a gente, porque a gente fez ‘de tudo’, fez o que queria, gemeu, chupou, gozou, foi chupada, eles usam isso de desculpa pra assumir pra eles mesmos que a gente, por ser tão safadinha também, está ali só pra trepar e menos pra se relacionar. Isso, disse o carinha, assusta os caras.
Você consegue me entender, João?
É como se porque eu, por exemplo, gosto de fazer e receber um oral desde o primeiro encontro automaticamente desse motivo para os homens me verem como uma garota que está aí apenas para trepar. O que nem deixa de ser verdade. Não estou aí ou aqui para isso ou aquilo. Não sou alguém que sai pela noite só numa procura doida por um cara pra casar. Eu quero me apaixonar. E isso pode vir numa sexta a noite ou numa segunda pela manhã. O que eu não quero é achar que entramos num mundo tão cheio de significados, tão complicado, que até o mais simples, o que menos precisa de sentido se tornou uma coisa que agora quer dizer outra coisa e porque quer dizer outra coisa significa que nunca vou achar um sujeito que me respeite…
É como se se eu realmente quisesse um namoro, um relacionamento, e respeito(!), eu precisasse me segurar um pouco mais. Ir aos poucos. Fazer um jogo de sedução. Estabelecer estratégias na cama: primeira transa, papai-e-mamãe. Segunda transa, de quatro. Terceira, oral. Quarta, tapa na bunda. Quinta transa, gozar…
Que inferno!
Enfim, João. Era essa a grande dica que o tal sujeito me deu.
Te juro que mal pude responder.
E ainda saí com dúvida, olha que idiota que eu sou. Simplesmente não consegui absorver tudo aquilo na hora. De repente, vai que tinha alguma lógica naquilo.
Mas e aí, João?
Tem? Deixa ver se eu resumo tudo num jeito bem idiota: fazer um sexo oral já no primeiro dia pode ser causa pra um sujeito não querer ficar de novo com alguém? Deixa a gente menos especial?”

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