segunda-feira, 14 de abril de 2014

Meu casamento terminou. Devo sair de rede social ou tudo bem espiar a vida dele um pouco?

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Meninas, a pergunta aí de cima é só o começo da dúvida da leitora, mas não é toda a dúvida da leitora. O tudo da leitora é isto aqui:
“João, meu casamento de cinco anos acabou. Já chorei tudo o que tinha de chorar, ainda é recente, mas a vida segue. O problema é justamente esse. A vida seguindo. A vida seguindo no Facebook. É inevitável, já que continuamos amigos na rede social. As fotos dele aparecem na minha página e não consigo não olhar. Dia desses, ele foi a uma festa. Tava lá o nome dele tagueado. Ele aparecia conversando bem juntinho de uma garota. Papinho no pé do ouvido. Fiquei doida. O que fazer? Deu vontade de ligar, de brigar, de berrar! Ao mesmo tempo, João, é direito dele. E pode não ser nada. Só uma amiga? Enfim, não sei muito o que fazer. Saio por uns tempos do Facebook? Tiro ele da minha lista de amigos? Não é muito radical? Convivo com isso? Deixo pra lá? Fico brava? Tudo bem ligar pra ele!!!???”

Tudo bem, não. Tudo mal.
Meninas, eu não sei. A vida após a morte é dureza, é difícil mesmo.
O problema todo é que, até uns anos atrás, até Mark Zuckerberg, a vida após a morte era um fim. A gente tinha a chance de pingar pontos finais. A gente chorava, dava adeus e pronto, universos a parte. No máximo, contando com o azar da sorte, tinha aqueles encontros constrangedores numa festa, numa rua, num show, anos depois, chance de rever e ver como ele encarecou, como ela engordou.
Depois de Mark Zuckerberg, a vida após a morte é uma vida acessível e imediata.
O paraíso do Facebook, garotas, é um inferno pra todos nós.
MORRER ONLINE
As redes sociais são uma falsa benção. Um negócio que muda a gente por dentro e ninguém sabe direito o peso disso. Acesso total. Livro aberto.
Tenho recebido e-mails muito parecidos a esse aí de cima. O povo sofrendo calado. O povo espiando. O povo deslike por dentro, mas like por fora. Tudo joinhas mil. Muita pose. Muita opinião. Mas se a gente filtrar bem essa euforia da vida banal, o que pinga é um pay per view de sofrimentos online.
REVIVER ONLINE
Há uma única e escassa vantagem nessa vida de anúncios tão públicos: quando fulana muda seu status para single, ela não percebe, mas toda uma engrenagem de atenções se movem, culminando numa horda matreira de homens que, avisados, olharam pra fulana como um novo peixe disponível na praça.
Ou seja, quem tava só esperando o momento, sabe que o momento chegou.
O que me incomoda nisso tudo é que, com isso, você e eu perdemos o tempo de luto, aquelas semanas ou meses em que tudo que precisamos é espantar urubu e ficar um pouquinho de canto.
No Facebook de anúncio tão públicos, no dia seguinte você já vira alvo, já recebe um poke, já ganha aquele recadinho de consolo cheio de saliva e sensualidade por trás.
O ser humano não presta.

O QUE FAZER, ENTÃO? VIDA OFFLINE?
Vivemos tempos muito esquisitos. Acho lindo e acho heroico essa gente que consegue simplesmente praticar o êxodo online. Essa gente que, com o coração partido, parte desta para uma melhor. E a melhor é offline. Fechar perfis, trancar contas, deixar de acessar.
Talvez seja o único jeito. Qualquer possibilidade de vasculhar o nosso ex pela fechadura será usada. Será uma tortura.
Mas a leitora exige uma conclusão. Vou espremer uma. Esta: moças, as redes sociais desprezam a nossa necessidade de silêncio, de quietude. Fim de namoro, de casamento, é uma era de recolhimento. De acertar contas internas. De chorar, de sorrir, de chorar de novo, de chorar mais ainda e de desacreditar. É o tempo mais nublado que há.
A rede social tira isso da gente. A rede social estraga esse período. Não tem como não olhar e imaginar. Cada fiapo de mensagem, cada foto da pessoa conversando com outro, é uma certeza de que a vida dele seguiu, a nossa não. E embora ele provavelmente esteja pensando e passando exatamente pelo que você está passando (homem separado também investiga a vida da ex, também teme que ela encontre alguém e que isso vá doer, mesmo quando foi ele que terminou), a gente sempre vê no espelho o reflexo mais miserável do mundo.
E com essa certeza, ficamos reféns da alegria que está com o outro.
O que fazer, então? Sair? Desconectar? Ligar?
Não sei.
Acho que sair, desconectar, bloquear. Por uns tempos. Pra sempre. Ligar e cobrar o ex, não precisa. Se o sujeito for muito presente na sua linha do tempo, se tiver foto surgindo o tempo todo, se ele comenta tudo e a cada dois clique há uma frase esbarrando na sua retina, faça o estilo camicase. Tire férias. Agende uma folga de Facebook.
E que época estranha… Todo mundo tão perto, todo mundo falando tanta coisa.
O monitor é nosso melhor amigo.
Sem perceber, criamos a revista Caras da gente mesmo.



J. Antônio

Meu nome é J. Antônio e sou um amador. Jogador de futebol amador, jornalista amador e poeta amador. Frequento duas academias: a de Letras e a do bairro. Na última, convivo e suo ao lado de halteres e halterofilistas amadores. E ao lado de meninas, que brincam de fuzilar gordurinhas, todas lindinhas, molhadas e com calça fusô (minha leitora: é 'fusô' ou 'fuseau' o nome da calça? Eu tenho essa dúvida). Mas dizia que sou poeta e malhador. Aos fins de semana, gosto de correr e comer. Sou bruto e macho, mas sensível. Choro escondido – e ó, se um amigo me perguntar, eu nego. Eu nego! Mas sim. Quando a coisa aperta, quando a vergonha afrouxa, ou quando uma de vocês, mulheres, me machuca, eu choro. É assim desde que nasci. Há 30 anos.

Um comentário:

  1. Mas claro amor que você deve continuar espiando, durante todo o tempo em que vc permanecer interessada nele. Só não esquece de dar uma espiadinha na minha tbm, quem sabe posso ser o motivo pra vc começar a desinteressar-se pelo camarada. Já sou casado e tenho quem me sustente, portanto só quero romance e aventuras de preferencia só a dois...

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