Dor! Dor da indiferença, do desprezo, do abandono, da perda. Com certeza são dores que fazem sangrar mais que qualquer ferida. Faz nos sentir sem valor, diminuídos, sem energia ou forças sequer para respirar, e o pior, faz nos sentir seres indignos de receber amor. Coloca ainda em risco nossa saúde mental, levando-nos muitas vezes a acreditar que nunca a tivemos. Ficamos sem rumo, sem o chão para nos apoiar, porque quase sempre não temos com quem contar, um ombro para chorar. Todos nós tememos, de uma forma ou outra, o desprezo, o isolamento.Quando alguém nos ignora está “gritando” que não somos importantes, que não somos dignos de amor, que não prestamos, que somos culpados, que vamos ficar sozinhos. Nas prisões, a solitária é o mais temido dos castigos. Essa conduta de “gelar” o outro, chama-se indiferença. E é o contrário do amor. No amor podemos incluir até o sentimento de raiva, mas não o aniquilamento emocional do outro através do abandono. O Deus torturador, vingativo e magoado, através do amor, se transforma no Pai da parábola do filho pródigo. Aquele que acolhe, apesar dos pecados.
A relação conjugal só faz sentido se houver acolhimento. Para ser julgado, condenado, culpabilizado não precisamos de marido ou esposa. Amigo é aquele que conhece nossos pontos fracos e nos ajuda a viver melhor com eles. Existem dois tipos de silêncio. O silêncio do amor, quando o coração está tão cheio de graça que nada há para falar. É o silêncio dos amantes, abraçados, durante longo tempo, extasiando-se diante do próprio sentimento. O outro silêncio é o do marido da Rita após as brigas. É o silêncio da mágoa, do rancor. Ele tem por objetivo criar culpa e engendrar vergonha na alma do outro. Com esse silêncio tento submeter o outro a mim, aos meus caprichos, à minha dominação. Quero o outro implorando o meu perdão, rastejando complacência, no juízo final do casamento. Esse comportamento tão comum, mina as relações afetivas. E, com o tempo, os envolvidos permanecem juntos, mas cada vez mais separados. Instala-se a guerra fria e que vai repercutir em outras áreas, além da fala. O silêncio hostil se apropria de todo o corpo e a retaliação se manifesta na frieza sexual, na dificuldade de carinho, de elogio, da admiração. Os dois se tornaram “ligeiramente” inimigos: inimigos íntimos. Às vezes nem se olham, apesar de morarem na mesma casa.
O tal de dormir em quartos separados agrava mais ainda o ressentimento crescente entre eles. As raivas vão se acumulando, não são ditas ou são mal ditas, aumentam o retraimento do casal e a hostilidade (do latim: hostis= inimigo) passa a ser a maneira usual de se relacionarem. A relação vai-se deteriorando, o amor desaparecendo, mesmo que o casamento permaneça. Se não for tratado, este comportamento destrói psicologicamente o casal. Aqui é que entra a necessidade do diálogo.
Somos felizes ou infelizes de acordo com a maior ou menor vivência de sentimentos positivos. Toda tentativa de produzir no outro, sentimentos dolorosos como culpa, vergonha, medo, ansiedade, cria um clima de infelicidade e depressão.
Se o casamento é um espaço para alegria do casal, não faz o menor sentido se maltratarem, através do silêncio torturador, do “ficar de mal” e muito menos algum deles se arvorar em ser Deus e condenar o outro ao fogo do inferno.
Antônio Roberto
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