quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Um homem sensível para chamar de seu

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O homem sensível é aquele que chora no cinema.
O homem sensível ouve tudo que você tem a dizer.
O homem sensível se preocupa com os cabelos, a barba e sempre está com a camisa passada.
O homem sensível é delicado como uma flor.
O homem sensível é um daqueles que você tem que ficar junto pra sempre, porque é raro.
O homem sensível… Sei lá.
O que é ser um homem sensível?
Muito se discute, de algum tempo para cá, sobre os homens sensíveis. Para o bem ou para o mal, existe uma corrente que defende – e uma que repudia – a hipervalorização da sensibilidade masculina. Mas o que, no fim das contas, é isso?
Assumo que nunca havia parado para pensar a fundo nessa questão até começar a escrever esse texto. E, para chegar a alguma conclusão (que você deve descobrir em breve), precisei voltar um pouco no tempo – e na ideia primária desse conceito.
Ser sensível costumava, dizem, ser sinônimo de fraqueza. Ótimos ouvintes, ótimos conselheiros, e só. Homens interessantes eram os homens Homens, com agá maiúsculo. Cara fechada, poucos sorrisos e toda a virilidade de um filme do Clint Eastwood. O durão que ganha o coração da mocinha no duelo. O bad boy que arranca suspiros por onde passa.
De uns tempos para cá, a situação mudou um pouco de figura. O “homem sensível” passou a ser visto como um artigo de luxo, espécie rara, produto em falta. Tido como o par romântico perfeito, a solução para as desilusões amorosas alheias.
Você conhece todos os estereótipos. Já cansou de ouvi-los e reconhecê-los por aí. O sensível e o brutamonte são tidos como completos opostos que se distanciam mais a cada novo adjetivo acrescentado, como se fizessem partes de universos completamente diferentes. Tão afastados que parecem até ter órgãos diferentes, outro tipo de sangue correndo pelas veias. O poeta e o ignorante. O cavalheiro e o cafajeste.
Tudo isso me parece uma besteira inenarrável.
Conheço uma infinidade de cavalheiros canalhas e cafajestes apaixonados. E um número um pouco menor, mas ainda assim significativo, de cavalheiros-cafajestes-canalhas-e-apaixonados. Porque, no fim das contas, pessoas são complexas e múltiplas. Mudam ao tempo todo, graças àquilo que vivem, pessoas que conhecem, experiências que angariam.
E é isso que torna um homem sensível: a vivência. Os erros, os acertos, os corações conquistados e partidos. Não se mede um homem sensível pelo número de lágrimas que ele derruba em um filme dramático, tampouco por pagar o jantar ou fazer uma serenata ao pé da sua janela – até porque, convenhamos: restaurantes estão cada dia mais caros e, com a lei do silêncio, a serenata pode virar caso de polícia se teu vizinho estiver mau-humorado. Ser sensível é estar em contato com os seus sentimentos – e você não precisa chorar copiosamente para fazer isso. Não é apenas ouvir o que o outro, mas saber respeitar quando tudo o que acontecer do outro lado não passar de silêncio.
Não me leve a mal, tão pouco interprete minhas palavras como um manifesto policiando o que é ou o que não é ser sensível. Acredito que toda essa discussão é muito benéfica, já que esse assunto é ainda mais complexo quando tirado do âmbito de relacionamentos amorosos: a sensibilidade masculina ainda é vista como uma fraqueza, um motivo de deboche, e isso é extremamente prejudicial. É o alimento de uma cultura machista, retrógrada, que cria homens que terão uma dificuldade imensa para entrar em contato com seus próprios sentimentos – e, consequentemente, com os sentimentos de outra pessoa.
Não acredito no estereótipo do “homem sensível” como um super-herói que não comete erros e não falha. Esse cara – que se vê e se assume como tal – está ainda mais suscetível a errar justamente por entrar em contato com aquilo que sente, deseja e quer mais vezes do que ele deveria, segundo parte da sociedade. É exatamente isso que torna um homem – ou uma mulher – sensível: conhecer mais sobre você a cada erro – ou acerto.

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