segunda-feira, 16 de março de 2015

Fui traída! Guia de sobrevivência

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Depois de alguns sinais que deram o alerta que o seu homem podia talvez estar a traí-la, investigou, perguntou e obteve a confissão que (não) esperava. E foi assim que entrou para o clube das mulheres traídas: um lugar onde ninguém quer estar, um lugar que já foi definido como o “inferno na terra”. Saiba como lidar com e sobreviver a uma infidelidade. 

Traição, um bicho-de-sete-cabeças

Os estudos realizados sobre a infidelidade nunca são 100% conclusivos porque tratando-se, naturalmente, de um tópico muito sensível (para ambos os sexos!), concluiu-se que os inquiridos neste tipo de pesquisas raramente revelam a verdade nua e crua. No entanto, existem números incontornáveis: os homens traem mais do que as mulheres (60% vs. 40%); mas ambos fantasiam ter uma relação extraconjugal (60% vs. 55%). No caso dos homens, a maioria das infidelidades acontecem nos primeiros quatro anos de casamento, mas voltam a trair entre o 20º e 24º aniversário de matrimónio; no caso das mulheres, a traição normalmente dá-se entre o 5º e o 9º ano de casamento. Quando questionados sobre os motivos que os levam a ser fiéis, as mulheres dizem que são leais porque querem que os parceiros também o sejam; os homens não “saltam a cerca” porque não querem confusões!

Então porque é que o fazem?

Os motivos por de trás da infidelidade são vários e, por norma, uma traição é uma consequência directa de algo que não está bem na relação existente. Subsistem vários tipos de infidelidade, começando pela mental – embora seja a menos óbvia (implica pensamentos ou fantasias acerca de outra pessoa, mas não vai mais longe do que isso), é aquela que pode instigar a infidelidade emocional (quando se partilha uma ligação e um afecto profundo com outra pessoa; embora não seja uma relação física, pode ser o início de uma) ou a infidelidade sexual (quando se procura a satisfação sexual com outra pessoa). Mas existem ainda outras motivações: a procura da novidade, um escape da rotina e da monotonia de uma relação de muitos anos, a afirmação da masculinidade/feminilidade (comum entre traidores compulsivos), atracção sexual ou simplesmente porque a situação proporcionou-se. Porém, a grande maioria das infidelidades masculinas nada tem a ver com amor ou envolvimento emocional.

Fui traída! E agora?

A descoberta de uma traição é o desmoronar de tudo aquilo que dava como certo até aquele momento. A pessoa com quem escolheu partilhar a vida quebrou o pacto do amor, da intimidade e da fidelidade ao envolver-se com uma terceira pessoa. Ao sentimento da incredulidade, junta-se uma dor e uma raiva indescritíveis. Sente-se sozinha, incapaz de perdoar e de voltar a confiar no seu parceiro. Não sabe se vai conseguir percorrer o caminho que se segue. Eis o que deve esperar numa primeira fase:
  • O choque inicial. Esta é a fase da incredulidade total – é incapaz de compreender que o seu companheiro esteve física, emocional e intimamente ligado a outra pessoa que não você. Passa os dias a reviver o tempo em que a infidelidade ocorreu, fazendo ligações e tentando perceber como é que não viu o que se estava a passar, como é que não viu que a sua vida se tornou uma mentira. Só lhe apetece “acordar” deste pesadelo.
  • Raiva e mais raiva. Lentamente, começa a aperceber-se que não se trata de um pesadelo, é a realidade a cores. Confrontada com esta realidade à qual não consegue fugir, os episódios de choro, de gritos, discussões, agressões e o partir de objectos são comuns – sente-se fora de controlo e é assim que vai agir. Nesta fase pode ainda sentir-se fisicamente doente e incapaz de sair da cama, de ir trabalhar ou de ver e falar com outras pessoas.
  • O desejo de vingança. Esta será, provavelmente, a fase mais complicada e onde poderá exprimir a sua raiva de formas muito perigosas, pouco saudáveis ou até mesmo ilegais. A fúria pode cegá-la, impedindo-a de pensar de forma clara e racional, o que pode trazer ao de cima o desejo de vingança. Pode começar a magicar e a planear maneiras de se vingar do seu companheiro ou até da pessoa com a qual foi traída. Ideias de como e com quem trair o seu parceiro começam a invadir os seus pensamentos, assim como formas de o magoar pessoal, profissional ou financeiramente. Nesta altura, é preciso pensar que esta é apenas mais uma fase e também esta vai passar. Tomar atitudes baseadas nas emoções e na dor vão provavelmente levá-la a fazer coisas sobre as quais mais tarde vai arrepender-se.
  • Dissipar a ira. Esta fase é marcada pelo fim dos episódios violentos e descontrolados, resultando num desgaste emocional onde a dor latente mantém-se. Demasiada cansada e esgotada até para chorar, chegou a altura de tentar uma reconciliação ou então colocar um ponto final na relação. Embora devastada, começa a raciocinar novamente, deixando de pensar na outra mulher e volta as suas atenções para a sua vida, para o seu companheiro e para a forma como vão resolver a situação.

Os 5 passos para a reconciliação

Poderá parecer estranho juntar as palavras “infidelidade” e “reconciliação” na mesma frase, mas o certo é que apenas 30% dos casais que enfrentam uma traição acabam por se separar. Ou seja, a esmagadora maioria consegue ultrapassar o adultério e, segundo psiquiatras, terapeutas e investigadores, a relação emerge mais forte do que nunca! Veja como:
  1. Recomeçar. Se escolheu o caminho da reconciliação, segue-se uma fase de intensa comunicação com o seu parceiro: toda a verdade terá de vir ao de cima (não se martirize ao querer saber os detalhes mais sórdidos) e terão de perceber o porquê desta traição. Exija do seu parceiro total honestidade, que cesse todo e qualquer contacto com a outra mulher (se ainda não o fez), que não desdramatize a situação, que não a culpe exclusivamente a si, esperando que esqueça o assunto de um dia para o outro. Se fez alguma coisa que possa ter contribuído para essa infidelidade, tem de assumir a sua quota-parte da responsabilidade. Este será um processo longo e árduo, onde também você terá de se questionar acerca do seu papel na relação e como melhorá-la. Se, por outro lado, optou por terminar a relação, esta será uma fase de intensa solidão, mas é importante reagir: procurar novos interesses, um novo sentido na vida, sem necessariamente ir a correr para os braços de outro homem (não estará preparada por um novo envolvimento emocional). O importante é não fechar-se em casa, deixando-se entregue à sua tristeza – quanto mais fizer isto, mais difícil será seguir em frente.
  2. Voltar a confiar. Uma comunicação aberta e franca sobre tudo aquilo que aconteceu, o que sentiram e o que sentem agora é meio caminho andado para voltar a estabelecer uma relação de confiança. O regresso a um dia-a-dia onde o seu homem está nitidamente a fazer um esforço para se redimir e voltar a solidificar a vossa relação é um bom sinal. Da sua parte, também terá de estar preparada para perdoar e para não dificultar uma situação que por si só já é complicada. Mais uma vez, este será um processo moroso e contínuo, mas que pode ser apoiado pelo estabelecimento de uma nova data para o vosso aniversário, uma mudança no vosso estilo de vida, a instituição de uma nova forma de comunicação, entre outros. O ideal não é procurar a relação que tinham, mas sim começar de novo.
  3. Lembranças e memórias. O que nunca vai poder apagar da mente serão nomes, lugares, ou momentos que vão recordar a altura em que o seu companheiro foi infiel: pode ser uma música muito popular naquela época ou o restaurante pelo qual passa quando vai ao dentista e onde sabe que eles jantaram frequentemente. Estas lembranças podem surgir a qualquer momento e não há nada que possa fazer para as evitar, apenas evite ficar obcecada com coisas que estão agora no passado, que não pode mudar e que no fundo está a tentar esquecer e enterrar.
  4. Estabelecer objectivos realistas. Quer queira, quer não, a relação com o seu parceiro nunca será como antes. Terá de questionar-se: consigo viver com esta nova realidade? Vou conseguir perdoar o meu companheiro e não falar sobre a sua traição todos os dias? Confio nele? Ele já assumiu a sua responsabilidade, a sua culpa? Tem-se dedicado à reconciliação? Foi totalmente honesto quando disse que nunca mais voltaria a acontecer nada semelhante? Se sim, a reconciliação é um objectivo realista. Se, por outro lado, o seu parceiro continua a desmentir o seu caso amoroso, não responde às suas perguntas, continua a agir de forma suspeita e/ou mantém o contacto com a outra mulher, terá de avaliar se vai conseguir viver assim. Talvez a reconciliação não seja uma meta razoável. Terá de pensar em si. Coloque-se em primeiro lugar.
  5. O novo eu. Com ou sem o seu homem, vai recuperar e bem. Vai demorar o seu tempo, mas sairá deste momento horrível uma pessoa mais forte, mais saudável, mais atenta. As lições mais importantes a retirar são: não pode entregar a sua felicidade numa bandeja a outra pessoa, nem estar totalmente dependente do seu parceiro, seja ele quem for. Cultive os seus próprios interesses e amigos, tenha uma vida própria – se a relação não sobreviver, terá uma rede de apoio; se sobreviver, esta será uma preciosa lição de vida e de crescimento pessoal. Já Nietzsche dizia: o que não me mata, só me fortalece.

Relações mais fortes

Está comprovado que os casais que conseguem sobreviver e ultrapassar uma infidelidade, acabam por sair dessa crise com uma relação mais forte do que nunca. Como? Para começar, reconheceram que não seria um obstáculo muito fácil de contornar e deram, um ao outro, o espaço e o tempo necessário para o fazer; não foram impulsivos e pensaram profundamente naquilo que era melhor para cada um; não se deixaram influenciar por familiares ou amigos; dedicaram-se em conjunto à reconciliação e comprometeram-se a serem honestos, comunicativos e capazes. Só o facto de terem ultrapassado, com amor e dedicação, um momento tão delicado como uma traição é o suficiente para fortalecer qualquer relação. Com uma nova linha de comunicação aberta, novas ideias, emoções e interesses vão reavivar a vida a dois. E já se sabe: quanto mais investir numa relação, maior e melhor será o retorno final.

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