quinta-feira, 19 de março de 2015

Solidão

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A solidão está virando uma epidemia, principalmente nos grandes centros. Esta afirmação está em todos os noticiários atualmente. E já virou lugar-comum nas rodinhas de amigos e até de profissionais.

Segundo dados do IBGE, nos últimos 20 anos, no Brasil, o número de casas habitadas por uma única pessoa passou de 7% para 12%. O ser humano não nasceu para viver sozinho e que não existe desenvolvimento humano sem vínculos entre os diversos grupos sociais, isso já foi comprovado pele Antropologia e hoje é senso-comum.
O sentimento de solidão é um alerta para a busca de companhia, assim como a fome e a sede são alertas que o corpo está precisando de alguma coisa. Ter um grupo de amigos é uma necessidade do ser humano. Contudo, se sentir sozinho em alguns momentos significa ter uma vida saudável. Todos nós, todos os dias, podemos entrar e sair do estado de solidão. E isso é super normal.
Porém, um estudo chamado Solidão, isolamento social, e indicadores de saúde comportamentais e biológicos em adultos mais velhos, publicado na revista oficial da Divisão de Psicologia da Saúde, a American Psychological Association, e produzido pelos autores Shankar A, McMunn A, J Banks, Steptoe A, atestou que a solidão é mais um fator de risco para o aparecimento de várias doenças. "Ela é mais prejudicial à saúde do que a obesidade e o cigarro. A questão é que o bem-estar físico e o mental estão interligados", explica o psicólogo e diretor do Programa de Psicologia Social da Universidade de Chicago John T. Cacioppo. "Se o indivíduo está triste, o seu organismo irá reagir de uma forma e isso implica na quantidade e no tipo de substâncias que serão liberadas", explica a psicóloga do Einstein, Ana Lucia Martins da Silva.
A solidão ajuda a degradar o corpo mais rapidamente e aumenta o risco de doenças cardiovasculares, pois o sentimento de viver só deixa o indivíduo em estado de alerta contínuo, já que tem que se defender sozinho sempre, o que aumenta a pressão sanguínea, e faz liberar no organismo altas concentrações de cortisol, hormônio ligado ao estresse. Segundo a Ana Lucia, já existe nos EUA, mais precisamente no The Johns Hopkins Bayview Medical Center, uma área chamada de Cardiologia Comportamental, que estuda a relação entre os fatores psicológicos e a cardiologia. "Nossas emoções influenciam a nossa fisiologia, podendo proporcionar bem-estar ou mal-estar imediato, assim como danos a longo prazo, quando lidamos com o estresse crônico. Neste sentido, a solidão pode ser percebida pelo individuo como fonte de estresse", afirma a psicóloga.
Para quem gosta do isolamento, a solidão não é fator de risco
Outro problema é a baixa imunidade presente nas pessoas que se queixam de uma vida reclusa, pois elas possuem genes menos ativos na proteção contra vírus. "Pessoas que vivem em companhia de outras e que tem uma vida social mais movimentada estão naturalmente mais propensas a pegar viroses, porque estão em maior contato com outros indivíduos, logo o sistema imune delas é forçado a trabalhar mais. Já aquela que vive afastada do mundo, menos exposta a qualquer tipo de vírus, acaba apresentando um sistema imunológico mais fraco", esclarece a psicóloga.

Por que as pessoas se isolam?

O ser humano passa a maior parte do seu tempo de vida acompanhado por outras pessoas. Mas, para muitas delas viver cercado de muita gente por várias horas pode trazer insegurança, competição desenfreada e medo, e tudo isso aumenta a carga de estresse. Como fuga, o indivíduo procura o isolamento.
Existem também aqueles que vivem cercados por várias pessoas, mas mesmo assim não conseguem se sentir parte daquele grupo. E na maioria das vezes, se isolam ainda mais. O problema vai virando uma bola de neve, e se a pessoa não procurar ajuda psicológica, tende a não conseguir sair da situação em que se encontra.
Segundo o professor e sociólogo Nicholas Christakis, criador da Teoria da Rede Social, as pessoas vivem em ilhas, quem está infeliz irá procurar outra pessoa infeliz. É o que podemos chamar de contágio social. A solidão e a tristeza, assim como a alegria e o riso, são contagiosas. Uma pessoa solitária tende a dividir a solidão com outras, e essas, gradativamente e em grupo, acabam se afastando dos seus círculos sociais.

Síndrome do ninho vazio

Não raro ouvimos mães se queixando do quanto estão se sentindo sozinhas e sem função depois que o filho cresceu e resolveu morar sozinho ou casar. E isso acontece porque essa mãe passou a vida inteira em função desse filho. Essa solidão é uma carência do eu. "Ela precisa voltar a notar suas emoções, desejos e ambições", explica Ana Lucia.

Solidão e internet

A solidão pode, algumas vezes, levar às compulsões, e a internet está sendo vista como uma delas. A realidade concreta se torna tão ameaçadora que o indivíduo se refugia na internet. 


Pessoas com dificuldades de fazer amigos e de se integrar em grupos tentam se esconder atrás de um mundo virtual e acabam se viciando no anonimato. Se o indivíduo efetivamente não consegue mais se relacionar com as pessoas a sua volta, isso pode se tornar uma doença.
Pessoas ansiosas, irritadas e de temperamento explosivo muitas vezes usam a internet como válvula de escape para se manter longe das relações interpessoais, pois assim garantem o anonimato e afastam receios, insegurança e medo de não ser aceitas. O mundo virtual é um mundo protegido, mas que pode levar a sérios distúrbios emocionais.

O prazer do isolamento

Nem todo solitário vai cair de cama, doente, com problemas físicos ou psicológicos. Tem gente que gosta de se isolar e sente prazer em ter responsabilidades e cuidar de si, sem ajuda de outros.
"Para quem gosta do isolamento, a solidão não é fator de risco. Isso depende do perfil psicológico de cada indivíduo. O perigo surge quando a sensação de isolamento é constante, e isso independe de ter ou não uma companhia", explica a psicóloga.
"Mas quem tem companhia de qualidade consegue se cuidar mais. Isso, sim, é um fator protetor", conclui Ana Lucia.

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