sábado, 9 de janeiro de 2016

Sobre o peso que carregamos

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Relações humanas são assim que nem a prateleira de um supermercado. Ali estão produtos que pesam, engordam, nos fazem acumular gorduras, fazem mal à saúde. E também aqueles que nos afinam, emagrecem os excessos, dão equilíbrio  – embora isso sempre possa mudar – e nos fazem leves. Sempre temos o poder da livre escolha, somos capazes de perceber, tão logo começa a acontecer, os sinais de histórias que saem da rota, que parecem caixas cheias de tralhas que não conseguimos arrumar e que não só ficam ali, como vamos colocando mais e mais itens, transbordando até que o incômodo é maior, é imenso, impossível de carregar ou arrastar.
Porque o outro pode nos pesar muito, tanto quanto podemos trazer peso além do poder do outro de desejar ou suportar  carregar. Afinal, não somos assim produtos desenvolvidos apenas na versão light. E o pacote completo, o combo nem sempre saudável que podemos ser, pode não fazer bem para alguém, o que não quer dizer que carreguemos o glúten que tanto malefício traz aos intolerantes. Ou seja, não habita apenas em nós a razão pela qual o encontro com outra pessoa, inclusive quando há amor, não nos faz sílfides, quem sabe rinocerontes com artrose. Mas é fato que somos responsáveis por permitirmos que o peso daquela relação só incorpore novos e novos quilos sem interferir para a dieta urgente, sem dizer que não se quer mais aqueles pneus que surgem para todos os lados, ou quem sabe, com o perdão da expressão que não se pretendeu jocosa, para a troca do alimento ou da prateleira do supermercado.
Sim, não somos leves. Mas nossa natureza é. Ou não é verdade que fomos durante tantos anos a criança que não temia sorrir, instintiva e genuinamente? Só que um dia, sei lá quando, a mente se meteu na história e começou a interpretar tudo, pensando por nós, escolhendo por nós e, o que é pior, tentando escolher pelo outro a partir da ideia que criamos sobre como o outro pensava a respeito de todos os assuntos. Assim se fez o caos, e a dor, e o sofrimento e essa coisa importante, mas custosa, de discutir relações a partir daquilo que sequer falamos para o outro, mas que queremos que ele entenda e nos dê respostas.
Sim, não somos leves, mas principalmente parecemos mudos. Se não falamos de forma clara – o que não quer dizer rude nem agressiva – como podemos querer que o outro nos ouça e até entenda. Por que carregamos tanto o hábito de taxar as pessoas e dela esperar tão somente àquela caracterização estabelecida por nós e que em si traz as limitações e os pesos que não permitimos serem alterados. Ninguém é alguma coisa. Ninguém é teimoso, ou intolerante, ou gastador, ou sovina, ou não gosta de sair, ou tem medo de chuva,ou não quer encontrar os amigos do companheiro ou companheira. Não o tempo todo, como é comum atribuirmos a alguém nas relações de todo o tipo. Fulano não esquece tudo como insistimos em dizer. Ele esquece algumas coisas, mas não permitimos que ele se livre dessa adjetivação por nada. E repetimos insistentemente. Como imaginar que ele um dia deixe de ser assim, ou entenda as razões pelas quais alguns esquecimentos nos incomodam.
A questão é a comunicação clara, sem pré-definições ou pré-interpretações de qualquer coisa. A palavra objetiva desmistifica e esclarece. Se nos sentimos pesadas em uma relação, certamente estamos carregando o peso daquilo que não resolvemos, que não falamos, que não explicamos, que não queremos mais. E é fato de que para esses quilos a mais não há vigilantes que resolvam. Só você!

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