terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

QUEM MATOU MEU ANTIGAMENTE?

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Saudades do meu antigamente!
Todos nós temos nossos antigamentes guardados como preciosidades.
Por onde andará meu? Quem o roubou de mim?
Tenho procurado por montanhas e vales. Nas calçadas, nas árvores. No esmaecido luar. Em cada pingo de chuva. Em cada voz que canta. Em cada pássaro que voa. Em cada flor que desabrocha.
Tenho procurado meu antigamente dentro e fora de casa. Naquela pracinha repleta de verbenas. Onde os casais de namorados se entrelaçavam em inebriadas juras de amor.

Naquela cadeira vazia do cine Phaté. Na beira mar e no passeio de barco. Na escola onde estudei. Nas ruas por onde andei. Nas missas aos domingos. No primeiro, segundo, terceiro e quarto quarteirões de onde moro.
Até atrás das portas e debaixo das camas, procurei meu antigamente.
Fiz fervorosas promessas aos meus anjos e santos protetores.
Porém, nada encontrei!

A minha primeira professorinha e os meus primeiros amores onde andarão?
Nossos antigamentes são bibliotecas onde
Guardamos com carinho os livros da saudade;
Os sonhos que sonhamos, os sorrisos que demos
E as lágrimas que derramamos.

Lá se foi meu antigamente, para sempre!
Ando atrás do malvado que o levou...
Imagino meu antigamente envolto num manto grená de saudades
Que nem o tempo apagará.
Deixando meu coração apertado e em frangalhos.
Ele foi lindo! E passou tão rápido que nem tive tempo de fazer uma réplica
Dele, de salva-lo no computador do meu coração.

Junto com meu antigamente foram-se minhas alegrias.
Sumiram as esperanças que ainda mantenho acesas na minha alma dolorida. Foi embora também o pranto que cai quando pensamos
No que foi e não é mais.
Todo antigamente de todo mundo é permeado de lembranças saudosas.
Sentimentos que não fenecem como as folhas, nem se esgarçam como o cetim, que cintilam como as estrelas.

Como foi romântico, colorido, emocionante, divertido, promissor. Consolador, alegre, meigo, participativo, sincero o meu antigamente!
Nossos antigamentes são os arquivos onde guardamos os "primeiros".
O primeiro sorriso, o primeiro passo, os primeiros tombos,
Os primeiros beijos, os primeiros vislumbres do saber.
Foi no antigamente que aprendemos a ser crianças, depois
Veio a adolescência, a mocidade...e a vida floriu!

E o antigamente foi ficando para trás cada vez mais.
Porém, foi lá que demos o primeiro beijo na namorada,
Conhecemos os mais belos acordes das músicas.
Foi lá que urinamos pela primeira vez na cama da mamãe.
Foi lá que começamos a enxergar o mundo rico e pródigo.

Se não fosse nosso antigamente cheio de descobertas, não
Teríamos nos preparado para o futuro.
Não teríamos carregado nas costas o pesado fardo das
Responsabilidades futuras, embutidas nos
Anseios do nosso porvir.

Hoje eu venero e bendigo o meu antigamente pois foi ele que me ensinou,
O primeiro passo para aguçar minha inteligência, para
Conhecer o mundo, saber ler, contar e estudar.
Foi antigamente que aprendi a amar meus pais e irmãos;
Aprendi que as pessoas que me cercam são meus irmãos em cristo
Que passei da luz do candeeiro a gás para a lâmpada florescente
Foi um passo de gigante.
Não sei se estou certo: mas não devia haver "antigamente nenhum"!

Agora, mergulhado no futuro, tenho medo!
Tenho medo das revoluções do espírito e do corpo.
Tenho medo de quem passa ao meu lado, das caras feias dos vizinhos.
Tenho medo até de minha sombra!

A liberdade de antigamente foi trocada pelas suspeitas,
Pela falta de segurança, pelos assaltos cruéis.
A marcha lenta de antigamente, deu origem a uma desenfreada
Reviravolta no nosso pensar sentir e querer.

Assustam-me as tecnologias novas, os palavrões novos,
O novo sentido da libertinagem, do vandalismo.
Os filhos sem pais, a precariedade do ensino,
Os veículos de comunicação ensinando baixarias e opróbrios,
A brutalidade circulante, as descomposturas
E a falta da fé em deus anulando os sentimentos religiosos.
Assusta-me tudo que é novidade. Mas tenho que aceitar
O que não pode ser mudado. Não podemos parar o tempo!

Adeus, meu antigamente, preciso esquece-lo senão enlouqueço!
E não se fala mais nisto.

Autor: Rivaldo Cavalcante

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