quinta-feira, 10 de maio de 2012

Falando de Amor / Artur da Távola

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A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. É 


o mais independente. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as 


impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a 


conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido. Afinidade é não haver tempo 


mediando a vida. É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo para o objetivo. Do 


permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial. Ter afinidade é 


muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia 


antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de 


estar juntas. O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante 


de alguém com quem você tem afinidade. 


Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, 


comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras. É receber o que vem do 


outro com aceitação anterior ao entendimento. Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem 


sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.


 Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado. Quantos amam e sentem para 


o ser amado, não para eles próprios. Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está


 sentindo. É olhar e perceber. 


É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar. Afinidade é 


jamais sentir por. 


Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo. Mas quem sente com, avalia sem se 


contaminar. 


Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar. Quem não tem 


afinidade, questiona  por não aceitar. Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.


 É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidade 


vividas. Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de 


separação. Porque tempo e separação nunca existiram. Foram apenas oportunidades dadas


 (tiradas) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar. E para que cada 


pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do 


eu individual aprimorado.

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