segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Não estrague sua transa

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Não existe época boa ou ruim para fazer sexo; você sabe que transar é uma das melhores coisas que há para se fazer na primavera, no inverno… Mas o verão é sempre o verão – e qualquer equação que envolva férias, baladas, sol, praia e mulheres de biquíni constitui uma combinação muito especial quando o assunto é sexo. O problema: se nessa época a oferta de sexo aumenta, os riscos se multiplicam na mesma proporção. Depois de uma exposição intensa ao sol, por exemplo, a imunidade pode cair e a possibilidade de contaminação por uma doença sexualmente transmissível (as temidas DSTs) aumenta.
Talvez você já saiba desses alertas e com certeza está cansado de ouvir lições de moral a respeito do uso da camisinha. Não faremos isso, fique despreocupado. A ideia aqui é mostrar que os velhos riscos de sempre, por mais incrível que pareça, não param de crescer: mesmo as doenças que a gente já conhece trazem problemas que a maioria das pessoas ainda desconhece. E, pior, nem sempre o que acreditamos ser uma verdade consolidada (“Use sempre camisinha”) é tão verdadeiro assim.
Parece mentira, mas uma pesquisa realizada com 8 mil pessoas pelo Ministério da Saúde em 2008 descobriu que os jovens são as pessoas que mais
se preocupam com o uso do preservativo – 68% dos homens entre 15 e 24 anos disseram ter usado camisinha na última relação com uma parceira casual; entre os homens com mais de 50 anos a proporção não chegou a 38%. Quem é que pensa mais com a cabeça de baixo do que com a de cima agora?
O problema é que, também seguindo a lógica, com parceiras fixas a situação ficaria em ordem. Ledo engano, segundo os dados do Ministério da Saúde: 30% dos jovens lembraram-se da camisinha na última relação sexual com a namorada ou esposa, e só 16% dos homens entre 25 e 49 anos seguiram a estatística… “O problema é antigo, apesar de a prevenção ser muito simples e igualmente antiga”, reforça Fernando Almeida, professor de urologia na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Usar camisinha em todas as situações: no sexo oral, anal ou vaginal.”
O fato é que o problema muitas vezes vem de onde a gente menos imagina – da nossa parceira de sempre, por exemplo. Não bastasse o fato de muitas DSTs serem assintomáticas, as mulheres ainda têm o órgão sexual interno, o que pode tornar mais difícil para elas perceber alguma eventual alteração. Já passou da hora de mudar de atitude. Se o conhecimento é a melhor arma para combater nossos inimigos, saiba mais sobre os novos e os velhos perigos sexuais aos quais você poderá estar sujeito no próximo verão e aprenda (de vez) a se cuidar.
HPV
Você com certeza já ouviu falar no HPV, o papilomavírus humano. Aliás, é capaz que até já tenha se infectado, uma vez que os especialistas afirmam que 75% da população sexualmente ativa entrou em contato com o vírus. Em 99% dos casos, o mal é silencioso e não apresenta sintomas. Mas o 1% restante causa dores de cabeça caprichadas – a começar pela doença popularmente conhecida como crista de galo, uma verruga genital. “E existem mais de 200 variações desse vírus, classificadas como de baixo ou alto risco para causar câncer”, diz Roberto Carvalho da Silva, urologista do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids do estado de São Paulo.
Você não leu mal: o vírus sexualmente transmissível mais disseminado do planeta pode levar ao câncer. Talvez você já conhecesse, nas mulheres, a ligação entre o HPV e o câncer de colo de útero. Pois os pesquisadores estão descobrindo uma forte relação do vírus com casos de câncer de boca e de orofaringe (região da boca que compreende o orifício da cavidade bucal, a base da língua, o palato mole e as amídalas), e aí o risco é dos homens também. A razão? Sexo oral desprotegido – não, o vírus não compra pacotes turísticos do seu pênis para sua boca.
Um estudo da Universidade Johns Hopkins (EUA) observou essa relação pela primeira vez. Apesar de o número de jovens fumantes ter diminuído, os casos de câncer orofaríngeo aumentaram espantosamente. A conclusão: quem fez sexo oral em seis ou mais pessoas durante a vida têm o risco de desenvolver a doença multiplicado em nove vezes, e por culpa do HPV – mais especificamente do tipo 16, o que leva ao câncer de colo de útero nas mulheres. O Hospital A. C. Camargo, em São Paulo, já observou uma associação de 80% dos tumores de orofaringe com o papilomavírus; há dez anos a relação não chegava a 25% dos casos.
“O HPV está substituindo o álcool e o fumo como principal causa desse câncer bucal”, diz o americano Ted Teknos, professor do Centro de Câncer da Universidade Estadual de Ohio. Segundo a pesquisa americana, o vírus aumenta o risco de câncer orofaríngeo em 32 vezes; um histórico de adição ao cigarro, “só” em três vezes. “Enquanto multiplicam as células de forma acelerada – isso é o que produz a verruga, no caso do pênis –, os vírus dos subtipos 16 e 18 têm mais riscos de sofrer mutações e se tornar malignos”, explica Paulo Egydio, consultor de urologia da MH.
Os números também não são motivo para começar uma greve no sexo oral: a prevalência do tipo 16 do HPV entre as mulheres é de menos de 1,5%, e as chances de cura do câncer orofaríngeo chegam a 90%, especialmente se o paciente não fumar. A receita para a cura e a prevenção é igualmente simples: basta se cuidar. Este ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a vacina contra HPV em homens – desde 2008 as mulheres podiam ser imunizadas. A vacina pode ser aplicada em garotos a partir dos nove anos de idade, e custa em média 900 reais. “Os pais têm que conhecer a importância de vacinar as crianças: se isso for feito antes do primeiro contato sexual, é mais eficaz”, garante Paulo Egydio. Mas, segundo os especialistas, mesmo que já tenha sido exposto ao HPV, o homem pode se dar bem, porque reduz os riscos de uma nova infecção e de câncer. Ao observar feridas, lesões ou verrugas no pênis, coceira ou ardência na região genital ou nódulos nas glândulas linfáticas do pescoço, procure um especialista.
HERPES
Este outro velho conhecido é provocado por dois tipos de vírus; um atinge com mais frequência a região oral, outro a região genital – e a transmissão de ambos acontece por meio do sexo (oral, anal e vaginal) sem camisinha com uma pessoa infectada. A doença se caracteriza por uma sensação de ardor que, em alguns dias, dá lugar a pequenas bolhas na ponta do pênis – elas correm o risco de estourar e virar feridas. Em dez dias o período de crise se aquieta espontaneamente, mas o vírus continua hospedado, esperando a oportunidade para atacar de novo e jogar sua autoestima lá embaixo – especialmente no verão, já que fatores comuns à estação costumam disparar as crises. “O protetor solar no corpo todo se torna mais importante, por exemplo, porque os raios ativam o vírus”, afirma Roberto Carvalho da Silva. Falta de sono, bebida demais e sexo constante e intenso também provocam as crises, então redobrar os cuidados e controlar os excessos é regra-chave para quem tem o mal. Se descobrir o vírus, além do tratamento com antivirais, capriche na higiene, lave bem as mãos e não fure as bolhas.
GONORREIA
Trata-se de uma infecção causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Ao se alojar na uretra, ela provoca uma secreção amarelada e espessa, e ardor ao urinar. “Os homens levam vantagem porque, em geral, procuram ajuda mais cedo do que as mulheres, já que não é normal ter secreções desse tipo”, diz Paulo Egydio. Elas costumam achar que a doença é só um corrimento, e aí quem pode se ferrar é você – a transmissão da gonorreia acontece também no sexo oral, condição que nem todos conhecem. O auxílio de um especialista quando os primeiros sintomas aparecem é fundamental: o tratamento é simples (com antibióticos) e a cura, possível – algo relativamente incomum em casos de DSTs. Quem não se trata corre o risco de ter inflamações na próstata e no epidídimo, além de ficar estéril.
SÍFILIS
Há bem pouco tempo houve quem alardeasse que a sífilis estava erradicada. Mas a doença ganhou força nos últimos anos. Causada pela bactéria Treponema pallidum, ela é conhecida como cancro duro na fase primária, graças a uma ferida de base dura que aparece no pênis de 21 a 30 dias após o contágio – se não houver sintomas, mas uma suspeita, um teste laboratorial pode ser feito entre uma e três semanas depois do contágio. O problema: como o tal cancro duro não causa dor nem incômodo, e desaparece por si só depois de um tempo, muita gente o confunde com uma alergia. Mas, aí, a bactéria pode ficar incubada durante anos e se manifestar em algum momento futuro, ou progredir para a sífilis secundária (que causa manchas na pele, queda de cabelo) e problemas bem mais graves. Se tratada na fase inicial, com antibióticos, entretanto, a doença não evolui.
HIV/AIDS
Pois é, em quase 30 anos de conhecimento da doença, ainda não descobrimos uma vacina que previna contra o HIV. Outro dado curioso? No mesmo período os cuidados também não mudaram – sim, estamos falando da boa e velha camisinha. Apesar disso, eles ganharam um motivo a mais para ser feitos: uma multiplicação enorme de casos, principalmente entre as pessoas tidas como mais insuspeitas, as mulheres. Segundo dados do Ministério da Saúde do Brasil, havia 26,5 casos masculinos para cada caso feminino na década de 1980; hoje, a proporção é de 1,5 homem infectado para cada mulher na mesma situação. Encapar o amigão, portanto, é mais do que nunca um item de primeira necessidade. “Se a camisinha estourar e você souber que a parceira é portadora do vírus, procure um médico e peça um coquetel anti-HIV, combinação de três medicamentos que previnem contra o vírus”, orienta Ronaldo Hallal, infectologista e coordenador do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
Inimigos ocultos sob os lençóis
3 DSTs que, ainda que pouco conhecidas, têm riscos tão grandes quanto HIV, sífilis…
HTLV Esse retrovírus (vírus que se reproduz com material da célula que invade) já esteve ligado ao HIV – os cientistas isolaram o vírus da aids justamente ao diferenciá-lo do HTLV. Igualmente transmitido em relações desprotegidas, transfusões de sangue e compartilhamento de seringas, ele só se manifesta em 5% dos casos. Mas os sintomas são bem graves. “Além de males de pele, há doenças neurológicas e até leucemia”, lista o patologista Jorge Casseb, do Ambulatório de HTLV do Instituto Emílio Ribas (SP). “A cada 400 pessoas que doam sangue em SP, um porta o vírus, e no Nordeste os casos são ainda mais frequentes.”
Uretrite por clamídia
Casos de uretrite (a inflamação da uretra, que provoca um corrimento) comumente são ligados à gonorreia e à sua característica mais marcantes – a secreção amarelada e grossa. “Mas se nota cada vez mais uma associação da doença com a bactéria da clamídia”, alerta o urologista Paulo Egydio, consultor da MH. “Além de uma secreção mais clara, que mancha a cueca, há coceira e ardência no canal da uretra.” Os sintomas começam a aparecer cinco dias após o contágio, e o tratamento é feito com antibióticos.
Cancro moleA doença predomina no sexo masculino – a proporção é de 20 a 30 casos em homens para apenas um nas mulheres. A transmissão da bactéria Haemophilus ducreyi acontece (claro!) no ato sexual. De dois a 15 dias após o contágio, a pessoa sente febre, fraqueza e dores de cabeça e, na sequência, aparecem pequenas feridas com pus na cabeça do pênis e no ânus. Duas semanas depois desses sintomas ainda surge um caroço avermelhado e igualmente dolorido na virilha
(a popular íngua). O tratamento com antibióticos é essencial para que a doença desapareça.
INOCENTES CULPADOS
Quando o sexo não é o maior vilão de uma DST
Doenças venéreas às vezes aparecem com mais facilidade por causa de outros fatores – que a gente sempre imaginou serem inocentes… De uma gripe a uma micose na virilha ou ao álcool, que altera o pH da urina, as defesas do seu corpo diminuem e as DSTs encontram um terreno bem mais preparado para se instalar. “Uma doença bacteriana ou viral envolve o estado do hospedeiro – no caso, o homem”, afirma o consultor de urologia da MH Celso Gromatzky.
“Se o sujeito estiver com a imunidade sistêmica ou local diminuída, fica mais propenso a adquirir o agente”. Nesse caso, a baixa resistência local pode começar, por exemplo, com passar o dia com o calção molhado – isso favorece o aparecimento de fungos na região genital, que deixam a pele do pênis menos íntegra e abrem caminho para uma DST.
Matéria publicada na Revista Men’s Health de novembro de 2011.

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