quarta-feira, 19 de junho de 2013

Por que muitos são incapazes de estabelecer relações amorosas duradouras

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Muitas pessoas desejam viver uniões amorosas duradouras e profundas, mas não o conseguem. Parte delas põe a culpa no parceiro; outras acham que não têm sorte; e um terceiro grupo procura em si mesmo a razão. A verdade é que perdem o entusiasmo logo depois da conquista. Nem sempre um desejo consciente está em sintonia com o que se passa no inconsciente. Vamos dizer que a pessoa que sonha com uma relação feliz, de confiança e cumplicidade é a mesma que teme sofrer uma decepção. Como se entregar então a um amor? Para livrar-se desse risco, ela encontrará, sem se dar conta, uma forma de sabotar a relação “desejada”. A origem desses medos são desilusões ocorridas no passado remoto, atualizadas em experiências igualmente negativas. Ao assumir um compromisso, o receio de ser enredado em exigências de dedicação e cobranças faz com que muitos indivíduos fujam das chamadas uniões sérias acompanhadas, freqüentemente, de ciúmes e desconfianças desgastantes. Relacionar-se amorosamente é entendido por eles como passar a ser proprietário ou objeto do outro. Na vida atual, esse modelo se tornou obsoleto. É preciso que os parceiros preservem sua individualidade e se respeitem de igual para igual. Estar disponível para o consorte não significa submeter-se a seus caprichos e a seu controle. 

Há casos, no entanto, em que a dificuldade de estabelecer uma relação duradoura não reside no medo de decepções nem da possessividade do parceiro. O que existe é a incapacidade de optar por um só estilo de vida. No livro para crianças Ou Isto ou Aquilo, Cecília Meireles (1901-1964) mostra a importância de se saber escolher. A poeta carioca deixa explícito que não é possível ter tudo ao mesmo tempo. Uma escolha implica, quase sempre, abrir mão de várias opções. Acontece de a pessoa ficar dividida entre o desejo de ter alguém que possa amar, em quem possa confiar e com quem possa contar nos momentos importantes, e a necessidade de estar livre para aproveitar experiências de prazer e diversão que se oferecem cada vez com mais facilidade. Hoje, em nossa cultura, prevalece uma imposição ao indivídio de que goze de tudo. Deixar de usufruir um prazer é visto como desperdício do qual irá se arrepender mais adiante. Frases como “a vida é uma só”, “o tempo passa rápido” e “é preciso que se viva tudo a que se tem direito” exemplificam, à perfeição, essa mentalidade. É comum escutar-se : “Só me arrependo do que não fiz!” É como se houvesse a certeza de que a única coisa palpável é o gozo. Por que, então, engajar-se numa relação que funcionará como entrave a que se viva esse “paraíso”? 

A opção entre ligar-se a um parceiro ou permanecer disponível para envolver-se com vários, todavia, terá de ser feita. Por mais que os princípios morais e os costumes tenham se tornado mais flexíveis em nossos dias, o amor continua a manifestar-se com suas demandas de proximidade, doação e exclusividade. É preciso lembrar, porém, que nenhuma situação irá satisfazer o desejo de felicidade plena existente sobretudo nos românticos e sonhadores. Na época da maturidade se deseja um companheiro que tenha vivido bem as etapas que deixou para trás, pois as lacunas do que “poderia ter sido e não foi” tendem a lançar uma sombra sobre o presente. A capacidade de se fazer a escolha decide sobre o grau de equilíbrio emocional do indivíduo. Quando há o desejo de aprofundar uma relação na área afetiva, sempre associado à impossibilidade de que isso se dê, a saída é recorrer a um psicoterapeuta pois cada um tem seu próprio problema e as origens do mesmo variam. 

Publicado na revista Caras, edição 579.

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