terça-feira, 23 de julho de 2013

Como (não) segurar seu homem?

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Moças, eu sou a favor da natureza.
Aplaudo pôr do sol. Abraço rajadas de vento. Dou tchauzinho pro passarinho e fico triste quando a nuvem vai embora.
Mas, moças, eu tenho também um único e gordíssimo desacordo com a natureza. A chuva. Chuva na minha cuca, só na praia, na areia. Chuva bonita, só pela janela. Chuva soninho, só o barulhinho.
Digo isso tudo porque tenho tido um razoável tempo para andar a esmo todas as tardes. Você não perguntou, mas eu vou responder: ando pra quê? Ando para chutar tampinhas, amassar bitucas e esbarrar em muitas coisas. Esbarro em gente, em cachorro, em gatinhas, em bicicleta.
Aconteceu que numa dessas andanças vespertinas, veio uma brisa. A brisa virou vento, o vento virou ventania, a ventania relampejou. Choveu. Choveu muitíssimo. Canivetes. E fugindo dos canivetes, moças, correndo de chinelas pela calçada, parei num orelhão, me abriguei num orelhão, e tirei o tema de hoje.
MANDINGA
Ali escondidinho, ensopando as sandálias, prestei atenção nuns papeizinhos grudados ao redor do teclado do telefone. Os adesivinhos diziam coisas. Estas coisas:
“Problemas no amor? Ligue agora. Garantimos a tranca da paixão.”
“Desesperada? Quer segurar seu homem? Foi traída e quer ele de volta? Cansada da solidão? Ligue agora e amarre o coração dele…”
Moças, eu li, eu reli, eu não tinha nada a fazer, eu estava molhado, eu estava curioso, eu decidi ligar.
Atendeu uma garota. Disse o preço. Contou que teria de ir a uma consulta.
- Garantido?, eu falei.
- Garantido!, ela respondeu.
- Sucesso total?, eu insisti.
- Sucesso total, ela desligou.
Não fui, mas irei. Depois conto pra vocês.
O que eu fiz hoje foi ler e reler o panfletinho pregado no telefone.
E o panfletinho me fez pensar no que é que a gente quer quando quer amor.
UM ESCRAVO DO ROMANCE
Moças, recebo uma quantidade montanhesa de e-mails de leitoras. Esses e-mails perguntam as mesmíssimas coisas que o panfletinho promete resolver.
O que me assusta é que, nessas cartinhas, tem gente que me consulta sobre utilizar as piores táticas. Gente que diz valer qualquer coisa pra salvar um amor que não há mais. Desde ter um filho com o namorado que ameaça virar ex (isso aí, ter um filho!!!), até comprar carros – uma vez, alguém me escreveu contando que dera um apartamento pro sujeito. “Vivendo juntos vou convencê-lo de que sou a mulher da vida dele”.
Aposto uma paçoquinha que esse apartamento está vazio.
E Jesus, Maria e Jacu! Medo disso, viu? Medo e frio! Moças, eu sei que a maioria de vocês nem cogitaria uma idiotice dessas. Ninguém sã acha que ter um filho ou dar um apartamento vai reacender fogos. Não vai. Ao contrário, aliás. Isso aí é chuva. De canivete. Eu tenho medo de chuva de canivete. Mas sei que você não é dessas.
Portanto, o textinho de hoje não é pra você, é pra essa outra aí… Isso, você mesma! Você que cogita ou já cogitou um desespero de amor.
NÃO EXISTE TRANCA DE PAIXÃO
Ter um filho, dar um carro, convencer o sujeito a morar junto, grudar no cara, chantagear, isso tudo pode dar em qualquer coisa, menos em amor. Quem ganha de volta um homem utilizando picaretagens, ganha de troco um picareta. Ou um homem oco.
É o horror, é o horror.
A lição: relacionamento não tem estratégia, não tem tática de volta. Se a coisa desandou, se ele já partiu, se ele tá em outra, ou se ele nunca foi seu, era só um caso, o máximo que dá pra atingir é um adiamento. Mas adiar o fim de um romance em frangalhos é fazer um ensaiozinho de inferno. É meio patético. Você vira escrava. E ele, coagido, não será menos do que outro escravo. Casal sem a alforria, sem viver o risco que é amar a dois; casal que não sabe que amor pode acabar assim, num estalo, e ok, acontece; esse casal não é casal.
E é por isso que um relacionamento é a melhor e a pior coisa do mundo. Um casal se sustenta sempre sobre um barbante roído. É frágil assim. Rompeu, rompeu. Não tem cola, não tem nó.
Sei que amor faz a gente socar o cérebro e pensar com a aorta. Faz a gente tentar besteiras desesperadas. Até telefonar de orelhões. Mas não faça isso com você. Com ele. Se o cara quer ir, deixe ir. É assim que a vida funciona.
Tentar segurar um amor com qualquer coisa que não seja amor, não dá certo. Não é natural.
Moças, o amor é a favor da natureza.


  • J. ANTÔNIO

    Meu nome é J. Antonio e sou um amador. Jogador de futebol amador, jornalista amador e poeta amador. Frequento duas academias: a de Letras e a do bairro. Na última, convivo e suo ao lado de halteres e halterofilistas amadores. E ao lado de meninas, que brincam de fuzilar gordurinhas, todas lindinhas, molhadas e com calça fusô (minha leitora: é 'fusô' ou 'fuseau' o nome da calça? Eu tenho essa dúvida). Mas dizia que sou poeta e malhador. Aos fins de semana, gosto de correr e comer. Sou bruto e macho, mas sensível. Choro escondido – e ó, se um amigo me perguntar, eu nego. Eu nego! Mas sim. Quando a coisa aperta, quando a vergonha afrouxa, ou quando uma de vocês, mulheres, me machuca, eu choro. É assim desde que nasci. Há 30 anos.

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