quinta-feira, 15 de maio de 2014

Existe o amigo colorido? Como lidar como o pau amigo quando você quer algo a mais?

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AMOR É ASSIM?
A primeira coisa é analisar a situação.
Repito a frase lá de cima: “A história é quase sempre a mesma: a mulher conhece um cara e os dois se atraem. A conversa é ótima, a química funciona, o sexo é uma delícia e logo eles passam a dormir juntos várias vezes por semana. Se isso não é um namoro, então o que falta?”
O que falta?
Falta sinceridade. E sobra cara de pau no Pau Amigo.
Meninas, homem que faz isso, que não assume, não assume porque não quer assumir. Moças gostam de acreditar e rapazes estimulam meio sem querer a ideia de que nós, rapazes, somos seres confusos e medrosos em relação a aceitar o amor em todo seu esplendor.
Ou seja, fugimos, qual o jamaicano de Olimpíada, da possibilidade de perder aquela mamata que é a transa sem compromisso. De poder dormir sozinho. De poder andar em casa de bermuda furada, camiseta suja de molho. De reaproveitar o talher. E de poder deixar a pizza de ontem fora da geladeira. Tudo isso sem tomar bronca. Meninas, só o homem que não está apaixonado consegue ver uma verdade da vida: funcionamos melhor, com menos gasto de energia, sozinhos. Somos sozinhos. Viver a dois é duro.
Mas é isso o que torna o viver a dois uma maravilha, um milagre, algo superior.
É uma maravilha difícil. Que segue os humores mutantes de cada parte do casal. Hoje eu estou um porre. Amanhã é uma TPM. Depois de amanhã, é uma preguiça. E na terça-feira, o paraíso.
Na comparação, a vida solteira é navegar de transatlântico numa tempestade. Você percebe as ondinhas sacudindo de pouquinho o piso, você precisa andar bem vestido e frequentar o cassino e o restaurante, mas é uma experiência segura. Sempre dá para voltar sozinho pro camarote.
A dois, não. A dois é uma jangada descendo o rio corrente. Não há muito espaço para se mexer sem esbarrar no outro. Um baita tumulto, mas sempre uma aventura. Até que a jangada encalhe numa cachoeira de sonhos e de amor ou num marasmo de rotina.
A dois, a vida exige e arrisca mais.
Homens sabem disso. Homens podem alegar milhões de ignorâncias. Inclusive a ignorância de ignorar aquilo que ele sabe.
O que quero dizer é que, mesmo assim, os homens sabem que a vida solteira é uma mariola, uma doce moleza.
Percebam como seria a versão masculina daquela aspa lá de cima: “Ele conhece uma garota e os dois se atraem. A conversa é ótima, a química funciona, o sexo é uma delícia e logo eles passam a dormir juntos várias vezes por semana. Se isso não é um namoro, então o que falta?”
Nada! Nadinha! Tá tudo ótimo. Pra que mexer. Se a vida acabar amanhã, hoje é o céu.
Ah, meninas. Eis aí a resposta: o Pau Amigo é o namoro ideal do homem com medo.

COMO ENTENDER O PAU AMIGO?


O assunto de hoje rende uma bíblia. E já estou quase no novo testamento.
Mas prossigamos.
Eu poderia dizer e vasculhar os motivos de os rapazes serem assim. Poderia contar como é duro abrir mão da leveza e da safadeza, da despreocupação e da fajuta sensação de liberdade que ele imagina ser exclusividade da vida solteira.
Mas aí, eu seria obrigado a revelar que, no fim, a vida solteira é apenas uma versão mais solitária dos problemas da vida a dois. E que um dia, o rapaz cansa da vida solteira e quer aquilo que você quer. E que quando isso bate – ele quer e você quer –, há amor, namoro, casamento. Tudo sem enrolação, com sorriso e atitude e festa.
Eu poderia repetir também que, no fim, meninas, tudo é nascer, crescer e morrer; tudo é meio igual. Que a vida solteira e a vida casada são diferentes na pele, mas iguais por dentro.
Mas como essa vida solteira é mais mole, menos cansativa, mais fácil pra nossa qualidade de solidão nata (o ser humano é sempre um sozinho), essa vida solteira vira uma desculpa pra ele te enrolar, pra ele deixar tudo como está.
E eu poderia dizer, por fim, como e por que a vida solteira é mais simpática ao homem do que para a mulher. Mas não direi aqui e agora. Direi isso outro dia.
O que direi agora é isto:
QUANDO ELE ENROLA
Tenho observado moças amando o sofrimento. E tenho notado sujeitos amando o fazer sofrer. Homens que enrolam, mulheres que são enroladas.

Reparem, se não no espelho mas na amiga que te chama pra uma conversa desesperada e lacrimosa: enxergar o óbvio é difícil.
Dia desses, uma amiga me chamou ao restaurante. Ela sentou, foi ao bandejão, encheu o prato de folhas, voltou e disse:
-       João, sério, diz a verdade: o que ele quer comigo?
Meninas, a amiga me contava que na noite retrasada encontrara um “casinho”. Típico Pau Amigo, de muitas transas passadas, mas também de noites só de conversa, o rapaz havia convidado a amiga para um show. Foram, junto de amigos em comum, ao evento. O rapaz ficou lá, abelhando em volta da amiga, não se beijaram em público, só flerte, até que, ao fim da noite, decidiram pelo café amigo na casa da amiga. Os dois ficaram por ali, no apartamento dela. Beijaram, enfim. Dormiram juntos. Acordaram, outro beijo e tchau.
No dia seguinte, o rapaz remeteu à amiga um SMS amigo. Chamou-a para sair de novo, novo show, os mesmos amigos, a mesma coisa. Ela se animou: a repetição, tão próxima, sugeria uma aproximação do rapaz, uma caminhada quase virando corrida, rumo ao amor, ao namoro. Ela me confessava ali que estava apaixonada.
À noite, ao se encontrarem, cumprimentaram-se com beijinhos no rosto. Até aí, ela aceitou a formalidade numa boa. Ela não aceitou o que seguiu: ele conversou só um pouquinho com ela e ficou dando mais trela aos amigos e outras amigas do que a ela. Findo o evento, deu tchau de longe e sumiu. Ela fez que tudo estava bem, mas, chegando em casa, chorou. Enviou uma mensagem ao meu celular. Pediu o almoço de consolação.
E foi então que chegamos ao restaurante e à pergunta lá de cima:
-       João, sério, diz a verdade: o que ele quer comigo?
Eu respondi a pergunta com outra:
-       O que você quer dele? O que você disse a ele? Aliás, você disse algo a ele?
Ah, meninas. Foi aí que eu disse a dura verdade. Disse que o tal sujeito não quer nada. Aliás, ele quer algo, na verdade: quer que tudo siga como está. Quer a transa sem compromisso. Quer a transa quando tiver a fim. Quer não dar explicações e quer transar com todas. Acima de tudo, ele não quer coisa nenhuma com a amiga. Ao menos, não o mesmo que ela quer.
Ela ouviu tudo e entristeceu toda.
E eu expliquei:
-       Mas veja, eu até acho que ele está errado porque se você quer uma verdade, te dou uma verdade: homens em geral sabem quando estão causando sofrimento mantendo uma relação assim. Eles notam quando ela ama e ele não. Mas, ao mesmo tempo, se nada é dito, ele ficará na estranha situação de não querer abrir mão da transa garantida. Como ele vai terminar algo que ele sabe estar bom pra ele e só imagina estar ruim pra você? Ter de encarar a tristeza de lidar com alguém que sofre por ele é algo que enche o sujeito de dúvidas. Nessas, ele tenderá a sumir, a fugir. Mas quando os calores debaixo do zíper voltarem a fulminar a cueca, ele vai te ligar de novo, porque a vontade é sempre superior à inteligência…
Por fim, ofereci a única solução:
-       Conversa com ele, abre o jogo. Arrisca tudo. O não você já tem. E se ele seguir no não, se não topar, fuja, pule fora, desista. Mendigar amor é esfarelar amor…
UMA CONCLUSÃO
Meninas, eis o que quero dizer:
É claro que há as exceções – as multidões de exceções que cabem na existência humana. Cada um é um caos, uma surpresa em potencial. Mas sejamos friamente sinceros: homem que não assume é homem que não quer assumir. Não tem confusão, não tem medo, não tem nada disso. Tem é malandragem.
E aí voltamos ao Pau Amigo.
Meninas, o Pau Amigo existe e não existe. Já escrevi uma vez que se o planeta fosse sábio, o Pau Amigo seria o relacionamento perfeito, o namoro ideal, o casamento de sonhos. O viver a dois sem que o a dois fosse uma amarra, um laço, uma posse. Mas…
Mas o amor não é assim. Nunca foi. O amor, por um defeito maroto em sua programação, exige um tipo de posse, um tipo de dor. Gente muito fina já escreveu a respeito, mas eu resumo mais grosso: porque vivemos tão pouco e porque a vida é uma só, e ruma para o fim, o amor é a única coisa que faz a gente esquecer essa caminhada em direção ao abismo. O amor é o que liga o primeiro urro ao último suspiro, e por conta dessa preciosidade, desse poder, o amor é algo que esconde uma tristeza por baixo de uma grande alegria.
Sofremos para amar. Rir para chorar.
Por conta disso, por ser um tesouro tão difícil, o amor é algo do qual não abrimos mão.
Não existe truque para convencer quem não te ama a fazê-lo. Cada casal, um caos.
Por trás de cada pessoa que se sujeita a um relacionamento amigo (e saibam, meninas, homens também sofrem diante da Periquita Amiga, a mulher que só lembra do rapaz quando precisa afogar aquele calor na Holanda)…

Pois bem, por trás de cada casal de amigos que se sujeita a um relacionamento frouxo, supostamente leve, totalmente colorido, eu diria que quase sempre há um teatro nisso. Um dos lados tende a fraquejar. Tende a sonhar. Tende a fingir que tudo vai bem.
Há um Godot por trás de cada casal que não é casal. Alguém está sempre esperando, eternamente, dissimulando com sorrisos a tormenta que leva por dentro. Veja o caso da minha amiga no restaurante. Eu perguntei a ela se o rapaz sabia do que ela sentia. Ela disse que ele sabia. Eu não acreditei e insisti:
-       Mas sabe mesmo? Você falou?
-       Não falei, né? Mas ele tem que ter percebido… É tão óbvio…
Não é.
Nunca é.
O amor não é claro. Cada um  vê e ouve o que quer.
Estamos sozinhos.



J. Antônio

Meu nome é J. Antônio e sou um amador. Jogador de futebol amador, jornalista amador e poeta amador. Frequento duas academias: a de Letras e a do bairro. Na última, convivo e suo ao lado de halteres e halterofilistas amadores. E ao lado de meninas, que brincam de fuzilar gordurinhas, todas lindinhas, molhadas e com calça fusô (minha leitora: é 'fusô' ou 'fuseau' o nome da calça? Eu tenho essa dúvida). Mas dizia que sou poeta e malhador. Aos fins de semana, gosto de correr e comer. Sou bruto e macho, mas sensível. Choro escondido – e ó, se um amigo me perguntar, eu nego. Eu nego! Mas sim. Quando a coisa aperta, quando a vergonha afrouxa, ou quando uma de vocês, mulheres, me machuca, eu choro. É assim desde que nasci. Há 30 anos.

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