quarta-feira, 7 de maio de 2014

Transtorno de Ansiedade Generalizada

/ /
Como já dissemos em outros textos, a ansiedade faz parte do conjunto de emoções humanas e pode ter papel adptativo: leva o ser humano a mobilizar seus recursos físicos e mentais para se proteger e para buscar aquilo que o faz se desenvolver. Se o aluno está ansioso com a prova, vai estudar, se esforçar, e acaba aprendendo. Se o professor é bonzinho demais e sempre dá nota, estudar prá que? Sinceridade: quantos estudam para aprender, independente da nota, ou melhor, do medo da nota? O problema da ansiedade é quando ela é intensa demais, frequente demais, pois aí o efeito é contrário: “trava” o desenvolvimento. 
          Transtornos de Ansiedade são quadros onde as pessoas apresentam ansiedade intensa, constante, que atrapalha a vida significativamente. As classificações atuais (Classificação Internacional de Doenças – CID-10 da OMS e DSM-IV da Associação Americana de Psiquiatria) dividem os Transtornos de Ansiedade conforme sua apresentação clínica e os fatores desencadeadores, como também já foi apresentado no post “Ansiedade e Transtornos de Ansiedade ” de novembro  de 2007. 
          O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) se caracteriza por sintomas físicos e psicológicos de ansiedade desencadeados por eventos naturais do dia-a-dia, frequentes e persistentes. Os pacientes relatam preocupação excessiva, constante com diversos aspectos de sua vida rotineira - “ansiedade flutuante”. Qualquer aspecto da vida (trabalho, família, saúde, situação financeira) pode se transformar num grande problema, com uma percepção de riscos desproporcional aos que a situação realmente apresenta. A preocupação é crescente, difícil de controlar e resistente à argumentação, podendo mudar de foco. Essa preocupação constante interfere no funcionamento sócio-ocupacional do indivíduo, que não consegue se concentrar e realizar suas tarefas, se mostra irritado e com pouca tolerância à frustração. Muitos pacientes se queixam de “brancos” na memória ou da sensação de estar “no limite”, “com os nervos à flor da pele”,com muito sofrimento para si e para as pessoas que tentam, em vão, acalmá-los.  Para piorar, também apresentam sintomas físicos tais como:
  • fadiga, sensação de fraqueza;
  • tensão muscular mantida gerando tremores, dores musculares, cefaléia tensional, disfunção têmporo-mandibular;
  • disfunção do sistema nervoso autônomo com aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, sensação de falta de ar e palpitações, náusea,dor de estômago, diarréia,mãos úmidas e frias, boca seca, desejo frequente de urinar;
  • insônia, aumento ou diminuição do apetite.
          Em função dos sintomas físicos, muitos pacientes procuram serviços médicos com frequência, por se acreditarem portadores de patologias orgânicas e muitas vezes não são capazes de reconhecer o quanto estão ansiosos. É comum que se ofendam quando é sugerida a consulta com psiquiatra. Muitas vezes o quadro de TAG se encontra associado a depressão ou a outro Transtorno de Ansiedade, numa condição descrita como comorbidade. A presença de quadros associados muitas vezes confunde o clínico no momento do diagnóstico. A avaliação criteriosa por profissional de saúde mental é fundamental para que cada quadro presente seja identificado e receba tratamento adequado. Por se tratar de quadro crônico, o tratamento deve se estender para garantir o controle dos sintomas e a manutenção da melhora.Cuidado especial deve ser tomado em relação ao uso de benzodiazepínicos, pois eles promovem alívio rápido dos sintomas de ansiedade, mas podem causar dependência (sintomas de abstinência na falta da medicação), tolerância (necessidade de doses progressivamente maiores para obter o mesmo efeito), déficit cognitivo (alterações nos processos de aprendizado e memória). Para o tratamento dessa condição é preferível o uso da buspirona ou dos anti-depressivos inibidores de recaptação de serotonina. Eles demoram um pouco mais para controlar a ansiedade (pelo menos duas semanas de uso contínuo), mas oferecem melhora consistente, sem tantos riscos. Além da medicação, o paciente deve realizar psicoterapia, com o objetivo de identificar as origens de seu quadro e desenvolver mecanismos para enfrentá-la adequadamente. Muitas linhas de psicoterapia apresentam tratamento destinado a portadores de TAG, com  resultados bastante encorajadores.                                                                  
          O TAG é um distúrbio presente em cerca de 5% da população, que acomete mais as mulheres e as pessoas com mais idade, independente de grau de escolaridade, nível sócioeconômico ou religião. Frequentemente  se encontra associado a outros quadros psiquiátricos ou somáticos, mas uma vez reconhecido e tratado  permite importante melhora na qualidade de vida do portador

Nenhum comentário:

Postar um comentário

As respostas no Blog não tem custo algum, mas devido a quantidade de perguntas você tem que esperar na fila em torno de 5 a 10 dias

Precisa de uma resposta urgente, marque uma consulta particular no

email dicasderelacionamento@hotmail.com

Se algum texto publicado por aqui for de sua autoria, nos envie o link para que possamos dar os créditos. Se não autoriza a publicação de seu texto por aqui nos comunique que retiramos.

A edição desse Blog se reserva ao direito de deletar, sem aviso ou consulta prévia, comentários com conteúdo ofensivo, palavras de baixo calão, spams ou, ainda, que não sejam relacionados ao tema proposto pelo post do blog ou notícia.

Volte sempre: Déia Fargnoli

Postagens relacionadas

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Siga meu Facebook