quarta-feira, 7 de maio de 2014

Viciados em Internet?

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A décima-primeira edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) já está sendo preparada, com propostas de inclusão de novas patologias. Lee Yeo-Jim, integrante da comissão de padronização da classificação de doenças na Korea propôs a inclusão do “Transtorno de Adição à Internet” como uma nova doença. Sua justificativa é de que a Adição à Internet é um problema social na Korea, causando sofrimento e prejuízo funcional suficientes para que essa condição seja considerada como doença.
Não há como negar que o acesso à Internet já faz parte da vida das pessoas, direta ou indiretamente, quer elas queiram ou não. Várias instituições públicas e privadas operam preferencialmente (algumas exclusivamente) através da Internet, obrigando os usuários a se conectar.  A busca de informações    também se dirige cada vez mais para a pesquisa on-line: as informações disponíveis na rede permitem que a difusão do conhecimento acumulado por diferentes culturas ao longo de séculos ocorra numa proporção nunca antes imaginada. E ainda se pode estudar à distância, comprar,assistir a qualquer tipo de vídeo, quem resiste? A possibilidade de interação com outras pessoas também é forte motivação para que se fique cada vez mais tempo diante de telas, dos tamanhos mais variados, nas mais diversas situações. Todas essas possibilidades permitem que os usuários experimentem “experiências significativas de prazer”, que passam a ser buscadas com frequência cada vez maior, em detrimento de outras atividades habituais. Ansiedade e irritação surgem quando a conexão não é possível. Isso pode atingir um grau tão intenso, a ponto de ser considerado um transtorno mental?
A Dra. Kimberly Young, da Universidade de Pittsburg, apresentou em 1996 proposta para os critérios diagnósticos para o “Uso Compulsivo de Internet”:
  1. A pessoa se sente preocupada com Internet, pensa sobre a tividade on-line anterior e antecipa a sessão on-line futura.
  2. A pessoa sente a necessidade de usar a Internet cada vez mais tempo para obter a mesma satisfação.
  3. Tem feito esforços infrutíferos para controlar, reduzio ou deter o uso da Internet.
  4. A pessoa se sente inquieta, mal-humorada, deprimida ou irritada quando tenta parar ou reduzir o uso da Internet
  5. Fica conectada mais tempo do que havia planejado originalmente.
  6. Por causa do uso excessivo da Internet a pessoa tem sofrido perda de alguma relação significativa, como por exemplo, o trabalho, os estudos ou as oportunidades sociais.
  7. Tem mentido aos membros da família, terapeuta ou outras pessoas significativas para ocultar a dimensão de seu uso de Internet.
  8. Usa Internet como maneira de evadir-se dos problemas e de ocultar algum tipo de mal-estar como, por exemplo, sentimentos de impotência, culpa, ansiedade, depressão.
Essa psicóloga criou o  Center for Internet Adiction em 1995, que até hoje realiza atividades de tratamento e pesquisa na área. Em 2011 a editora Artmed publicou no Brasil a tradução do livro “Dependência de Internet:Manual e Guia de Avaliação e Tratamento”, organizado por ela e Cristiano Nabuco de Araújo. Em seu capítulo, o Prof. David Greenfield considera os termos “comportamento compulsivo possibilitado pela Internet” ou “Compulsão de Mídia Digital”mais adequados para designar esse fenômeno clínico. Salienta que os comportamentos associados à Internet foram incorporados a aparelhos digitais mais recentes: telefones celulares, tablets, aparelhos de jogos(videogames) de mesa ou portáteis permitem a   conexão à Internet da mesma forma que computadores, notebooks ou netbooks, nos mais variados  espaços e situações. Fica ainda mais difícil se manter de fora.
Independente das classificações, é bastante importante que cada usuário de Internet (inclusive os senhores leitores do Blog) examine se o seu padrão de acesso se mantém dentro de um modo saudável. Além dos critérios já citados, a Dra. Young aponta os seguintes sinais de alerta:
  • falha nas tentativas de controlar o comportamento
  • elevado senso de euforia enquanto envolvido em atividades de mídias digitais
  • negligência com amigos e família
  • negligência com o sono para se manter on-line
  • desonestidade com as pessoas
  • sentimentos de culpa, vergonha, ansiedade ou depressão como resultado do comportamento on-line
  • mudanças físicas tais como ganho ou perda de peso, dor nas costas, dor de cabeça, síndrome do túnel do carpo
  • abandono de outras atividades prazerosas.
Preocupou-se? Então deixe um pouco o computador, vá andar um pouco (se possível, ao  ar livre) e conversar com alguém da vida real.

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