segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Diálogo: Essencial no Amor

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O início de um relacionamento, em geral, é algo bastante agradável e feliz. É tão excitante quanto descobrir algo novo e repleto de belezas. Quando apaixonados parece que andamos nas nuvens, flutuando pelo ar. O nosso olhar é desbravador e o prazer que sentimos é como em uma nova aventura: doce e intensa. Fazemos "vistas grossas" para as diferenças e hábitos do outro que muitas vezes, posteriormente, são vistos como defeitos. Já as qualidades do outro são multiplicadas e ele parece-nos perfeito assim também como a nós mesmos quando nos olhamos refletidos em seu olhar.
Com o tempo e a convivência os nossos pés se aproximam do chão e aquilo que inicialmente era perfeito começa a ganhar contornos humanos. Aparecem as diferenças entre os parceiros. Inicialmente as diferenças assustam e até nos sentimos enganados como se o outro tivesse omitido tais características.
Às vezes as pessoas tentam voltar a ter o mesmo olhar que antes, para novamente sentir o encantamento, mas a humanidade do outro (e a nossa mesmo) não é tolerada. Este é o momento em que a maioria dos relacionamentos tem fim. Por outro lado, na minha opinião aqui pode ser o "pulo do gato": aceitar o outro inteiro e humano é também aceitarmos a nós mesmos. Amar a imperfeição e diferenças do outro e de si mesmo é puro amor.
Na experiência que tenho tido no consultório nos atendimentos psicoterápicos individuais e de casais tenho observado que a maioria das pessoas quando sentem-se magoadas, entristecidas ou desrespeitadas pelo parceiro ou parceira têm a tendência de se fechar e não tocar no assunto, de não falar da situação em conflito. Como se falar do conflito ou de sentimentos negativos pudesse destruir a relação. Porém observo que é justamente esta atitude que destrói a relação. Deixar algum assunto dentro de uma relação virar um tabu e não se permitir falar faz as pessoas e as relações adoecerem devagar. É como aquela sujeira que vamos empurrando para debaixo do tapete, tentando acreditar que está tudo limpo. Chega uma hora que a sujeira aparece e o pozinho de antes transforma-se em algo bem maior e forte.
Também é comum as pessoas confundirem diálogo com acusações, "lavar roupa suja", desrespeito. Há pessoas e casais que acham que têm que falar tudo que sentem para o outro sem nenhum filtro, só pensando em si mesmas e em seu próprio bem-estar. Esta postura é agressiva demais, o relacionamento se torna hostil e superficial.
Quando vamos falar algo para alguém que amamos e respeitamos é para nos sentirmos melhor e para que a relação evolua e não para destruí-la ou agirmos de forma infantil, acreditando que o outro deve só nos dar prazer e satisfação. A complexidade do amor tem caminho diferente da lógica individualista, lucrativa e consumista.
Uma maneira de falarmos para o outro, de forma sincera, sobre uma situação conflitiva ou que traz sentimentos desagradáveis é utilizando um fato ou acontecimento vivido por ambos e expressando, de forma clara como aquilo lhe afetou. Assim, uma maneira de falamos para o outro sobre uma situação conflitiva ou sentimento desagradável, de forma sincera, pode ser contando para ele como nos sentimos frente a determinada atitude dele ou situação (lembra! na paixão parecia que ele conhecia tudo de você, mas agora você tem que contar para ele saber). Por exemplo: fiquei sentindo-me desvalorizada depois que você fez aquela brincadeira na frente de seus amigos. Senti-me exposta.
Observe que eu só posso falar como me senti depois de olhar para dentro de mim e achar o nome do sentimento. Isto traz para você auto-conhecimento e quando você fala para o outro sobre o que sentiu ele também passa a te conhecer melhor e assim os dois crescem e a relação também.
Os relacionamentos são altamente complexos, assim também como o que se passa em nosso interior, por isso temos que nos auto-observar e dialogar muito. Se somos complexos os outros também o são. Assim é trabalhoso, mas também encantador poder aprofundar uma relação.
Geralmente um parceiro respeitoso vai escutar e procurar entender e não repetir a atitude que teve. Note a diferença: geralmente ou não falamos nada e alimentamos um sentimento negativo para com o outro e para nós mesmos, que vai se somando a novas situações e de repente explode, assusta e machuca, pois fica como em uma panela de pressão. Outra atitude comum é acusarmos o outro pelo que fez sem colocarmos o nosso sentimento. O outro tende a se fechar porque se sente atacado e também passa a atacar para se defender. Esta atitude faz com que os parceiros não se escutem ou entendam.
Parece difícil ou confuso? Então tente fazer com você; treine observar os sentimentos, o que na situação te fez sentir assim e fale para o outro, para que ele conheça o que te machuca e que evite repetir. Assim você se conhecerá mais, o outro também e a relação vai crescendo e se aprofundando. Geralmente se um dos parceiros começa a fazer isto o outro aos poucos também aprende. Experimente!

Autor(a)

Salete Monteiro Amador

Psicóloga formada pela PUC/SP, Pós graduada em Saúde Coletiva pela FUNDAP. É Terapeuta e Supervisora de Terapia Comunitária. Editora do Site Ser Melhor e Consultora em Gestão de Pessoas.

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