quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Quais são os efeitos do crack em filhos de mãe usuárias?

/ /

Existem várias evidências científicas sobre os malefícios provocados pelo consumo materno de cocaína/crack sobre os infantes tanto durante a gestação quanto após o parto. Seguramente, as mães que padecem de quadros de uso, abuso ou dependência de cocaína/crack devem ser tratadas com a máxima rapidez e efetividade possível.

As taxas de consumo de cocaína/crack entre gestantes têm variado entre 2 e 10%, dependendo das amostras investigadas.
Prejuízos sobre o crescimento, ganho ponderal (ganho de peso) e funções cognitivas (atenção, memória, concentração, inteligência) têm sido reportados em diferentes estudos. Inclusive, nós temos já respondido a uma questão relacionada com os prejuízos do consumo de cocaína/crack sobre o feto .
Também, crianças convivendo com mães usuárias de cocaína/crack constituem um grupo de alto risco para futuramente tornarem-se também usuárias de substâncias. Essas famílias frequentemente vivem em lares estressantes, recheados de fatores negativamente relacionados com a formação e desenvolvimento de vínculos saudáveis. Mulheres dependentes de crack frequentemente engajam-se em comportamentos de alto risco, expondo seus filhos a situações também ameaçadoras, vexatórias e permeadas por privações afetivas e econômicas. É importante ressaltar, também, que mães usuárias de crack comumente padecem de outros transtornos mentais e do comportamento, como depressão, ansiedade e aqueles relacionados com o controle dos impulsos. Combinados os transtornos, os filhos estão expostos a um ambiente, a uma situação e a “cuidadores” que precisam receber intervenção rápida, eficaz e adequada.

Não raras vezes, o abuso materno de crack revela um “guarda-roupa” de outros problemas complexos, incluindo violência doméstica ou outras formas de violência, abuso de outras substâncias, negligência e abusos físico e sexual, pobreza, desemprego, etc.

Diante de tão grave situação, acredito que apenas através de um consenso e parceria entre as ciências médica, sociológica, jurídica e política teremos recursos suficientes para manejar adequadamente este problema.

Às vezes, tenho recebido perguntas de leitoras que questionam sobre qual a quantidade de cocaína que poderia ser consumida com segurança durante a gestação. Certamente, a resposta é NENHUMA !!!! NÃO HÁ DOSE SEGURA !!! A resposta sempre é: por favor, procure profissionais especializados para realizar o seu tratamento e consequentemente resultar na interrupção imediata do consumo da (s) substância (s). O problema envolvendo o consumo de cocaína/crack entre mulheres gestantes de fato é algo que precisa ser mais rigorosamente focado e estudado no nosso país. Dito isso, o tema do seu trabalho merece atenção especial.
Existem vários textos e referências na literatura científica que abordam o problema. Naturalmente, ainda há “gaps” (falta) de conhecimento, o que justifica mais pesquisas sérias sobre este tema tanto no Brasil quanto em outros países e culturas.

Parabéns pelo seu interesse e boa sorte com a sua pesquisa e atuação. O site do NIDA (National Institute on Drug Abuse) deve sempre ser consultado por se tratar de instituição confiável que investiga o problema e propõe manejo cientificamente embasado (http://www.drugabuse.gov/about/organization/ICAW/prenatal/prenatalfindings500.html).

Abaixo, forneço também 20 referências para a sua consulta:
[1] Archie CL, Anderson MM, Gruber EL. Positive smoking history as a preliminary screening device for substance use in pregnant adolescents. J Pediatr Adolesc Gynecol. 1997;10(1):13-7.

[2] Conners NA, Bradley RH, Whiteside-Mansell L, Crone CC. A comprehensive substance abuse treatment program for women and their children: an initial evaluation. J Subst Abuse Treat. 2001;21(2):67-75.

[3] Delva J, Mathiesen SG, Kamata A. Use of illegal drugs among mothers across racial/ethnic groups in the United States: a multi-level analysis of individual and community level influences. Ethn Dis. 2001;11(4):614-25.

[4] Gilchrist LD, Hussey JM, Gillmore MR, Lohr MJ, Morrison DM. Drug use among adolescent mothers: prepregnancy to 18 months postpartum. J Adolesc Health. 1996;19(5):337-44.

[5] Hawley TL, Halle TG, Drasin RE, Thomas NG. Children of addicted mothers: effects of the 'crack epidemic' on the caregiving environment and the development of preschoolers. Am J Orthopsychiatry. 1995;65(3):364-79.

[6] Kearney MH, Murphy S, Rosenbaum M. Mothering on crack cocaine: a grounded theory analysis. Soc Sci Med (1982). 1994;38(2):351-61.
[7] Lam WK, Cance JD, Eke AN, Fishbein DH, Hawkins SR, Williams JC. Children of African-American mothers who use crack cocaine: parenting influences on youth substance use. J Pediatr Psychol. 2007;32(8):877-87.

[8] Lam WK, Wechsberg W, Zule W. African-American women who use crack cocaine: a comparison of mothers who live with and have been separated from their children. Child abuse & neglect. 2004;28(11):1229-47.

[9] Lyons P, Rittner B. The construction of the crack babies phenomenon as a social problem. Am J Orthopsychiatry. 1998;68(2):313-20.
[10] Magura S, Laudet A, Kang SY, Whitney SA. Effectiveness of comprehensive services for crack-dependent mothers with newborns and young children. J Psychoactive Drugs. 1999;31(4):321-38.

[11] McMurtrie C, Rosenberg KD, Kerker BD, Kan J, Graham EH. A unique drug treatment program for pregnant and postpartum substance-using women in New York City: results of a pilot project, 1990-1995. Am J Drug Alcohol Abuse. 1999;25(4):701-13.

[12] Richardson GA, Goldschmidt L, Larkby C. Effects of prenatal cocaine exposure on growth: a longitudinal analysis. Pediatrics. 2007;120(4):e1017-27.

[13] Richardson GA, Hamel SC, Goldschmidt L, Day NL. The effects of prenatal cocaine use on neonatal neurobehavioral status. Neurotoxicol Teratol. 1996;18(5):519-28.

[14] Richardson GA, Hamel SC, Goldschmidt L, Day NL. Growth of infants prenatally exposed to cocaine/crack: comparison of a prenatal care and a no prenatal care sample. Pediatrics. 1999;104(2):e18.

[15] Scher MS, Richardson GA, Day NL. Effects of prenatal cocaine/crack and other drug exposure on electroencephalographic sleep studies at birth and one year. Pediatrics. 2000;105(1 Pt 1):39-48.

[16] Scher MS, Richardson GA, Day NL. Effects of prenatal cocaine/crack and other drug exposure on electroencephalographic sleep studies at birth and one year. Pediatrics. 2000;105(1 Pt 1):39-48.

[17] Singer L, Arendt R, Minnes S, Farkas K, Yamashita T, Kliegman R. Increased psychological distress in post-partum, cocaine-using mothers. J Subst Abuse. 1995;7(2):165-74.

[18] Sterk CE. The Health Intervention Project: HIV risk reduction among African American women drug users. Public Health Rep. 2002;117 Suppl 1:S88-95.

[19] Strathearn L, Mayes LC. Cocaine addiction in mothers: potential effects on maternal care and infant development. Ann N Y Acad Sci. 2010;1187:172-83.

[20] Warner TD, Behnke M, Hou W, Garvan CW, Wobie K, Eyler FD. Predicting caregiver-reported behavior problems in cocaine-exposed children at 3 years. J Dev Behav Pediatr. 2006;27(2):83-92.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

As respostas no Blog não tem custo algum, mas devido a quantidade de perguntas você tem que esperar na fila em torno de 5 a 10 dias

Precisa de uma resposta urgente, marque uma consulta particular no

email dicasderelacionamento@hotmail.com

Se algum texto publicado por aqui for de sua autoria, nos envie o link para que possamos dar os créditos. Se não autoriza a publicação de seu texto por aqui nos comunique que retiramos.

A edição desse Blog se reserva ao direito de deletar, sem aviso ou consulta prévia, comentários com conteúdo ofensivo, palavras de baixo calão, spams ou, ainda, que não sejam relacionados ao tema proposto pelo post do blog ou notícia.

Volte sempre: Déia Fargnoli

Postagens relacionadas

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Siga meu Facebook