quinta-feira, 17 de julho de 2014

Carta aberta para quem está em dúvida se deve ou não separar.

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Querida(o) pessoa que está pensando seriamente em terminar um relacionamento

Você deve estar com aquele frio na espinha e com a sensação de que sua vida está se despedaçando. Pior, deve estar sofrendo solitariamente e se sentindo com medo, envergonhada e fracassada.
Já tomou um amarelo, vai esperar o vermelho?
Imagino ainda que deve estar emocionalmente exausta e com a sensação de que não dá mais. Não sei se o relacionamento é curto ou longo, se é casado ou não, se tem filhos implicados na história. De qualquer forma o que falarei serve em qualquer ocasião, por um motivo simples, enquanto você não tiver coragem de terminar qualquer coisa será uma justificativa.
Você pode dizer “meu relacionamento é recente, será que eu não devo tentar mais?” ou “meu relacionamento é longo, será que eu realmente tentei tudo?”
Se é casada vai dizer “poxa, depois de tantos sacrifícios eu vou pular fora assim?” ou se forem namorados só “eu queria casar ainda, será que ele não pode mudar ainda?”
Se tem filhos recém-nascido vai dizer “acabou de nascer e eu vou desistir agora que ele não consegue sobreviver?”, se tem 2 anos: “ele já é capaz de sentir o impacto da separação, não será terrível?”, se tiver 5: “ele já sabe entender essas coisas, vai ficar muito triste com a separação”, se tiver 10: “nossa, está para entrar numa fase delicada, uma separação seria desastroso”, com 15 “na adolescência é bem complicado, ele está terrível, não vou conseguir sozinha”, com 25 anos: “sei que muitos dos problemas dele tem ligação com meu casamento desastroso, se me separar agora ele desencaminha de vez”, com 40 anos “blábláblá”
Se o problema for financeiro vai dizer: “é impossível separar agora que estamos tão ruins de dinheiro”, mas se tiverem de mais dirá “com tantos bens será uma guerra essa história, não sei se estou preparada.
Se é muito boazinha: “ele vai sofrer”, se for mais egoísta dirá: “não vou suportar”.

Note que você tentou sair por todos os lados, mas não admitiu duas coisas simples, você não está feliz e responsabilizou circunstâncias externas para não se separar, menos você.
No quesito responsabilidade eu sinto dizer, nenhum cenário é ideal para se separar, portanto, não espero o dia florido, a compreensão de familiares e filhos, a melhora financeira ou a passagem do cometa Halley.
Os filhos muito pequenos costumam não ter memória desse tipo de situação e tem um nível de adaptabilidade maior. Os filhos entre 5 e 10 irão resmungar como resmungam de qualquer mudança. Os adolescentes irão responsabilizar a desgraça deles à separação, mas fariam isso se você tivesse ganhado na loteria. O que quero evidenciar é que se alguém quiser culpar você irá aproveitar o fato de que já está culpada para atirar a primeira pedra.
A separação em si não é o grande problema, mas como você irá fazer essa transição. Se você é imatura provavelmente sua separação será tão escandalosa e problemática quanto foi seu relacionamento. Se ele for imaturo dependerá de sua maturidade driblar os mimos dele.
As pessoas que já vi se separarem com tranquilidade foram aquelas que abriram mão de sair por cima da situação. No meio da guerra o que importa quem vai ficar com o capacete ou com a medalha de honra? Diante da dor você pode se apegar a raiva para proteger a sua tristeza e ficar acusando a outra pessoa por todas as desgraças da sua vida, mas isso não muda absolutamente nada. Só será uma separação doentia em que alguém, se não ambos, querem ficar com a razão. 
Ele(a) te traiu? Pense com calma, isso já foi doloroso demais quando descobriu, o que importa saber se ele se arrependeu ou retratou? Isso muda alguma coisa? É por isso que quer ficar nessa barca furada por anos? Para provar que você está certa?
Tem um mundo à sua espera e a única coisa que é capaz de fazer é atirar pedras no passado?
Acho isso meio deprimente, não acha?
Não acuse, enfie o rabo no meio das pernas (mesmo que a culpa não for sua) e saia. A única coisa que importa é você sair, se ele acha que é o campeão ou não pouco importa, não precisa se rastejar mais ainda.
Quanto à infelicidade que sente isso pode ter duas hipóteses, o convívio com essa pessoa evidenciou (com sua colaboração) o seu pior lado ou você já era uma infeliz crônica que arranjou um co-autor para responsabilizar por autoria completa e seguir na sua estrada infeliz.
Se o relacionamento evidenciou sua pior fraqueza você foi conivente e daqui pra frente é momento de recolher os caquinhos do chão e reavaliar sua vida. Sua tendência natural será se agarrar num outro relacionamento achando que um amor se cura com o outro, posso garantir, isso é furada. Se o demônio é seu, qualquer novo relacionamento evocará o mal-estar, mesmo quando a nova pessoa tem atributos distintos.
Agora o problema mais sério é se você for uma pessoa que é incapaz de sentir o livre fluxo de abertura e vida que chamamos felicidade. Provavelmente já deve ter entrado no relacionamento esperando que ele fizesse seus dias melhores e sua vida mais cheia de brilho. Ele não pode fazer isso por você, nem o dinheiro, nem a beleza, nem o sucesso, a fama ou a religião. Se você não tiver coragem de ser feliz nem Deus e nem o diabo podem te ajudar. A felicidade e a ousadia que ela exige como pré-requisito é responsabilidade sua, só sua, ninguém pode sentir satisfação por respirar no seu lugar.
Talvez seu relacionamento tenha naufragado porque você esperou dele o que era sua parte. Esperou amor quando o movimento era seu de oferecer desprendidamente. Amar esperando o troco é fácil e prato cheio para mágoas e cobranças. O infeliz dá com a expectativa secreta de ter retribuição garantida.
Aposto, que você deve ter tentado muita coisa até agora, só não tentou ser feliz de verdade.
Portanto, ante de tomar essa decisão eu recomendo 30 dias de trégua. Seja feliz por 30 dias, sem avisar ninguém ou esperar recompensas, busque com ou sem ele estar bem mesmo que tudo esteja desmoronando. Dê uma de louca, mude a música de fundo, deixe a marcha fúnebre para daqui 1 mês. 
Antes de tentar ser feliz qualquer coisa que tenha feito até agora pode ter sido resultado de mais um surto de “a culpa é toda sua por me fazer infeliz”.
Se for sair da relação que pelo menos saia feliz.
Ps: se os sintomas persistirem procurem ajuda profissional. rsrs



Captura de Tela 2013-09-13 às 17.34.09* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor do livro “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. 

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