terça-feira, 16 de junho de 2015

Um guia para compreender a cabeça do Homem

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Um guia para compreender essa terra estrangeira. Como funciona o radar infalível para detectar um rabo de saia à distância, mas incapaz de localizar o leite na geladeira? E por que eles não telefonam no dia seguinte? Esses e outros enigmas finalmente desvendados
Prepare-se para entrar em território desconhecido: a cabeça masculina. O que faz com que um homem se comporte e reaja de forma inexplicável para uma mulher? Na verdade, explicações existem e vão do funcionamento cerebral ao condicionamento sociocultural. Mas a ciência não tem resposta para tudo. Ainda bem. O mistério é fundamental no jogo de sedução. Segundo a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, o interesse sexual que a maioria dos homens tem pelas mulheres determina seus desejos e objetivos e também o comportamento para alcançá-los. A questão é que, na hora da conquista e mesmo no cotidiano, ele agirá como um legítimo representante do gênero - o que nem sempre corresponde às expectativas das mulheres e pode até parecer uma incógnita para elas. Confira as explicações para alguns enigmas.


Visão seletiva
Não reparam no nosso vestido, mas notam as bonitonas
É isso mesmo. Ele pode não perceber que você cortou o cabelo, mas está predisposto a notar uma fêmea atraente - seja você ou qualquer outra do pedaço. Isso acontece porque o homem enxerga na mulher os signos relacionados à atração sexual. E isso não inclui detalhes, segundo Ailton Amélio da Silva, professor de psicologia da USP e autor de Relacionamento Amoroso - Como Encontrar Sua Metade Ideal e Cuidar Dela (Publifolha). "Estudos mostram que os fatores mais importantes para o homem são: índice de massa corporal - a relação entre peso e altura -, proporção entre cintura e quadris e atributos de juventude, como tônus muscular e viço da pele. Eles sinalizam saúde, capacidade reprodutiva e marcam a diferença entre homens e mulheres", diz o especialista.

Do ponto de vista neurológico, o que se sabe é que a percepção visual dos meninos se desenvolve primeiro no hemisfério direito - que se ocupa sobretudo do objeto como um todo, de sua disposição espacial. "Motivo pelo qual o homem vê mais o jeitão da coisa", resume o neurologista Mauro Muszkat, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Já nas meninas, desenvolve-se primeiro o hemisfério esquerdo - responsável pela decodificação das partes e dos detalhes.
Mas, supondo que o seu homem comece a se interessar pelo jeitão de outra mulher, ele pode muito bem disfarçar e conter seus ímpetos. Afinal, o cérebro masculino não é feito apenas de estruturas relacionadas à excitação sexual. "Ele também está equipado com as estruturas do córtex pré-frontal, que permitem a autopercepção e o controle do próprio comportamento", completa Suzana Herculano-Houzel.
Memória específica
Eles  se esquecem das datas mais importantes

Como a capacidade de o cérebro humano armazenar informações e resgatá-las não é ilimitada, todo mundo tem que escolher o que quer lembrar - seja de cabeça, seja por outros meios. É simples assim: se a pessoa delega a um funcionário - ou ao alarme do celular - a tarefa de lembrá-la de um compromisso, não se preocupará mais em recordar-se dele, por mais importante que seja. Alguém ou algo o fará por ela.
Como na nossa cultura lembrar datas de relevância amorosa ou familiar cabe normalmente às mulheres, o homem vai deixar isso de lado - mesmo que considere significativo - e ocupar o espaço da memória com outras informações. "Se ele nunca se lembra e a mulher se ressente, ela precisa remarcar que considera importante", diz a psicanalista Cida Lessa, especialista em sexualidade. Ela alerta que nem todos os homens sofrem desse tipo de amnésia. "O que interessa é prestar atenção quando aquele homem que sempre se lembra dessas datas de repente passa a se esquecer delas. Isso, sim, sinaliza potenciais problemas na relação."
O dia seguinte  
Depois de uma noite de sexo, eles não telefonam
Eis um enigma complexo. De um lado, Cida Lessa lembra que, para o homem, o sexo não está tão ligado ao afeto quanto para a mulher. Mas como eles conseguem separar tão bem uma coisa da outra? Para o psicólogo Ailton Amélio da Silva, há uma explicação biológica, relacionada ao instinto de sobrevivência. "Para o homem, é interessante transar com o maior número de mulheres possível. Ele perde pouco - apenas alguns dos seus milhões de espermatozoides - e aumenta as chances de procriar. Para a mulher, a fecundação é mais custosa: ela só ovula uma vez por mês, o estoquede óvulos é bem menor do que o de espermatozoides, a gestação dura nove meses e é preciso proteger a cria. Por isso, ela quer um parceiro capaz de se comprometer", explica Amélio.
Sabemos que o homem tem condições de se apaixonar, sentir culpa por magoar etc. Mas, quando há excitação sexual, esses mecanismos não entram em jogo para a consumação do ato. "Às vezes, nem ele percebe que a motivação é só sexual e acaba transmitindo sinais que são entendidos pela mulher como os de envolvimento afetivo", diz o psicólogo. "Também pode ocorrer de ele enviar esses sinais de propósito, apenas para conseguir levar a mulher para a cama." Essa sinalização confusa pode fazer a mulher esperar "algo a mais" de um parceiro que só queria uma noite de sexo.
Fera solta
Eles podem se transfigurar ao ver uma partida de futebol
É verdade que gostar de futebol (ou de boxe, automobilismo etc.) não é exclusividade deles. Existem torcedoras fanáticas. Mas perder a compostura e se envolver totalmente até as últimas consequências com uma partida é, sim, coisa de homem. E uma das explicações é o hormônio sexual testosterona. "Ele deixa o cérebro mais agressivo e faz com que o homem dê preferência às respostas mais violentas, não necessariamente físicas", diz Suzana Herculano-Houzel.
Há também a teoria da identificação. Quando assiste a um esporte violento, o homem identifica valores ou estereótipos de masculinidade. "Ao torcer por um time, é como se ele também estivesse participando da competição", afirma Cida Lessa. Isso acaba reforçando a sensação de pertencer ao grupo dos machos.
Meio desligados
O leite está na cara e eles dizem: "Não tem leite?"
"Impressionante! É assim mesmo", diz Suzana Herculano-Houzel. A neurocientista não sabe, porém, decifrar o enigma.  "Não tenho a menor ideia de por que isso acontece", confessa. Segundo Cida Lessa, a explicação pode estar no modo como os meninos são criados - boa parte foi acostumada a ter a mãe ou alguém do sexo feminino cuidando de tudo para eles.
Para esse tipo de homem, o leite não está na cara, mas é óbvio que sua mulher sabe onde encontrá-lo. Tente essa simples estratégia: ele mesmo deverá guardar tudo o que quiser ter à mão. Os estudiosos garantem que o cérebro de qualquer pessoa saudável está preparado para localizar aquilo que ela própria guardou (explique que é científico e ele talvez tope guardar o leite para participar desse inovador experimento).
Sempre avante
Podem errar o trajeto. Mas jamais perguntam o caminho
Um homem pode se perder, mas não se detém para perguntar o caminho. Uma hipótese para esse comportamento - irracional, do ponto de vista feminino - é que o homem foi treinado para estar no comando, ser aquele  que conduz, não o que é conduzido. Mas há também uma crença, bastante difundida, de que, no quesito localização espacial, ele tem funções cerebrais mais desenvolvidas.
"Muita gente diz isso, mas não é verdade", afirma a neurocientista Suzana Herculano-Houzel. O que existe, segundo ela, é uma estratégia de navegação espacial diferente. "Os homens tendem a usar coordenadas mais absolutas para se localizar e se locomover: distâncias, direções, pontos cardeais. As mulheres usam mais marcos geográficos físicos: a casa branca, a loja de sapatos etc." Aí talvez esteja a solução do enigma: o homem não pede informações sobre o trajeto porque sabe que ninguém lhe dará a resposta que ele deseja, algo como: "Ande 4 quilômetros a noroeste e vire à esquerda". Já a mulher não vê problema se alguém lhe diz: "Está vendo aquela escola azul? Não é ali. Volte até a praça da igreja, vire na rua da lotérica..." 
            No entanto, a popularização do GPS tende a eliminar o fenômeno, com informações disponíveis a bordo.
Sem noção
Eles perdem o sentido do tempo quando estão no bar
As mulheres acham esse fenômeno inexplicável. Em contrapartida, eles podem alegar que não entendem como nós passamos horas dentro do shopping sem perceber. Para além dos estereótipos, resta saber que a noção de tempo é uma construção do cérebro humano. O recurso que permite medi-lo pode ser acionado ou não. E qualquer pessoa, quando está entretida em algo que lhe dê prazer, não o aciona", ensina Suzana Herculano-Houzel. Por isso, é tão comum a gente ter a impressão de que as férias passaram rápido.
A psicóloga e psicanalista Cida Lessa observa que se divertir a noite toda com os amigos no bar e esquecer o relógio é também uma forma de o homem exercer sua liberdade e individualidade e de se desligar das pressões do cotidiano, incluindo as que existem no relacionamento de casal. Enfim, é emocionalmente saudável e até necessário. Mas custa avisar?

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