quinta-feira, 29 de março de 2012

Brincadeiras de gosto duvidoso. Será que alguém gosta mesmo delas?

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Algumas são infalíveis. O garçom deixa cair a bandeja cheia de louças e copos e alguém grita: caiu um lenço! Outra eterna: é pavê ou é pra comer? As piadas de gosto duvidoso parecem não ter prazo de validade. Ninguém ri e, ainda assim, sempre são repetidas. Entre homens é muito comum que amigos se cumprimentem com alguma ofensa: “Como vai sua besta, comendo muita grama?” Ao que o amigo responderá com alguma pérola do gênero: “Só se grama for o nome da sua mãe”.  Eu prefiro dizer: “E aí tudo bem? Quanto tempo!” Dependendo do caso posso até dizer que estou com saudade. Aos olhos destes, sou chato. Ser ofensivo é que é divertido. Afeto expresso sem máscaras, entre homens, é tido como suspeito.

Lembro-me de ler, em algum lugar, que a cena do dono chegando em casa e sendo recepcionado pelo cachorro com rosnados e latidos, “fazendo de conta” que era uma briga, seria o símbolo máximo da cumplicidade. O cachorro rosna para o dono e ameaça lhe morder de brincadeira, o dono lhe dá uns tabefes, também de brincadeira, e os dois se abraçam ao final, cientes o tempo todo de que há um afeto sólido e de que a brincadeira de briga jamais será entendida com uma de fato. Como ninguém combinou isto com o cachorro, está clara para os dois a expressão do amor incondicional. Cães brincam de brigar com seus irmãos. É uma linguagem, portanto. Será que para os racionais também é?

Quando fazer-se de desagradável é sua forma de ser notado, algo vai mal. A brincadeira ofensiva, estúpida, desagradável não evidencia afeto nenhum. Duvido até que a brincadeira estúpida seja de fato brincadeira. Pra mim é só a inegável e pura estupidez. O amigo que faz a piada ofensiva, grosseira, não percebe o laço da amizade afrouxando-se silenciosa e irremediavelmente. Lembro-me de um caso em que um amigo, querendo levar o aniversariante par uma festa surpresa, notificou-o de que a mãe deste havia morrido em um acidente grave e que precisavam passar na casa dela para pegar documentos antes de ir ao IML. Aos prantos o amigo chegou na casa da mãe para a pior festa de sua vida. Junto ao pior amigo. Foi embora na hora, claro. Eu também iria.

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