sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Como os homens encaram uma mãe solteira e um filho capeta?

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- … aí, depois de fritar o besouro e botar no pão da avó, você não imagina o que ele fez…
- …
- … ele tacou fogo na casa!
- …
- Um capetinha! Mas foi só um pouquinho de fogo…
- …
Meninas, o sujeito do travessão e dos três pontos, esse sujeito todo silêncio, esse sujeito é meu amigo Marcos.
O capetinha, o menino fritou o besouro, botou no pão e deu pra avó, o menino que botou fogo na casa, esse menino é filho dessa moça aí de cima, a que contou tudo isso para uma plateia no bar toda risadas.
Eu vi, eu escutei tudo e, diante dessa narrativa cheia de traquinagem e calor, só consegui notar uma gotinha salgada de suor escorrendo ali na têmpora do Marcos.
O Marcos, meninas, namora uma mãe solteira.
E o Marcos, meninas, depois de começar a namorar uma mãe solteira, tem suado bicas.


CEM METROS RASOS



Sei que o tema desperta os mais ferozes instintos. Prevejo unhadas. Na última vez em que tratei de maternidade leitoras cuspiram fogo: contra mim, contra elas, contra tudo. Mas hoje, não. Hoje eu vou fazer algo de diferente. Hoje eu vou falar das crianças! Hoje é dia de bomba nuclear. De unhadas com veneno. Hoje, garotas, é dia de falar sobre como um homem vê essa figura simpática da mãe solteira e o grande motivo de ele, em geral, correr feito um jaguar da mãe solteira: o filho problema.
O Marcos, por exemplo. O Marcos é um grande sujeito. Desses que valem um belisco de realidade. O Marcos é um sonho. E eu digo isso com barba de três dias por fazer. Digo isso do alto da mais grossa masculinidade. Digo isso porque é um fato: o Marcos é tudo de bom. Ganha bem. É careca, tá certo, mas não dá pra ter tudo… O ponto é que o resto que sobra no Marcos dá e sobra pra fazer uma mulher feliz. Gente fina, inteligente, advogado, joga bola, mas só uma vez por semana. Tem amigas, tem amigos, casa na praia, gosta de dançar e, me parece, sabe ouvir queixas femininas (sempre namorou).
Acontece que o Marcos conheceu essa garota, A Mãe.
A Mãe tem um filho. Acho que o moleque tem uns 5, 6 anos. Uma flor de capetice. Desses que enforcam girassóis, pisam no rabo do gato, chutam canelas. O Marcos levou tempo pra conhecer o petiz. O Marcos era todo paixão pelA Mãe. Dizia que o sexo era um foguete, que os jantares eram divertidos, cinema, bar, três primeiras semanas de alegria plena.
Mas então, surgiu a convivência.
E surgiu o pequeno demônio.

SURGE O PEQUENO DEMÔNIO

Meninas, vocês conhecem a peça. O garoto sem freio. O guri terrorzinho. Uma vez eu falei da mulher-cazuza. Hoje é dia de falar do próprio, do cazuzinha.
Homens em geral guardam uma profunda desconfiança em relação a mães solteiras por conta da chance de esbarrar com um pequeno imperador. Tudo bem, existem outros motivos. É complicado lidar com a agenda de uma criança, com a convivência obrigatória com um ex, com a necessidade de conquistar o pequeno. Mas um dos grandes pregos na mão do rapaz que vai se meter com a mãe solteira é o moleque peralta. Eles são a armadilha suprema. A gente só percebe que tirou na loteria um afilhadinho-desastre quando o relacionamento já engrenou. Aí, tarde demais.
O triste é que um moleque assim é mais comum do que vocês pensam. E o tristíssimo mesmo é ver que a mãe do capeta é quase sempre uma refém do capeta. Ela endeusa o cazuzinha. Ela protege o cazuzinha. Ele aplaude o cazuzinha.
APLAUDINDO O CAZUZINHA
Meu amigo Marcos tá quase pedindo água. Quer desistir. Mas antes de ir, ele gostaria de passar um corretivo na criança e nA Mãe. Um dia desses, ele tentou chamar A Mãe às falas. Contar que o menino tava abusando. A reação de A Mãe? Gritos e intolerância. Achou “um absurdo”. Achou “bizarro”. Achou “um exagero”. Acho que o Marcos “não tinha nada com isso”.
Pedi, então, ao Marcos uma breve entrevista pra publicar aqui. Ele me deu um depoimento, um desabafo. Este:
“João, não sou intolerante. Acho que a mulher solteira com um filho pode ser uma benção. Em geral, é. Até pra gente. Gosto de criança. E é uma maravilha você conquistar um menino, ele te vê como um amigo, a gente pode se divertir. A gente deveria se divertir. Mas quando a moleque é uma peste e, ok. É da vida. O ruim é quando a mãe da peste aplaude a peste. Quando a mãe da peste, acho tudo que a peste faz, tudo o que a peste toca, ouro. Aí, João, aí é dose. Porque vai tentar dizer isso pra ela… Elas dão uma bronquinha ou outra no menino. E só. O garoto mete um besouro frito no sanduiche da avó, e a mãe só diz: ‘Não, não, não… Não pode, Quinzinho’. E depois ri. Conta pra todo mundo no bar e quer ouvir risada e apoio.
“Eu gostaria de dizer pras suas leitoras que não façam isso. É ridículo. Criança apronta mesmo, normal. Mas tem um limite. E tem mais: chega dessa barreira de vidro. Mãe que não deixa a gente criticar, opinar, que fique sozinha. Porque criança mal educada, não dá. Peço só uma coisa: leitoras do blog, prestem atenção nas crianças. Não apoiem as crianças. Eduquem as crianças. Não aplaudam besouro no sanduba. Uma capetice ou outra, ok. Moleque que chuta canela, grita, chora por tudo, não. E entendam: ao namorar um cara, ele passa a ter direitos. Passa a ter direito ao respeito. Não sejam reféns de um moleque-chorão. Homens morrem de medo disso”.
E aí? O Marcos exagerou?


Quem escreve é: 

J. Antônio

Meu nome é J. Antônio e sou um amador. Jogador de futebol amador, jornalista amador e poeta amador. Frequento duas academias: a de Letras e a do bairro. Na última, convivo e suo ao lado de halteres e halterofilistas amadores. E ao lado de meninas, que brincam de fuzilar gordurinhas, todas lindinhas, molhadas e com calça fusô (minha leitora: é 'fusô' ou 'fuseau' o nome da calça? Eu tenho essa dúvida). Mas dizia que sou poeta e malhador. Aos fins de semana, gosto de correr e comer. Sou bruto e macho, mas sensível. Choro escondido – e ó, se um amigo me perguntar, eu nego. Eu nego! Mas sim. Quando a coisa aperta, quando a vergonha afrouxa, ou quando uma de vocês, mulheres, me machuca, eu choro. É assim desde que nasci. Há 30 anos.

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